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domingo, 8 de janeiro de 2023

A Rede Social (The Social Network, 2010)

A Rede Social (The Social Network, 2010). Dir: David Fincher. Netflix. Resolvi rever os primeiros quinze minutos deste filme e acabei vendo até o final, de madrugada. É até melhor do que eu me lembrava. A mistura dos diálogos rápidos de Aaron Sorkin com a direção precisa de David Fincher conseguem passar uma quantidade enorme de informação em duas horas de filme.

O roteiro malabarista mostra como Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) enfrenta dois processos simultâneos; um do ex-melhor amigo, o brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), e outro de irmãos gêmeos que o acusam de ter roubado a ideia para o Facebook. Flashbacks explicam como a maior rede social do planeta foi criada por um nerd arrogante e antissocial. Fincher faz tanta mágica por trás das câmeras que nem notamos que os gêmeos são interpretados por um ator só, Armie Hammer (desconhecido no lançamento do filme). Tudo embalado pela trilha sonora pulsante de Trent Reznor e Atticus Ross. Filmão. Tá na Netflix.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Coded Bias (2020)

 

Coded Bias (2020). Dir: Shalini Kantayya. Netflix. Bom documentário que segue de perto o que foi apresentado em "O Dilema das Redes" (também na Netflix), mas que acrescenta um viés mais social. O documentário parte da descoberta de uma cientista negra do MIT chamada Joy Buolamwini, que notou que os sistemas de reconhecimento facial da Amazon tinham dificuldade em identificar seu rosto (negro). Quando ela colocava uma máscara branca, o computador facilmente identificava as características de olhos, nariz, boca, etc. Um algoritmo pode ser "preconceituoso"? De acordo com o documentário, sim, principalmente pelo fato de que estudos em Inteligência Artificial sempre foram feitos predominantemente por homens brancos.

O assustador é que o algoritmo de reconhecimento facial da Amazon estava sendo compartilhado pelo FBI. Quantas pessoas foram identificadas erroneamente por causa disso? O documentário alega que "inteligência artificial" nada mais é do que uma criação matemática que reage dependendo dos dados que lhe são "alimentados". O resultado é que preconceitos do mundo "real" acabam sendo absorvidos pela inteligência artificial. Algoritmos são usados de forma não regulamentada cada vez mais no mundo todo. Setores de RH de empresas usam inteligência artificial para selecionar candidatos; cartões de crédito fazem uma previsão de quem vai pagar suas contas ou não; há algoritmos que são usados para determinar qual a chance de alguém se tornar um criminoso, ou voltar a praticar um crime. Não é surpresa que em todas estas situações os resultados têm se mostrados tendenciosos. Bem interessante, e assustador. Tá na Netflix.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Homens, Mulheres e Filhos

Em 14 de fevereiro de 1990 a sonda espacial Voyager, nos limites do Sistema Solar, virou sua câmera para trás e tirou uma foto da Terra. Na imagem, nosso planeta aparece como um ponto azul na imensidão do Espaço, o que inspirou o astrônomo e escritor Carl Sagan a escrever um livro chamado "Pequeno Ponto Azul" (Pale Blue Dot). O objetivo de Sagan era mostrar como somos pequenos diante da imensidão do Universo e como nossas brigas por credos, raças e dinheiro são insignificantes. O que não significa que nós não tenhamos importância; pelo contrário, Sagan sempre enfatizou que nós somos feitos da mesma matéria de que são feitas as estrelas.

E aqui estamos nós, em pleno século XXI, cercados por tecnologia por todos os lados e capazes de nos comunicar (e nos fotografar) com o apertar de um botão. E, talvez, nunca estivemos tão solitários. É o que "Homens, Mulheres e Filhos", o novo filme de Jason Reitman, tenta nos dizer. Imagine "Beleza Americana" (Sam Mendes, 1999) na era da internet e dos smartphones. O filme de Reitman tem o mesmo olhar cínico sobre a sociedade branca, rica e entediada americana que a obra de Mendes. Há também ecos de "Pecados Íntimos" (Little Children), filme de 2006 em que o diretor Todd Field mostra como os adultos também podem agir como crianças mimadas. "Homens, Mulheres e Filhos" empresta de "Pecados Íntimos" o recurso de ter um narrador externo que, como um locutor de um documentário científico, conta a história para o espectador (na voz da atriz britânica Emma Thompson).

Reitman faz uso de "segundas telas" dentro da moldura do cinema para que o espectador possa visualizar o que os personagens estão digitando em seus smartphones ou vendo na tela de computadores. Há uma cena, por exemplo, em que enquanto acompanhamos o diálogo entre três adolescentes, também vemos o que duas delas estão falando, via mensagem de texto, entre si. (Leia mais abaixo. Obs: o trailer conta quase todo o filme)


Adam Sandler (em um papel "não Adam Sandler") é Don, o marido frustrado de Helen (Rosemarie DeWitt). Eles não fazem sexo há meses e ele só consegue consolo em sites de pornografia. Um dia o computador dele está com problemas, ele entra no quarto do filho e descobre que o rapaz de 15 anos já está vendo coisas muito mais pesadas do que ele online. Helen também se sente solitária e procura alternativas em um site que promove encontros sexuais entre pessoas casadas.

Em outra trama, o adolescente Tim (Ansel Elgort, de "A culpa é das estrelas") era o astro do time de futebol americano da escola, mas um dia ele decidiu parar porque "não via mais sentido em nada". A mãe trocou a família por um namorado novo na Califórnia, deixando Tim e o pai, Kent (Dean Morris, de "Breaking Bad" e "Under the Dome") sozinhos. O filho acompanha a nova vida da mãe pelo Facebook.

Falando em mães, há uma super protetora, vivida por Jennifer Garner, que vasculha o celular da filha todos os dias, conhece todas as senhas da garota e tem um sistema de GPS que mostra onde ela está o tempo todo. Por outro lado, há outra mãe que, na tentativa de promover a filha, posta fotos sensuais da garota em poses provocantes em um website e tenta, a todo custo, colocá-la em um programa de TV.

As tramas são entrecortadas por imagens da sonda Voyager vagando pelo espaço, bem distante, alheia a todos os dramas. As palavras inspiradoras de Carl Sagan chegam à nova geração de forma distorcida. Enquanto o ex jogador de futebol americano acha que nada vale apena (afinal, somos apenas poeria cósmica), garotas como a modelo se acham o centro do Universo (e quebram a cara quando descobrem a realidade).

O filme está bem longe do tom leve e divertido usado anteriormente por Jason Reitman em filmes como "Juno" e "Amor sem escalas". "Homens, Mulheres e Filhos" é atual e bastante realista, deixando um gosto amargo na boca.

Ps: enquanto escrevia este texto, mantinha uma conversa no Whatsapp e, de vez em quando, checava o Facebook. Pois é.


João Solimeo

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Terms and conditions may apply (Netflix)

Quando Osama Bin Laden morreu, um menino americano de sete anos ficou preocupado com a segurança do presidente Barack Obama. Ele expressou esta preocupação nas redes sociais, dizendo que Obama deveria "tomar cuidado". Poucas horas depois, a escola em que o garoto estudava foi invadida por homens do Serviço Secreto, que levaram o menino para ser interrogado. Um irlandês, pouco antes de viajar para os Estados Unidos, mandou um tweet para os amigos dizendo, metaforicamente, que iria "destruir a América". Ao chegar aos EUA, foi detido no aeroporto e passou horas sendo interrogado sobre a suposta "ameaça terrorista". Um comediante, após passar horas em um fila na loja da Apple, chegou em casa e reproduziu no Facebook trechos do filme "Clube da Luta" (David Fincher) que falavam sobre armas e destruição. O FBI e a SWAT derrubaram sua porta minutos depois, procurando as armas e questionando sobre o "atentado".

O documentário "Terms and conditions may apply" (disponível no Brasil pela Netflix) mostra como estas e outras situações, no limite, foram causadas por nós mesmos ao renunciarmos à privacidade toda vez que aceitamos os "Termos e Condições" de serviços online gratuitos como Google, Facebook, Apple, Microsoft e centenas de outros. Quem lê aqueles contratos? Aparentemente, ninguém, e há um motivo para isso.

O documentário compara as políticas de privacidade do Google e Facebook desde o começo do século até hoje, e muita coisa mudou. Um dos principais motivos (ou a principal justificativa/desculpa) foi o atentado às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. O governo Bush lançou o "Ato Patriótico" que, na prática, permitia às agências vasculhar a vida online e telefônica dos cidadão americanos (e do mundo), sob a justificativa de prevenir ataques terroristas. Um de seus principais opositores era o então Senador Barack Obama que, ao se tornar presidente, não fez nada para mudar esta situação. Na verdade, a maioria dos escândalos envolvendo a NSA (a agência nacional de segurança americana) explodiu durante a administração Obama. (leia mais abaixo)


O mais assustador é que a grande maioria das informações pessoais disponíveis online foram colocadas lá voluntariamente pelas pessoas, ou melhor, por nós mesmos. Por mim e por você que está lendo estas linhas. Este blog, por exemplo, está hospedado no Blogger, que faz parte do Google. Meu login e senha me dão acesso não só ao blog, mas também a uma conta de e-mail, um canal no youtube e dezenas de outros serviços. Ao mesmo tempo que tenho estas comodidades, acabo expondo centenas de informações pessoais que, sinceramente, não sei onde estão armazenadas ou para o quê podem ser usadas.

Um executivo do Google diz, basicamente, que "quem não deve não teme", mas não é tão simples. Uma análise das palavras chave das buscas de alguém pode chegar a uma conclusão completamente equivocada. Por exemplo, uma pessoa que procure por "decapitações", "esposa morta" e "facas" no Google está planejando um assassinato, certo? Cullen Hoback, o diretor do documentário, foi atrás destas informações e descobriu que quem estava por trás delas era um escritor de uma série de televisão, e não um assassino em potencial.

Assim como no filme "Minority Report", de Steven Spielberg, pessoas estão sendo presas ou questionadas por crimes que elas (ainda?) não cometeram, apenas baseadas no que procuraramm ou publicaram online. Este é um mundo mais seguro por causa disso, ou trocamos nossa liberdade por uma suposta proteção de um Big Brother moderno?

Câmera Escura

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Câmera Escura no Facebook

O Câmera Escura agora tem uma página no Facebook. Ela vai ser usada para notícias sobre cinema, exibição de trailers, discussões sobre filmes, etc. Ou seja, um complemento às críticas publicadas neste site. Visitem e apertem em "curtir". Abraço.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Rede Social

Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) descobriu o potencial das redes sociais quando era aluno na Universidade de Harvard. Uma noite de 2003, depois de levar um "fora" da namorada, ele quis se vingar falando mal dela online. Também invadiu o banco de dados das alunas de Harvard e de diversas outras redes, criando um site em que os visitantes eram convidados a escolher, na tela do computador, qual a mais "atraente" entre duas garotas. Em poucas horas seu site se espalhou de forma viral pelo campus e o tráfego de informações foi tão grande que Zuckerberg derrubou o servidor de Harvard. A experiência lhe mostrou o quanto as pessoas se interessam em saber da vida alheia e em como elas, na verdade, colocariam voluntariamente informações sobre suas vidas para os outros verem. O ambiente universitário, carregado com altas doses de ambição, sexo e dinheiro, caiu como uma luva para a "república" virtual que Zuckerberg criou. Ele seria o bilionário mais jovem do mundo em pouco tempo.

Esta história é contada de forma muito competente pelo diretor David Fincher (de "Clube da Luta", "Zodíaco"), com roteiro de primeira de Aaron Sorkin, escritor e criador de séries premiadas como "The West Wing" e "Sports Night". Sorkin é habilidoso em escrever diálogos rápidos, irônicos e cheios de informações técnicas que, às vezes, até deixam o filme difícil de acompanhar, mas são um prazer de escutar. O filme parte de dois processos judiciais contra Zuckerberg. Um deles é feito por dois irmãos gêmeos de Harvard (interpretados pelo mesmo ator, duplicado digitalmente, Armie Hammer), campeões de remo que contrataram Zuckerberg para desenvolver um site. Eles o acusam de roubar a idéia deles para criar o Facebook.

O outro processo é mais pessoal, envolvendo o antigo melhor amigo de Zuckerberg, Eduardo Saverin (Andrew Garfield). Saverin teria desenvolvido o código matemático usado por Zuckerberg em seu site, além de bancar financeiramente os primeiros passos do Facebook. Acompanhamos as tramas em elaborados flashbacks que mostram o ambiente ultracompetitivo, classe alta, branca e protestante de Harvard. Também tem papel importante o criador do Napster, Sean Parker (o cantor Justin Timberlake), que consegue "enfeitiçar" Zuckerberg com suas histórias sobre como teria derrubado a indústria da música (além de ser processado, preso por porte de drogas e outros delitos) enquanto tenta afastar Eduardo Saverin do Facebook.

Com duas horas de duração, "A Rede Social" é bem mais profundo e bem feito do que se poderia esperar de um filme sobre um programa de computador. Fincher e Sorkin, auxiliados por um ótimo elenco (Eisenberg está especialmente bem como o obsessivo Zuckerberg) conseguem capturar o lado humano destas pessoas extremamente técnicas e ambiciosas, além de revelar o lado exibicionista, e carente, da sociedade moderna.