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terça-feira, 7 de setembro de 2021

Greystoke: A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes, 1984)

Greystoke: A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes, 1984) . Dir: Hugh Hudson. HBO Max. Fuçando entre os filmes "antigos" da HBO Max, encontrei este, que acho que assisti há muito tempo em VHS ou na TV; mas foi como ver pela primeira vez. Ele fez relativo sucesso na época do lançamento e trouxe ao mundo Christopher Lambert e Andie McDowell, em seus primeiros papéis.

É um filme que envelheceu mal. O roteiro original foi escrito por Robert Towne (de "Chinatown"), mas era longo e não terminado. O projeto foi passado a Hugh Hudson (de "Carruagens de Fogo") que terminou o roteiro com Michael Austin. Visto hoje, os gorilas são claramente pessoas vestindo fantasias, mesmo tendo sido feitas pelo mestre Rick Baker. A visão da África e dos habitantes locais também se tornou bem arcaica. Christopher Lambert (que disputou o papel com Viggo Mortensen, vejam só) está bem como o "rei da selva", mas sua imitação de macaco acaba se tornando mais engraçada do que realista. Andie McDowell era uma modelo e sua voz teve que ser dublada por Glenn Close, por causa do sotaque sulista. O grande Ian Holm interpreta um explorador belga que é salvo de um ataque de pigmeus por Tarzan (que nunca é chamado por esse nome, aliás).

A parte passada na África é a mais interessante. As filmagens foram feitas em Camarões, mas várias cenas da floresta foram recriadas em estúdios na Inglaterra. Lambert não fala (ao menos em inglês) até a segunda parte do filme, passada na Europa, para onde Tarzan é levado. Há algumas observações interessantes sobre o contraste entre a sociedade civilizada versus a natureza selvagem mas, como disse, o filme envelheceu mal e tudo é carregado demais. A boa fotografia foi feita por John Alcott (que trabalhou com Kubrick) e a edição é da veterana Anne V. Coats (Lawrence da Arábia, O Homem Elefante e... 50 Tons de Cinza?). Vale pela curiosidade. Disponível na HBO Max.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Guardiões da Galáxia

Como é, outro filme da Marvel? Sim, outro filme da Marvel. Aceite e divirta-se, ou seja banido dos cinemas pelos próximos anos, aparentemente, pois o gigante dos quadrinhos se transformou em uma máquina de fazer filmes e muito, muito dinheiro.

Sim, este é o filme do guaxinim disparando uma metralhadora, da mulher verde, da árvore falante que parece ter fugido do set de "O Senhor dos Anéis", do grandão que parece o "Coisa" sem as pedras no corpo e do terráqueo espertinho. É tudo aquilo que você estava esperando; é barulhento, colorido, tem um 3D dispensável e quase tanta gente na equipe de efeitos especiais quanto o número de heróis criado por Stan Lee. Está sendo chamado de o filme mais "arriscado" da Marvel, o que é discutível. É fato que nerd que é nerd leva o universo dos super-heróis muito a sério e pode achar que o estúdio que lançou três "Homem de Ferro", dois "Thor", "Os Vingadores", dois "Capitão América", entre outros, estaria indo longe demais com o tal guaxinim falante. Afinal, não são filmes para crianças pequenas, mas para garotões que não têm vergonha de ter um boneco de Tony Stark na prateleira. (leia mais abaixo)


Assim, "Guardiões da Galáxia" é, talvez, o filme que mais apele para os jovens adultos (e adultos não tão jovens assim) da platéia, explorando um lado vintage bastante forte, principalmente no personagem de Peter Quill (Chris Pratt). Ele vaga pela galáxia sempre acompanhado de um walkman com músicas pop do século XX, faz várias citações ao século passado e Pratt parece estar emulando Han Solo, da saga Star Wars, o tempo todo. Ele é um contrabandista da Terra que foi abduzido ainda garoto no final dos anos 1980, justo no dia em que a mãe morreu. Já crescido, seus problemas começam quando ele encontra, em um planeta, uma esfera metálica chamada de Orbe. A tal esfera é cobiçada por várias pessoas (ou raças), principalmente por Ronan (Lee Pace), um vilão da raça Kree que quer usar a Orbe para destruir o planeta Xandar. Ele envia Gamora (Zoey Saldana, de "Star Trek") para recuperar a esfera, mas ela tem planos próprios. Atrás de Quill também estão dois caçadores de recompensas, o guaxinim Rocket (voz de Bradley Cooper, de "O Lugar onde tudo termina") e Groot (uma árvore andante com voz de Vin Diesel). Completa o time de criminosos Drax (Dave Bautista), que quer usar Gamora para se vingar de Ronan. Se você já se perdeu em meio a tantos nomes estranhos, não é o único.

Como de praxe em filmes da Marvel, há vários atores famosos em papéis coadjuvantes, como Glen Close, John C. Reilly e Benicio Del Toro. "Guardiões da Galáxia" é dirigido por James Gunn, com roteiro de Gunn e Nicole Perlman. Apesar do humor também ser presente nos outros filmes do estúdio, neste é visível o esforço em fazê-lo ainda mais nonsense, com toques que me lembraram um pouco a série de livros de Douglas Adams, "O Guia dos Mochileiros das Galáxias". A censura livre impediu que se fizessem cenas um pouco mais ousadas (inclusive algumas de Zoe Saldana que estão nos trailers mas não no corte final). O vilão Ronan é muito genérico e desinteressante, ainda mais porque há um outro vilão mais poderoso escondido nos bastidores (Thanos, interpretado por Josh Brolin). Provavelmente ele voltará nos próximos filmes. "Guardiões da Galáxia" entrega o que promete e tem seu charme, embora não seja exatamente memorável. A certeza de sucesso é tão grande que um letreiro ao final já avisa que os guardiões voltarão em breve.

Câmera Escura

domingo, 5 de outubro de 2008

Ao Entardecer

Há um diálogo em "Ao Entardecer" que praticamente resume todo o filme. Já em idade avançada, Lila Ross (Meryl Streep) e Ann Grant (Vanessa Redgrave) estão conversando sobre suas vidas, e Lila diz que teve bons e maus momentos. "Eu não esperava tanto da vida como você", diz ela. "Ah, eu esperava muito!", responde Redgrave. "Ao Entardecer" é daqueles dramas sensíveis que tratam da vida sob a perspectiva de alguém que a está deixando. Ann Grant está à beira da morte, permanentemente na cama e sob os cuidados de uma enfermeira. Suas filhas Nina (Toni Collette) e Constance (Natasha Richardson) sabem que o final está próximo, e fazem o que podem para mantê-la tranquila. Só que Ann começa a falar sobre pessoas de quem elas nunca ouviram falar antes, sobre um tal "Harris" e sobre "Buddy", que ela teria "matado". A enfermeira e Constance atribuem as falas aos remédios e a delírios, mas Nina está determinada em descobrir quem são aquelas pessoas. Em flashbacks, acompanhamos então a história de Ann quando era uma jovem alegre e independente (interpretada por Claire Danes), que é escolhida para ser a dama de honra de Lila (Mamie Gummer). O casamento vai acontecer em uma bela mansão à beira do mar, propriedade da família Wittenborn, encabeçada por Glenn Close (sim, o elenco feminino deste filme é impressionante).


A família Wittenborn é descrita por Buddy (Hugh Dancy), o filho rebelde e melhor amigo de Ann, como desinteressante até para um vampiro. "Não há sangue o suficiente neles", descreve ele. Buddy é um rapaz sempre alegre (e com um copo de bebida na mão) que quer ser escritor, mas todas suas grandes idéias vêm de livros que já foram escritos. Ele diz a Ann que eles devem convencer Lila a não ir em frente com o casamento, pois ela claramente não está apaixonada pelo futuro marido, Carl (tão desinteressante que passa praticamente o filme todo mudo). Ela estaria interessada em Harris (Patrick Wilson), filho de uma antiga criada da casa e amigo da família. Harris, na verdade, é o ponto chave do filme. Sério, sensato e formado em medicina, o rapaz atrai a atenção tanto das garotas quanto do próprio Buddy, que sobre uma paixão enrustida por ele.


A dinâmica entre Ann, Buddy e Harris me lembrou um pouco do livro de Evelyn Waugh, "Memórias de Brideshead" (transformado em uma espetacular minissérie britânica da Granada Television, nos anos 1980). Em "Brideshead" também havia um rapaz sério (Charles Ryder, interpretado por Jeremy Irons), uma moça independente (Julia Flyte, interpretada por Diana Quick), e o irmão homossexual e alcóolatra (Sebastian Flyte, interpretado por Anthony Andrews). "Ao Entardecer", baseado no livro de Susan Minot, explora estes dias entre a véspera e o dia seguinte ao casamento de Lila. Ao mesmo tempo, intercala cenas do presente, com a relação complicada entre as filhas de Ann. Toni Collette está muito bem como uma mulher confusa e com medo de se comprometer com qualquer carreira ou namorado. Ela está grávida do namorado atual mas ainda não sabe se vai em frente com a gravidez ou com o relacionamento. A direção é do húngaro Lajos Koltai, um competente diretor de fotografia que já havia fotografado filmes como "Adorável Júlia" e "O Clube do Imperador".


"Ao Entardecer" é sim um filme mais voltado ao público feminino mas, ao contrário de vários exemplos do gênero, não tenta alienar o público masculino e trata os personagens com respeito e sensibilidade.