sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Detona Ralph

"Detona Ralph" é fruto da geração fliperama, que gastava fortunas em fichas de "Pac Man" e "Space Invaders" antes que os consoles invadissem as casas. Ele tem como protagonista Ralph, o personagem de um jogo fictício aos moldes de "Elevator Action" e "Donkey Kong". Sua única função é "detonar" as janelas de um prédio de apartamentos, que são rapidamente consertadas por Felix, um rapaz com um martelo mágico. Ao final de cada jogo, Ralph é atirado de cima do prédio pelos moradores enfurecidos e passa a noite no lixão do mundo virtual. O começo do filme é bastante bom.  Ralph é visto em uma reunião aos moldes dos "alcoólicos anônimos" em que ele fala de suas frustrações por ser um vilão. Jogadores vão reconhecer figuras famosas do mundo dos games como o fantasminha do jogo "Pac Man", do Dr. Robotnik (do "Sonic") e de outros vilões de jogos como "Street Fighter" e "Super Mario". Vilões e heróis dos vários fliperamas passeiam pelos fios de força entre as máquinas, todas ligadas em uma espécie de estação de trem central.

Ralph, chateado por não ter a mesma fama dos heróis, decide invadir um jogo de tiro, muito mais moderno, para conseguir uma medalha e provar para os companheiros do seu mundo que ele vale tanto quanto Felix, o herói. Ele é bem sucedido, mas ao ser atacado por um inseto estilo "Aliens" ele vai parar em outro jogo, bastante feminino e "fofinho", passado em um mundo feito de balas e doces. É então que  o roteiro de "Detona Ralph" se perde completamente. O início é bastante promissor; a ideia de uma história passada dentro de um videogame não é nova, a mesma Disney fez "TRON" em 1982, mas era um filme adulto e cerebral. "Detona Ralph" prometia ser uma aventura divertida que, ao mesmo tempo que homenageava os jogos antigos, daria ao espectador uma viagem por dentro deles. Mas não é o que acontece. Personagens famosos dos games como os vilões já citados são acompanhados por aparições rápidas do porco-espinho Sonic, por exemplo, mas é de se perguntar porque os roteiristas do filme (o diretor Rich Moore, Phil Jonston, Jim Reardon e Jennifer Lee) resolveram passar grande parte da trama dentro de um mundo feito de chocolate, biscoitos e doces ao invés de em um mundo virtual quer realmente lembrasse um videogame. Neste mundo feito de açúcar, Ralph se torna aliado de uma garota irritante chamada Vanellope, que quer vencer uma corrida de carros para voltar a ser aceita como integrante daquele jogo (ela é considerada por todos um "bug" no sistema). O fato dela sequer saber dirigir só é uma desculpa para Ralph, que também não sabe, treiná-la por vários minutos do filme. Por esta descrição já dá para perceber o quanto os roteiristas se perderam.

"Detona Ralph" é, oficialmente, um produto dos estúdios Disney, embora tenha ficado confuso atribuir a autoria depois que eles se fundiram com os estúdios da Pixar. É um filme que deve agradar a crianças pequenas. Infelizmente, grande parte do público alvo (fãs nostálgicos dos games antigos) vá ficar entediado. Visto no Topázio Cinemas, Campinas.


PS: Antes do longa há a exibição de um ótimo curta-metragem animado chamado "Avião de Papel" (Paperman), dirigido por John Kahrs. Passado em Nova York, o curta conta a história de um rapaz que encontra acidentalmente uma moça em uma estação de trem e os dois se apaixonam, mas vão cada um para um lado. Quando o rapaz está no escritório ele vê a moça do outro lado da rua e tenta chamar a atenção dela com vários aviões de papel que ele faz com os formulários do trabalho. Muito bem feito (e bem melhor do que "Detona Ralph"). Clique AQUI para ler mais a respeito da técnica por trás deste curta.




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