quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Homem da Máfia

"O Homem da Máfia" é o tipo de filme que se acha melhor e mais inteligente do que realmente é. Escrito e dirigido por Andrew Dominik e estrelado e produzido por Brad Pitt, a obra está longe da beleza de outro trabalho feito pela dupla, o ótimo "O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford" (2007). O roteiro está cheio daqueles diálogos longos que tentam  soar como Quentin Tarantino e as imagens lembram algum filme de Guy Ritchie, mas sem o mesmo talento.

O elenco, invejável, conta com Pitt, Ray Liotta, James Gandolfini e Richard Jenkins em uma trama passada no sul dos Estados Unidos envolvendo a Máfia e alguns ladrões de segunda classe. Dois deles invadem um jogo de cartas gerenciado por Markie Trattman (Liotta, grande ator desperdiçado há anos pelo cinema) e levam todo o dinheiro. Eles tem um plano "infalível"; Trattman, alguns meses antes, havia roubado a própria casa pra embolsar o dinheiro da Máfia e, bêbado uma noite, havia confessado o golpe para amigos. A lógica dos bandidos é clara; se a casa for roubada novamente, a Máfia irá desconfiar de Trattman e os deixará em paz. Mas as coisas não são tão simples. Após o assalto, Brad Pitt, um assassino profissional, vem à cidade negociar o destino dos bandidos com Richard Jenkins (chamado apenas de "Motorista" nos créditos). Como a trama não tem muito a dizer, o roteiro tentar disfarçar a superficialidade com sarcasmo e muita violência. Há uma cena forte de espancamento que, tecnicamente, é muito bem feita. O bom design sonoro faz o espectador quase sentir no próprio corpo os ossos se partindo; o problema é a gratuidade da coisa. Violência sem substância é apenas pornografia.

O filme desperdiça a presença de um grande ator como James Gandolfini, que interpreta outro assassino profissional; ele é trazido à cidade para matar os ladrões, mas seu personagem poderia ter sido cortado, já que desaparece de cena tão rápido quanto entrou. O roteiro força um paralelo entre a história americana recente e os fatos passados no filme; em todos os bares há um aparelho de televisão mostrando discursos de George W. Bush falando sobre a crise econômica e, no final, a vitória de Barack Obama deveria significar alguma coisa para o roteirista, mas não fica muito claro o que é. Visto no Kinoplex, em Campinas.

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