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terça-feira, 3 de janeiro de 2023

O Amante de Lady Chatterley (Lady Chattlerley´s Lover, 2022)

 
O Amante de Lady Chatterley (Lady Chattlerley´s Lover, 2022). Dir: Laure de Clermont-Tonnerre. Netflix. Connie Chatterley (Emma Corrin) recebe o marido de volta após ter sido ferido na I Guerra Mundial. Ele tem que se locomover em uma cadeira de rodas e, na cama, diz não poder fazer mais nada com ela. Ainda assim, Connie está sempre presente, colocando-o na banheira ou o empurrando em estradas enlameadas. Um dia, o marido resolve dizer à mulher que ela deve "providenciar um herdeiro"; ele só quer que ela seja discreta, não se envolva e não lhe diga o nome do pai. Não só é um convite à infidelidade mas, após tudo que ela havia passado para ajudá-lo, ele a via como uma simples parideira. É a partir daqui que, lentamente, entra em cena o "amante" do título, Oliver Mellors (Jack O'Connell), um empregado da propriedade dos Chatterleys.


Baseado no livro de D.H. Lawrence, essa história já foi adaptada em vários filmes, peças e séries de TV. Esta versão da Netflix ganhou destaque por causa de algumas cenas de sexo consideradas "quentes". A censura é 18 anos e, a princípio, achei a reação exagerada. Há, de fato, algumas cenas mais quentes do que o usual (no nível de algumas séries da HBO) e bastante nudez. A cena mais longa de nudez, porém, acontece em um momento inocente em que o casal é visto correndo pelados na chuva (mas talvez não seja um filme para se assistir com a família).

Polêmicas à parte, é um bom filme. Emma Corrin (que fez a Princesa Diana em "The Crown") está muito bem aqui, uma mulher que não é apenas uma garota deslumbrada com sexo, mas alguém que se sacrificou pelo marido, foi colocada de lado e encontrou amor em outro lugar. Jack O´Connell também está bem (ele me lembra uma mistura de Jamie Dornan com o finado Anton Yelchin). A direção feminina é delicada e o filme tem bela fotografia de Benoît Delhomme e trilha de Isabella Summers. Tá na Netflix.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Depois a louca sou eu (2021)

Depois a louca sou eu (2021). Dir: Julia Rezende. Amazon Prime. Versão para cinema do livro de Tati Bernardi, publicitária que lidou com vários ataques de pânico e ansiedade e transformou seus problemas em uma carreira literária de sucesso. Dani (Débora Falabella) só queria se uma pessoa "normal". O problema é que, para ela, tudo é exagerado e excessivo. Uma simples ida à praia no final do ano se transforma em uma operação de logística em que ela contrata um táxi para ficar de plantão caso (ou quando) ela se desesperar e quiser voltar para casa. A mãe (Yara de Novaes) é daquelas super protetoras que falam coisas como "Vá sim, filha, vá se divertir. Não pense que você está abandonando sua mãe sozinha, não, pode ir tranquila".

O filme, no começo, até parece que vai ser daquelas comédias bobinhas da Globo Filmes com trilhas agitadas, gráficos na tela e narração esperta. A trama encara com certo realismo a situação complicada das pessoas com síndrome do pânico; há muito humor, sim, mas há também boas doses de realidade, como quando vemos Dani se viciar em Rivotril e outros remédios tarja preta simplesmente para poder navegar pela vida. O mesmo acontece com as cenas de amor e sexo, que vão se tornando mais pesadas conforme o filme avança.

Débora Falabella está muito bem como Dani e a personagem também é vista quando criança e adolescente. O filme foi feito em 2019 mas a pandemia adiou o lançamento nos cinemas até o começo deste ano e, agora, está disponível na Amazon Prime.
 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

La La Land (2016)

Apesar de algumas similaridades, é difícil imaginar que o mesmo diretor/roteirista de "Whiplash: Em busca da Perfeição", o jovem Damien Chazelle, tenha dirigido "La La Land". Os dois filmes falam sobre música (especificamente, jazz), mas enquanto "Whiplash" era sobre obsessão e perfeccionismo, "La La Land" é um filme sobre sonhos e amor. É também uma grande homenagem à era de ouro dos musicais da MGM, em que figuras como Gene Kelly dançava em Paris, e Fred Astaire bailava elegantemente com Ginger Rodgers.

Mia (Emma Stone) é uma aspirante a atriz que trabalha na cafeteria de um estúdio de Hollywood. Sebastian (Ryan Gosling) é um pianista de jazz que luta contra um mundo que acha que seu gênero musical está morto e enterrado. Como em todo bom romance, Mia e Sebastian se esbarram pela cidade e apesar das faíscas voarem cada vez que os dois estão na tela (Gosling e Stone nasceram um para o outro), a princípio eles fingem não estarem interessados. Mas esta é a Hollywood dos musicais, em que os pores de sol são maravilhosamente coloridos e Chazelle coloca Gosling e Stone para dançar em frente de um em um belo plano sequência. Quase todos os números musicais, aliás, são filmados de forma muito elegante por Chazelle (esqueça os exageros de Baz Luhrmann). Mesmo na sequência mais imaginativa do filme, em que os dois namorados são vistos dançando entre as estrelas do planetário de Los Angeles, Chazelle mantém a câmera fluida mas sem exageros nos ângulos e cortes.

As canções, todas inéditas, são de Justin Hurwitz, com letras de Benj Pasek e Justin Paul. Este não é daquele tipo de musical em que as pessoas cantam o tempo todo (felizmente), e as canções de Hurwitz estão bem integradas nos diálogos. O musical sempre foi o gênero mais escapista de Hollywood e é necessária boa vontade do público em aceitar que alguém simplesmente saia cantando e dançando no meio da rua, mas Chazelle consegue manter um bom equilíbrio entre os diálogos e músicas. Não sei até que ponto Ryan Gosling é responsável pelas várias cenas de virtuosismo em que o vemos ao piano, mas há também momentos calmos e emocionantes proporcionados pelas poucas notas da canção que é o carro chefe do filme, "City of Stars".

A mensagem, claro, é piegas e simples do tipo "siga seus sonhos", mas nem tudo é lindo e maravilhoso no roteiro, que vai em um crescente até algumas das cenas mais agridoces do cinema dos últimos anos. "La La Land" é colorido, vibrante, belo e emocionante. Tornou-se o queridinho de todos os festivais por onde passou, venceu um recorde de sete troféus no último "Globo de Ouro" e, provavelmente, vai repetir o feito no próximo Oscar. Para se assistir de coração aberto.

João Solimeo

terça-feira, 22 de julho de 2014

Sentidos do Amor

Ninguém sabe onde a doença surgiu, ou o que a causa. Os sintomas incluem depressão intensa, choro e desespero, seguidos da perda do olfato. O fenômeno se espalha lentamente pelo mundo, forçando a mudança de hábito das pessoas. O sabor dos alimentos passa a ser mais forte, para compensar a falta de aroma. Quando tudo parece ter voltado ao normal, outra crise começa a atacar as pessoas, agora com uma fome insaciável. Depois disso, todos perdem o sentido do paladar.

"Sentidos do Amor" (tradução boba para o título original, "Perfect Sense") é um tipo diferente de "filme catástrofe". Embora eventualmente testemunhemos cenas de revoltas, saques, destruição e outras comuns ao gênero, o filme do diretor David Mackenzie está mais interessado em focar no como a perda dos sentidos afeta psicologicamente a vida de pessoas comuns. Uma destas pessoas é Susan (Eva Green, "Cassino Royale", "Sonhadores"), uma epidemiologista que é uma das primeiras a tomar contato com a doença. Outro é Michael (Ewan McGregor, "Escritor Fantasma"), um chef de cozinha que é ótimo no serviço mas péssimo nas relações pessoais. Michael e Susan têm um caso, mas Michael é insensível a ponto de, depois da primeira transa, pedir para ela ir embora porque ele não consegue dividir a cama com outra pessoa. (leia mais abaixo)


Conforme a doença vai se espalhando e os personagens principais começam a perder os sentidos (no início, apenas olfato e paladar), o roteiro do dinamarquês Kim Fupz Aakeson abre espaço para mostrar como o resto do mundo está enfrentando o problema, seja na Inglaterra (onde se passa a ação principal), no Kenya, México ou Índia. A princípio, o filme pinta um quadro otimista. Privadas do paladar, as pessoas ainda assim não deixam de frequentar restaurantes, onde passam a explorar outros sentidos. A comida não é mais classificada pelo sabor, mas pela temperatura, textura, consistência. Susan e Michael são aproximados pela crise e passam a buscar outros prazeres no tato, no sexo, na intimidade física e psicológica.

Ao saber que o sentido da audição provavelmente será o próximo a ser perdido, há uma ótima cena em que Michael e Susan ficam apenas sentados no carro, janelas abertas, escutando o barulho dos sinos, dos carros e do grito das pessoas. A perda total dos sentidos, aparentemente, é inevitável, mas as pessoas tentam viver com algum grau de normalidade, enquanto é possível. Ewan Mcgregor e Eva Green são ótimos atores e nos interessamos pelo casal. Poucos fazem uma trilha sonora tão triste a angustiante como Max Ritchter (de "Valsa com Bashir" e "Ilha do Medo"). "Sentidos do Amor" (lançado em 2011) está disponível no Brasil via Netflix.

Câmera Escura

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Último Amor de Mr. Morgan

Para um filme que passa quase duas horas falando sobre como enfrentar a depressão, passar por cima do passado e voltar a viver, "O Último Amor de Mr. Morgan" tem um final completamente incoerente e inacreditável. É uma pena, porque durante a primeira hora assistimos a um filme charmoso e interessante.

Michael Caine, sempre ótimo, é Matthew Morgan, um professor aposentado de Filosofia que mora em Paris. Desde a morte da esposa Joan (a veterana Jane Alexander), que ele venerava, ele vagueia pela cidade imaginando a mulher ao seu lado, tendo conversas imaginárias com ela ou passeando de mãos dadas. Um dia, no ônibus, ele conhece uma jovem e doce francesa chamada Pauline (Clémence Poésy), que imediatamente simpatiza com ele. Os dois engatam uma amizade que é uma mistura de companheirismo, amor paternal e, talvez, algo mais. É interessante o modo como nenhum dos dois questiona ou discute o que está acontecendo; eles apenas gostam de estar juntos e passear por paisagens idílicas de Paris e arredores, acompanhados por uma trilha suave de Hans Zimmer. (leia mais abaixo)


É então que o personagem de Michael Caine acha que é hora de "voltar para casa", e ele tenta se suicidar tomando uma overdose de pílulas para dormir. Ele falha, e é visitado no hospital não apenas por Pauline (que lhe diz que "tomou uma decisão") mas pelos filhos que voaram dos Estados Unidos para a França para ver o pai. Eles são Miles (Justin Kirk), um rapaz extremamente ressentido (e chato) com o pai e Karen (uma surpreendente Gillian Anderson, a eterna Dana Scully da série "Arquivo X"). De repente, o filme sai totalmente dos trilhos. O que começou como uma bonita história de amor e redenção entre um viúvo e uma jovem se torna uma discussão interminável entre Matthew e seus filhos (principalmente Miles) que não têm motivos para achá-lo um grande pai. Pauline, colocada no meio de uma discussão de família, perde qualquer traço da personalidade que tinha até então. O tal "último amor do Sr. Morgan" dá lugar a cenas intermináveis em que Miles acusa o pai de tê-lo castrado quando criança,  discussões sobre quem vai herdar o dinheiro de uma casa de campo, problemas no casamento de Miles e outras coisas que, francamente, o espectador não está interessado.

O final, repito, vai contra tudo o que se construiu durante a narrativa. "O Último Amor de Mr. Morgan" é escrito e dirigido por Sandra Nettelbeck; o filme vale pela interpretação de Michael Caine e por algumas belas cenas durante a primeira hora. Quando os filhos entram em cena, porém, se torna um filme enfadonho e sem direção. Em cartaz no Topázio Cinemas, em Campinas.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Vencedores OSCAR 2013

Em ordem de apresentação:

Ator Coadjuvante:

vencedor: Christoph Waltz ("Django Livre")
Philip Seymour-Hoffman ("O mestre")
Robert De Niro ("O lado bom da vida")
Tommy Lee Jones ("Lincoln")
Alan Arkin ("Argo")

Curta de animação:

Vencedor: "Paperman"
"Adam and dog"
"Fresh guacamole"
"Head over heels"
"Maggie Simpson in 'The Longest Daycare'"

Animação
vencedor: "Valente"
"Frankenweenie"
"ParaNorman"
"Piratas pirados!"
"Detona Ralph"

Fotografia
vencedor: Claudio Miranda ("As Aventuras de Pi")
"Anna Karenina"
"Django livre"
"Lincoln"
"007 – Operação Skyfall"


Efeitos especiais
vencedor: "As Aventuras de Pi"
"O hobbit: Uma jornada inesperada"
"As aventuras de Pi"
"Os vingadores"
"Prometheus"
"Branca de Neve e o caçador"

Figurino
vencedor: "Anna Karenina"
"Os miseráveis"
"Lincoln"
"Espelho, espelho meu"
"Branca de Neve e o caçador"

Maquiagem
vencedor: "Os Miseráveis"
"Hitchcock"
"O hobbit: Uma jornada inesperada"

Melhor curta-metragem
vencedor: "Curfew"
"Asad"
"Buzkashi boys"
"Death of a shadow (doos van een schaduw)"
"Henry"

Documentário em curta-metragem
vencedor: "Inocente"
"Kings point"
"Mondays at Racine"
"Open heart"
"Redemption"

Documentário em longa-metragem
vencedor: "Searching for a sugar man"
"5 broken cameras"
"The gatekeepers"
"How to survive a plague"
"The invisible war"

Filme estrangeiro
vencedor: "Amour", de Michael Haneke
"No" (Chile)
"War witch" (Canadá)
"O amante da rainha" (Dinamarca)
"Kon-tiki" (Noruega)

Mixagem de som
vencedor: "Os Miseráveis"
"Argo"
"As aventuras de Pi"
"Lincoln"
"007 – Operação Skyfall"

Edição de som
vencedor: "A hora mais escura" e "007 - Operação Skyfall"
"Argo"
"Django livre"
"As aventuras de Pi"

Atriz coadjuvante
vencedora: Anne Hathaway ("Os Miseráveis")
Sally Field ("Lincoln")
Jacki Weaver ("O lado bom da vida")
Helen Hunt ("As Sessões")
Amy Adams ("O mestre")

Edição
vencedor: "Argo"
"A vida de Pi"
"Lincoln"
"A hora mais escura"
"O lado bom da vida"

Direção de arte/cenários
vencedor: "Lincoln"
"Anna Karenina"
"O hobbit: Uma jornada inesperada"
"Os miseráveis"
"A vida de Pi"

Trilha sonora original
vencedor: Mychael Danna ("As aventuras de Pi")
Dario Marianelli ("Anna Karenina")
Alexandre Desplat ("Argo")
John Williams ("Lincoln")
Thomas Newman ("007 – Operação Skyfall")


Canção original
vencedor: "Skyfall", de "007 - Operação Skyfall" – Adele (música e letra)
"Before my time", de "Chasing ice" – J. Ralph (música e letra)
"Everybody needs a best friend", de "Ted" – Walter Murphy (música) e Seth MacFarlane (letra)
"Pi's lullaby", de "As aventuras de Pi" – Mychael Danna (música) e Bombay Jayashri (letra)
"Suddenly", de "Os miseráveis" – Claude-Michel Schönberg (música), Herbert Kretzmer (letra) e Alain Boublil (letra)

Roteiro adaptado
vencedor: Chris Terrio ("Argo")
Lucy Alibar e Benh Zeitlin ("Indomável sonhadora")
David Magee ("As aventuras de Pi")
Tony Kushner ("Lincoln")
David O. Russell ("O lado bom da vida")

Roteiro original
vencedor: Quentin Tarantino ("Django Livre")
Michael Haneke ("Amor")
John Gatins ("Voo")
Wes Anderson e Roman Coppola ("Moonrise kingdom")
Mark Boal ("A hora mais escura")

Diretor
vencedor: Ang Lee ("As aventuras de Pi")
Michael Haneke ("Amor")
Benh Zeitlin ("Indomável sonhadora")
Steven Spielberg ("Lincoln")
David O. Russell ("O lado bom da vida)


Atriz
vencedora: Jennifer Lawrence ("O lado bom da vida")
Naomi Watts ("O impossível")
Jessica Chastain ("A hora mais escura")
Emmanuelle Riva ("Amor")
Quvenzhané Wallis ("Indomável sonhadora")

Ator
vencedor: Daniel Day-Lewis ("Lincoln")
Denzel Washington ("O Voo")
Hugh Jackman ("Os miseráveis")
Bradley Cooper ("O lado bom da vida")
Joaquin Phoenix ("O mestre")

....e finalmente:

Melhor Filme
vencedor: ARGO
"Indomável sonhadora"
"O lado bom da vida"
"A hora mais escura"
"Lincoln"
"Os Miseráveis"
"As aventuras de Pi"
"Amor"
"Django livre"
"Argo"

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

OSCAR 2013: Os Indicados

Já assistiu a todos os filmes indicados ao Oscar? Veja abaixo a lista dos filmes e artistas em competição e clique nos títulos para ler nossa opinião a respeito deles.

Melhor Filme

"Indomável sonhadora"
"O lado bom da vida"
"A hora mais escura"
"Lincoln"
"Os Miseráveis"
"As aventuras de Pi"
"Amor"
"Django livre"
"Argo"


Diretor
Michael Haneke ("Amor")
Benh Zeitlin ("Indomável sonhadora")
Ang Lee ("As aventuras de Pi")
Steven Spielberg ("Lincoln")
David O. Russell ("O lado bom da vida)

Ator
Daniel Day-Lewis ("Lincoln")
Denzel Washington ("O Voo")
Hugh Jackman ("Os miseráveis")
Bradley Cooper ("O lado bom da vida")
Joaquin Phoenix ("O mestre")


Atriz
Naomi Watts ("O impossível")
Jessica Chastain ("A hora mais escura")
Jennifer Lawrence ("O lado bom da vida")
Emmanuelle Riva ("Amor")
Quvenzhané Wallis ("Indomável sonhadora")

Ator coadjuvante
Christoph Waltz ("Django livre")
Philip Seymour-Hoffman ("O mestre")
Robert De Niro ("O lado bom da vida")
Tommy Lee Jones ("Lincoln")
Alan Arkin ("Argo")


Atriz coadjuvante
Sally Field ("Lincoln")
Anne Hathaway ("Os miseráveis")
Jacki Weaver ("O lado bom da vida")
Helen Hunt ("As Sessões")
Amy Adams ("O mestre")


Roteiro original
Michael Haneke ("Amor")
Quentin Tarantino ("Django livre")
John Gatins ("Voo")
Wes Anderson e Roman Coppola ("Moonrise kingdom")
Mark Boal ("A hora mais escura")

Roteiro adaptado
Chris Terrio ("Argo")
Lucy Alibar e Benh Zeitlin ("Indomável sonhadora")
David Magee ("As aventuras de Pi")
Tony Kushner ("Lincoln")
David O. Russell ("O lado bom da vida")


Filme estrangeiro
"Amor" (Áustria)
"No" (Chile)
"War witch" (Canadá)
"O amante da rainha" (Dinamarca)
"Kon-tiki" (Noruega)


Animação
"Valente"
"Frankenweenie"
"ParaNorman"
"Piratas pirados!"
"Detona Ralph"


Fotografia
"Anna Karenina"
"Django livre"
"As aventuras de Pi"
"Lincoln"
"007 – Operação Skyfall"

Edição
"Argo"
"A vida de Pi"
"Lincoln"
"A hora mais escura"
"O lado bom da vida"

Trilha sonora original
Dario Marianelli ("Anna Karenina")
Alexandre Desplat ("Argo")
Mychael Danna ("As aventuras de Pi")
John Williams ("Lincoln")
Thomas Newman ("007 – Operação Skyfall")


Documentário em longa-metragem
"5 broken cameras"
"The gatekeepers"
"How to survive a plague"
"The invisible war"
"Searching for a sugar man"

Documentário em curta-metragem
"Inocente"
"Kings point"
"Mondays at Racine"
"Open heart"
"Redemption"


Canção original
"Before my time", de "Chasing ice" – J. Ralph (música e letra)
"Everybody needs a best friend", de "Ted" – Walter Murphy (música) e Seth MacFarlane (letra)
"Pi's lullaby", de "As aventuras de Pi" – Mychael Danna (música) e Bombay Jayashri (letra)
"Skyfall", de "007 - Operação Skyfall" – Adele (música e letra)
"Suddenly", de "Os miseráveis" – Claude-Michel Schönberg (música), Herbert Kretzmer (letra) e Alain Boublil (letra)

Efeitos especiais
"As aventuras de Pi"
"Os vingadores"
"Prometheus"
"Branca de Neve e o caçador"


Edição de som
"Argo"
"Django livre"
"As aventuras de Pi"
"A hora mais escura"
"007 – Operação Skyfall"

Mixagem de som
"Argo"
"Os miseráveis"
"As aventuras de Pi"
"Lincoln"
"007 – Operação Skyfall"

Melhor curta-metragem
"Asad"
"Buzkashi boys"
"Curfew"
"Death of a shadow (doos van een schaduw)"
"Henry"

Curta-metragem de animação
"Adam and dog"
"Fresh guacamole"
"Head over heels"
"Maggie Simpson in 'The Longest Daycare'"
"Paperman"

Figurino
"Anna Karenina"
"Os miseráveis"
"Lincoln"
"Espelho, espelho meu"
"Branca de Neve e o caçador"


Direção de arte/cenários
"Anna Karenina"
"O hobbit: Uma jornada inesperada"
"Os miseráveis"
"A vida de Pi"
"Lincoln"

Maquiagem
"Hitchcock"
"Os miseráveis"
"O hobbit: Uma jornada inesperada"

Câmera Escura

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Amor

Georges não se recorda do nome do filme, mas lembra que ficou muito emocionado enquanto o assistia. Mais do que isso; ao encontrar um colega, na volta para casa, não pôde conter as lágrimas ao lhe narrar a história. "Por que você nunca me contou isso?", pergunta a esposa de Georges, Anne, que acabou de sofrer um derrame e está com o lado direito do corpo paralisado. Cenas como esta, de um casal ainda surpreendendo um ao outro mesmo depois de décadas de intimidade, é que fazem de "Amor", o novo filme do austríaco Michael Haneke, mais do que uma história sobre velhice e doença. Georges e Anne são interpretados por duas lendas do cinema francês, Jean-Louis Trintignant (de "Um homem e uma mulher") e Emmanuelle Riva (de "Hiroshima, moun amour") , e "Amor" venceu o último Festival de Cannes. É uma pequena obra-prima. É também, surpreendentemente, um filme muito sensível e mesmo "gentil" quando comparado à obras anteriores de Haneke, um mestre da frieza, como "Caché" e "A Fita Branca".

Não que "Amor" seja um filme fácil. A lenta desintegração física e mental pela qual passa Anne no desenrolar da trama é tão desoladora quanto inevitável. Haneke filma em planos longos, quase teatrais. Há uma conversa entre Georges e a filha Eva (a sempre competente Isabelle Huppert, de "Minha Terra, África" e "Copacabana") em que a câmera fica em um canto da sala, imóvel, por minutos a fio enquanto pai e filha falam sobre a família. Eva é casada com um músico inglês que tem casos com outras mulheres; os filhos estão em internatos ou não falam com os pais. É um contraste grande com o Amor (com letra maiúscula) que existe entre Georges e Anne. Haneke os filma com carinho lidando, a princípio com um choque disfarçado, com os primeiros sinais da doença. Anne, apesar de precisar de muitos cuidados, é uma mulher inteligente e muito consciente dos esforços do marido em tratar dela. Ela o faz prometer que nunca vai levá-la a um hospital ou casa de repouso e, no início, o casal parece ter a situação sob controle. É então que Anne sofre um segundo derrame e fica naquele estado semi vegetativo em que não se sabe se a pessoa está consciente ou não, e é um tormento tanto para Georges quanto para o espectador testemunhar a mudança na mulher. Há uma cena extremamente corajosa de Riva em que ela (que tem 85 anos) é vista nua enquanto uma enfermeira lhe dá banho, e a atriz se entrega totalmente ao papel; não por acaso, ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz. Jean-Louis Trintignant também oferece uma interpretação sincera e emocionante como o marido devotado que sofre dia e noite para cuidar da esposa e lidar com as cobranças da filha.

Em uma época de relacionamentos rasos e com os índices de divórcio atingindo novos recordes, a relação mostrada em "Amor" pode parecer tanto uma benção quanto um tormento. O filme fala sobre o que todo mundo já sabe, ninguém consegue fugir da morte. O difícil é saber lidar com isto de forma digna e corajosa.

ps: falando em Oscar, "Amor" surpreendeu ao ser indicado em cinco categorias: Melhor Filme Estrangeiro (o virtual vencedor), Melhor Diretor (Michael Haneke, que pode tirar de Steven Spielberg seu terceiro prêmio), Melhor Roteiro (também de Haneke), Melhor Atriz (a já citada Emmanuelle Riva) e Melhor Filme de 2012.

domingo, 24 de julho de 2011

Que mais posso querer

É ela quem dá o primeiro passo. Anna (Alba Rohrwacher) trabalha em uma corretora de seguros e mora com Alessio (Giuseppe Battiston). Aparentemente eles não são casados, mas estão juntos tempo o suficiente para conversarem sobre ter filhos. A irmã de Anna acabou de ter um bebê e Alessio, vendo Anna com a criança, pergunta se ela não gostaria de ter um também. Ela lhe diz que vai parar de tomar a pílula. Ao invés disso, ela envia um SMS para Domenico, um homem casado que ela conheceu quando este prestou um serviço de buffet na empresa dela. E é desta forma que eles começam um tórrido caso extra-conjugal.

"Que mais posso querer" mostra como um caso pode servir, a princípio, como uma válvula de escape não só para as pressões do cotidiano mas da própria realidade. É curioso como o diretor Silvio Soldini mostra a inversão de papéis da sociedade contemporânea. Não só é Anna quem dá início ao caso mas, quando ela deixa de ligar no dia seguinte, é Domenico quem fica chateado. Ele trabalha com um serviço de buffet, tem uma filha de cinco anos e um bebê pequeno. A relação com a esposa é atrapalhada pelas obrigações do dia-a-dia como pagar contas e cuidar das crianças. Já Anna tem em Alessio um companheiro dedicado mas cego aos desejos da esposa. O pobre coitado acha que basta amar e tratar bem a mulher que está tudo certo. Ele vive de bom humor, gosta de livros e filmes e está sempre consertando alguma coisa na casa. Anna e Domenico, ao procurarem algo fora do lar, estão "errados"? Claro que sim, mas não é exatamente por isso que um caso é atraente?

Soldini mostra, passo a passo, como ter um caso requer planejamento dos envolvidos. É necessário arrumar um tempo livre em comum (Domenico faz aulas de mergulho às quartas à noite e Anna diz que precisa fazer hora extra). É necessário arrumar um lugar. É preciso se encontrar, ir até o motel, apresentar os documentos, pagar para entrar e, finalmente, até tirar as roupas se torna um empecilho, na pressa criada pelo desejo e pela pressão do relógio ("são 55 euros por quatro horas", diz o atendente do motel). O sexo, quando finalmente acontece, é rápido e intenso. E agora? Ato consumado, como lidar com a situação dali em diante? Como não confundir o prazer sexual e a idealização com o novo parceiro com amor? Um caso é como um mundo à parte, uma fantasia infantil criada por duas pessoas que brincam que amar é simples, não envolvendo obrigações, cobranças ou preocupações com dinheiro para honrar no final do mês. Claro que a relação está fadada a terminar no momento em que a realidade abrir brechas neste mundo idealizado.

"Que mais posso querer" não apresenta nada de novo em termos de filmes sobre adultério. Mas trata do assunto com honestidade e realismo. Anna e Domenico não são interpretados por Brad Pitt e Jennifer Aniston, mas por atores comuns. A força do filme está no fato que de são homens e mulheres comuns, mas incapazes de lidar com as pressões da vida adulta. Em cartaz no Topázio Cinemas.


sábado, 13 de março de 2010

500 Dias com Ela

Esta é uma "anti-comédia-romântica". E é nesse fato que reside sua originalidade. Summer (Zooey Deschanel) é uma garota linda, jovem, solteira, desimpedida. Tom (Joseph Gordon-Levitt) se apaixona à primeira vista por ela. Mas há um problema: Summer é daquelas garotas que acham que podem sair com um cara, passear com ele, ter encontros com ele e mesmo transar com ele, sabendo que ele está apaixonado, e ainda assim dizer que "não é nada sério". Tom, claro, até concorda com o "esquema" da garota, até porque é a única alternativa para poder continuar com ela. Mas há certo sadismo em acompanhar o sofrimento do pobre Tom conforme ele fica cada vez mais apaixonado, e Summer cada vez menos "séria".

Dirigido por Marc Webb, o filme conta a história de "não-amor" de Tom e Summer de forma não linear, separando as sequências por um letreiro que mostra em qual dos "500 dias" estamos. É triste ver como o relacionamento entre os dois está leve e tranquilo nos primeiros dias, com os dois rindo das coisas mais banais e, no momento seguinte vê-los cansados, frios e distantes um do outro. O roteiro (de Scott Neustadter e Michael H. Weber) é muito observador no modo de ser de homens e mulheres "modernos". O comediante Jerry Seinfeld disse em um de seus shows que, para um homem, não importa a profissão de uma mulher, ele pode se apaixonar por ela do mesmo modo. O contrário, segundo Seinfeld, não é verdadeiro, a mulher tem que gostar da profissão do homem para se apaixonar por ele. Em "500 dias com Ela", Tom é formado em Arquitetura, mas trabalha escrevendo frases de amor em uma daquelas firmas que criam cartões de "Dia dos Namorados", "Dia das Mães", etc. Ele é muito bom nisso, talvez pelo fato de que realmente acredite que o Amor exista, ao contrário de Summer. Os dois se conhecem na firma de Tom, e é ela quem se aproxima dele. Mas fica patente que, quanto mais Summer acha que Tom está perdendo tempo na firma de cartões, menos ela o respeita. Tom, por sua vez, por mais que Summer declare que "não quer nada sério", menos acredita nela, visto que os dois estão constantemente saindo juntos, indo ao cinema e fazendo amor (?) juntos.

Interessante como, no mundo moderno, um filme como este seja possível. E que seja tão correto em observar como os papeis masculinos e femininos estão mudando, e o que se espera de cada gênero. É o homem que está querendo uma mulher por quem se apaixonar e um relacionamento sério. Já Summer se justifica dizendo simplesmente que está "feliz", e não quer mais complicações. Será que é assim mesmo? O final do filme acaba mostrando que não é bem assim, mas sem dúvida as histórias de amor de hoje estão bem diferentes.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Romance

Guel Arraes e Jorge Furtado são, possivelmente, os dois melhores roteiristas brasileiros hoje. Os dois tem a característica de saber misturar o popular com o erudito de forma inteligente e engraçada. Arraes vem de programas como a adaptação de "As Comédias da Vida Privada" para a televisão, do humorístico "TV Pirata" e da minissérie (também lançada como filme) "O Auto da Compadecida". Furtado é o roteirista/diretor do curta brasileiro mais premiado do cinema, "Ilha das Flores", e de longas como "O Homem que Copiava" e "Saneamento Básico". Agora os dois se juntaram para escrever o roteiro de "Romance", em que exploram a lenda romântica de "Tristão e Isolda" e a transferem para os dias atuais. O filme é dirigido por Guel Arraes.

Pedro (Wagner Moura) é um diretor de teatro apaixonado pelo seu ofício que está montando uma versão de Tristão e Isolda. Ele faz um teste com Ana (Letícia Sabatella), que ganha não só o papel como o coração de Pedro. Os dois se apaixonam no processo de ensaio, trocando diálogos que misturam suas frases com as dos personagens que estão interpretando, em um jogo metalinguistico típico dos roteiros de Jorge Furtado. Também típicas dele são as referências externas que, como hyperlinks, aparecem na tela na forma de animações. A bela fotografia (de Adriano Goldman) compõe planos atísticos que se mesclam citando quadros famosos, como "O Beijo", de Gustav Klimt, ou figuras medievais. Ana e Pedro se entregam a um amor ao mesmo tempo tradicional, cheio de romantismo e poesia, e físico. Letícia Sabatella, belíssima, está amadurecida e mais mulher em várias cenas de nudez com Wagner Moura. Tudo parce correr bem mas, como os próprios personagens comentam, no romance ocidental não há paixão sem dor ou sofrimento, e logo algo tem que dar errado. Os problemas começam quando um famoso produtor da televisão (José Wilker) vai assistir à peça e contrata Ana para fazer uma novela no Rio de Janeiro. Sua fama começa a atrair muitos espectadores para a peça, o que seria bom mas, ao mesmo tempo, causa ciúmes e sofrimento em Pedro, e os dois se separam.

Três anos depois, Ana é uma famosa artista da televisão e Pedro ainda é dedicado ao teatro. Os dois voltam a trabalhar juntos em uma adaptação de Tristão e Isolda para a TV, transposta para o nordeste brasileiro do século passado. É interessante ver como Arraes e Furtado brincam com os temas do sofrimento por amor e do triângulo amoroso presentes em Tristão e Isolda, que teria influenciado grandes partes das histórias de amor criadas desde o século XII (como "Romeu e Julieta", de Shakespeare, ou as lendas do Rei Arthur, traído por Guinevere e Lancelot). O filme é rico em situações e metalinguagens que misturam o teatro, a televisão e o próprio cinema. Há também uma ótima apropriação por parte do roteiro de outra peça famosa, "Cyrano de Bergerac", escrita por Edmond Rostand no final do século XIX. Na peça, Cyrano, um guerreiro feio e com um grande nariz, escrevia cartas apaixonadas para a bela Roxane. Só que, incapaz de declarar seu amor, Cyrano se escondia por trás do jovem Cristian, que acabava colhendo os frutos deste amor.

Em "Romance", a trama de Cyrano de Bergerac é resgatada pelo fato de que Pedro, ao escrever o roteiro de "Tristão e Isolda" para sua amada Ana, acaba vendo ela se apaixonar pelo ator que está interpretando Tristão, o sertanejo José de Arimatéia (Vladimir Brichta). Há mais sobre este personagem, mas prefiro não revelar aqui. O elenco ainda conta com Andréa Beltrão, muito bem como uma produtora que só pensa em audiência e sucesso, e com a participação especial de Marco Nanini, fazendo um ator cheio de manias e exigências. Como sugestão de referências, sugiro a versão de 1990 de "Cyrano de Bergerac", dirigida por Jean-Paul Rappeneau, com o grande Gérard Depardieu no papel principal. A lenda de Tristão e Isolda teve uma versão cinematográfica fraquinha realizada em 2006 por Kevin Reynolds. Mas o grande mestre do suspense Alfred Hitchcock se inspirou no mito para criar sua obra prima, o grande "Um Corpo que Cai" (Vertigo, 1958), em que James Stewart e Kim Novak vivem uma versão moderna e tortuosa do romance tradicional. Reparem como a trilha de Bernard Herrmman é fortemente baseada na ópera "Tristão e Isolda", de Richard Wagner.

Romance é um filme que fica para ser saboreado aos poucos, e ter suas dezenas de referências reconhecidas e aproveitadas. Belo trabalho de Guel Arraes, Jorge Furtado e elenco.


trailer de Romance:


Vertigo, de Alfred Hitchcock: