sábado, 25 de março de 2017

Fragmentado (2017)

Lembra quando a notícia de que um novo filme de M. Night Shyamalan estava nos cinemas provocava ansiedade e entusiasmo? Pois é, houve um tempo em que as produções do indo-americano eram aguardadas e reverenciadas. Filmes como "O Sexto Sentido", "Corpo Fechado", "Sinais", "A Vila", etc. Aí vieram desastres como "A Dama da Água" ou "Fim dos Tempos" e o ex-garoto prodígio teve que fazer trabalhos por encomenda como "O Último Mestre do Ar" e "Depois da Terra". Recentemente ele foi razoavelmente bem sucedido com "A Visita" e ele retorna agora aos filmes de suspense com "Fragmentado".

"Fragmentado" segue a cartilha de Alfred Hitchcock que gostava de fazer histórias em torno de problemas mentais (ou mesmo sobrenaturais) como "Psicose", "Marnie", "Quando fala o coração" ou "Um Corpo que Cai". James McAvoy é um rapaz chamado Dennis; mas também é Kevin, Hedwig, Orwell, Patricia, Barry e várias outras personalidades diferentes habitando um mesmo corpo. Esta "entidade" sequestra três garotas adolescentes e as prende em um lugar sombrio e cheio de corredores na Filadélfia. Uma das garotas, Casey (Anya Taylor-Joy, de "Morgan") é mais inteligente e introspectiva que as outras duas, típicas "patricinhas" do colégio. Casey é a primeira a entender o que se passa na cabeça do personagem de McAvoy e ela tenta convencer as diversas personalidades do rapaz a deixá-las partir.

Paralelamente, acompanhamos a Dra. Karen Fletcher (Berry Buckley), a psiquiatra que está tratando do rapaz. Ela é uma das únicas médicas que acredita que realmente existem pessoas diferentes dentro do corpo dele e (em típica extrapolação de Shyamalan) se pergunta se ele não esconderia um segredo para o futuro da Humanidade. Seria ele sobre humano? Ela recebe e-mails diários das várias personalidades dele e percebe, alarmada, que algo está errado.

"Fragmentado" não é tão redondo quanto os primeiros roteiros de Shyamalan mas funciona como bom filme de suspense (e não tanto como filme sobre problemas mentais). As cenas passadas no cativeiro são angustiantes e há os tradicionais sustos e perseguições em corredores estreitos e escuros. Já as passagens envolvendo a psiquiatra não se sustentam bem. Há também flashbacks que mostram o passado de Casey e um problema familiar que poderia ter sido melhor explorado no final da trama. Shyamalan reserva alguns minutos até para prestar uma auto homenagem em uma "surpresa" que já foi revelada por vários meios de comunicação (e que também poderia ter rendido mais).

João Solimeo

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