sexta-feira, 29 de julho de 2011

Capitão América: O primeiro vingador

O mais novo exemplar dos filmes da Marvel, "Capitão América: O Primeiro Vingador" é um dos mais divertidos, nostálgicos e bem feitos da série. A direção é de Joe Johnston, veterano que começou no cinema fazendo maquetes e efeitos especiais para George Lucas em uma "pequena" ficção científica chamada "Guerra nas Estrelas" (1977). Sua experiência com efeitos o levou a dirigir filmes como "Querida, Encolhi as Crianças" (1989) e "Jumanji" (1995), mas seu filme de 1991, "Rocketeer", com seu ar nostálgico e citações aos nazistas e à II Guerra Mundial, é o que mais lembra "Capitão América".

Steve Rogers (Chris Evans) é um garoto baixo e magro que quer entrar para o exército americano em 1943, na II Guerra Mundial. Ele tem uma integridade inabalável mas já foi rejeitado por cinco centros de recrutamento devido à baixa estatura e várias doenças. É extraordinário, do ponto de vista dos efeitos especiais, que o Steve Rogers magricelo seja interpretado pelo mesmo Chris Evans que, mais tarde, será o alto e musculoso Capitão América. Ele é escolhido por um cientista do exército, Dr. Erskine (um ótimo Stanley Tucci) para participar de uma experiência arriscada: um soro que transformaria Rogers de um rapaz fraco em um super-homem. O Dr. Erskine é um alemão que já havia aplicado esta experiência em um oficial nazista chamado Johan Schmidt (Hugo Weaving, da série "Matrix" e "O Senhor dos Anéis"), quando o soro ainda não estava plenamente desenvolvido. Schmidt é daqueles vilões nazistas tipicamente malucos e megalomaníacos, lembrando muito os da série Indiana Jones (que, por sua vez, foram baseados em histórias em quadrinhos, então o ciclo está completo). O soro, ao invés de transformar Schidt em um herói, o transformou em um monstro que, como todo bom vilão, quer dominar o mundo.

A II Guerra Mundial é às vezes chamada de a última guerra "justa", por ter colocado frente a frente o "bem" (os aliados) contra um "mal" bastante definido, os nazistas do "Eixo". É uma forma simplista de ver o conflito, mas é possível fazer uma fantasia como a do Capitão América, com sua integridade e bondade, contra a organização Hydra, comandada por Schmidt, sem lidar com os problemas ideológicos das guerras do Vietnã ou do Iraque, por exemplo. A época também foi pintada com tons heróicos pela própria Hollywood, que acostumou as platéias a ver os soldados americanos como os defensores da liberdade e libertadores da Europa (o que é questionável, os britânicos e os russoos sofreram muito mais com o conflito). O roteiro de Christopher Marcus e Stephen McFeely levam isso tudo em consideração e o filme de Johnston tem um ar extremamente nostálgico. Quando Rogers passa pelo experimento do Dr. Erskine e se transforma no Capitão América, ao invés de ir lutar nos campos de batalha ele é convocado a fazer uma série de apresentações de propaganda para vender bônus de guerra. A trilha do veterano Alan Silvestri (da trilhogia "De Volta para o Futuro") lembra os sucessos de jazz e big band da época e a direção de fotografia de Shelly Johnson tenta emular a cor dos filmes da II Guerra e dos quadrinhos.

O filme também faz uma ligação interessante com os outros da série ao apresentar o inventor milionário Howard Stark (Dominic Cooper), pai do personagem Tony Stark, já visto pelas platéias como o Homem de Ferro. Stark é obviamente baseado em Howard Hughes, representado no cinema por Leonardo DiCaprio em "O Aviador", filme de Martin Scorsese. O final de "Capitão América" deixa aberto o caminho para o aguardado filme de "Os Vingadores", quando vão se juntar os personagens vistos nos filmes "Homem de Ferro", "Homem de Ferro II" e "Thor". Como entretenimento, "Capitão América: O Primeiro Vingador" é diversão garantida.


Nenhum comentário: