Mostrando postagens com marcador abuso infantil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador abuso infantil. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Erased (Boku dake ga inai machi, 2016)

Erased (Boku dake ga inai machi, 2016). Dir: Tomohiko Itō. Netflix. Gostei muito desta série de suspense disponível na Netflix. Nunca deixo de me surpreender com a  capacidade dos japoneses em criar material sério e adulto através da animação, e "Erased" é um dos melhores exemplos. São doze capítulos (por volta de 20 minutos cada) contando a história de Satoru, um desenhista de 29 anos que tem um "poder": em momentos aleatórios, ele é capaz de voltar alguns minutos no tempo e salvar alguém de algum perigo, como um garoto que ia ser atropelado por um caminhão, por exemplo.

Quando a mãe de Satoru é brutalmente assassinada, o rapaz acaba sendo jogado 18 anos no passado, quando era um garoto na gelada província de Hokkaido, norte do Japão. Por que ele voltou tanto no tempo? O que ele pode fazer para impedir a morte da mãe, 18 anos no futuro? A trama, baseada em um mangá escrito por Kei Sanbe, envolve um serial killer, abuso infantil e outros assuntos pesados. O diretor trabalhou em outro anime pesado japonês, o ótimo "Death Note", e ele consegue aqui um equilíbrio delicado entre assuntos pesados e ótimas sequências de companheirismo, amizade e a relação entre pais e filhos. Satoru é um homem de 29 anos no corpo de um menino de 11 mas, depois de uns dias ele não consegue evitar agir e reagir como uma criança. Ainda assim, ele tenta de tudo para evitar o sequestro e assassinato de companheiros da escola, como a garota Kayo Hinazuki, que é constantemente agredida pela mãe. A trama então lida com aquele velho dilema das histórias que envolvem viagens no tempo: é possível mudar o futuro? Ou as coisas se repetem não importa o que você faça?

Há algumas idas e vindas entre presente e passado, mas certamente os melhores episódios são os que tratam da infância de Satoru. A animação é tecnicamente bem feita, com um bom jogo de luzes e sombras nos momentos de suspense. Dando uma lida pela internet soube que há também um filme e uma série com atores (disponível na Netflix) baseada no mesmo mangá, e que esta série animada teria modificado a trama original. Recomendo. Tá na Netflix.

sábado, 25 de março de 2017

Fragmentado (2017)

Lembra quando a notícia de que um novo filme de M. Night Shyamalan estava nos cinemas provocava ansiedade e entusiasmo? Pois é, houve um tempo em que as produções do indo-americano eram aguardadas e reverenciadas. Filmes como "O Sexto Sentido", "Corpo Fechado", "Sinais", "A Vila", etc. Aí vieram desastres como "A Dama da Água" ou "Fim dos Tempos" e o ex-garoto prodígio teve que fazer trabalhos por encomenda como "O Último Mestre do Ar" e "Depois da Terra". Recentemente ele foi razoavelmente bem sucedido com "A Visita" e ele retorna agora aos filmes de suspense com "Fragmentado".

"Fragmentado" segue a cartilha de Alfred Hitchcock que gostava de fazer histórias em torno de problemas mentais (ou mesmo sobrenaturais) como "Psicose", "Marnie", "Quando fala o coração" ou "Um Corpo que Cai". James McAvoy é um rapaz chamado Dennis; mas também é Kevin, Hedwig, Orwell, Patricia, Barry e várias outras personalidades diferentes habitando um mesmo corpo. Esta "entidade" sequestra três garotas adolescentes e as prende em um lugar sombrio e cheio de corredores na Filadélfia. Uma das garotas, Casey (Anya Taylor-Joy, de "Morgan") é mais inteligente e introspectiva que as outras duas, típicas "patricinhas" do colégio. Casey é a primeira a entender o que se passa na cabeça do personagem de McAvoy e ela tenta convencer as diversas personalidades do rapaz a deixá-las partir.

Paralelamente, acompanhamos a Dra. Karen Fletcher (Berry Buckley), a psiquiatra que está tratando do rapaz. Ela é uma das únicas médicas que acredita que realmente existem pessoas diferentes dentro do corpo dele e (em típica extrapolação de Shyamalan) se pergunta se ele não esconderia um segredo para o futuro da Humanidade. Seria ele sobre humano? Ela recebe e-mails diários das várias personalidades dele e percebe, alarmada, que algo está errado.

"Fragmentado" não é tão redondo quanto os primeiros roteiros de Shyamalan mas funciona como bom filme de suspense (e não tanto como filme sobre problemas mentais). As cenas passadas no cativeiro são angustiantes e há os tradicionais sustos e perseguições em corredores estreitos e escuros. Já as passagens envolvendo a psiquiatra não se sustentam bem. Há também flashbacks que mostram o passado de Casey e um problema familiar que poderia ter sido melhor explorado no final da trama. Shyamalan reserva alguns minutos até para prestar uma auto homenagem em uma "surpresa" que já foi revelada por vários meios de comunicação (e que também poderia ter rendido mais).

João Solimeo