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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

O Assassino (The Killer, 2023)

O Assassino (The Killer, 2023). Dir: David Fincher. Netflix. Michael Fassbender é um assassino profissional. Pelos primeiros vinte minutos do filme, nós o vemos em um apartamento de Paris esperando por sua vítima. Em uma narração em off, o assassino descreve seu método, seu perfeccionismo. Fincher, sendo Fincher, filma tudo imaculadamente. Cada plano é uma pintura, cada corte preciso. O áudio é excelente. Criador e criatura parecem uma máquina precisa de matar/filmar. E aí dá tudo errado.
Acho que gostar de "O Assassino" depende do modo como você vê filmes. Esse não é daquele tipo de filme para se ver com a luz acesa, levantando para ir ao banheiro ou olhando o celular (na real, nenhum filme é). É um balé lindamente coreografado por Fincher e seu grupo habitual de colaboradores (Kirk Baxter na edição, Erik Messerschmidt na fotografia, Atticus Ross e Trent Reznor na trilha sonora). Há poucos diálogos e uma ação leva à outra. Fassbender está excelente. Há uma cena com Tilda Swinton que é tão boa que parece que o filme vai terminar. E aí acontece uma coisa estranha... o filme não termina e se estende por uma meia hora que me pareceu desnecessária. O final é meio irônico, meio anticlimático.
Assim como seu personagem, Fincher parece querer mostrar que, no fundo, também é humano. "O Assassino" não é ótimo como um "A Rede Social" ou "Garota Exemplar", mas é bonito pra caramba de se ver. Tá na Netflix.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido

O novo filme dos "X-Men" tem um pouquinho de tudo: um futuro distópico e sombrio que lembra "O Exterminador do Futuro" e a série "Matrix"; viagens no tempo para tentar mudar a História; robôs gigantes em batalhas apocalípticas e muitas referências à cultura pop, como uma TV exibindo um episódio da série clássica "Jornada nas Estrelas" ou um mutante usando uma camiseta do Pink Floyd. É recomendável que o espectador faça uma retrospectiva da série "X-Men" e os filmes do Wolverine antes de entrar no cinema, com o risco de se perder tentando lembrar como é que o Professor Xavier (o grande ator britânico Patrick Stewart, quando velho, e James McAvoy quando novo) está vivo ou em que estágio de evolução estão as garras de Logan (Hugh Jackman, cada vez mais musculoso).

"X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" traz de volta à  série o diretor Bryan Singer, que fez os primeiros dois filmes e saiu para fazer uma versão de Superman que foi desprezada pelos fãs ("Superman: O Retorno", 2006). "X-Men 3: O Confronto Final", dirigido por Brett Ratner, também não agradou muito, o que não impediu que a franquia continuasse lucrativa. "Dias de um Futuro Esquecido" é, ao mesmo tempo, empolgante e uma bagunça, juntando o elenco da série original com os atores novos vistos em "X-Men: Primeira Classe" (2011). A premissa: em um futuro indeterminado, humanos e mutantes se tornaram escravos dos Sentinelas, robôs gigantes que foram criados originalmente para destruir os mutantes, mas acabaram atacando toda a humanidade. O Professor Xavier (Patrick Stewart) se une ao vilão Magneto (Ian McKellen, de "O Hobbit") e, com a ajuda de uma mutante interpretada por Ellen Page, envia a mente de Wolverine para o ano de 1973; a missão dele é impedir que Mística (Jennifer Lawrence, de "Trapaça") mate o futuro criador dos sentinelas, Trask, interpretado por Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de "Game of Thrones". Se você se lembrou da trama de "O Exterminador do Futuro", não foi o único. (leia mais abaixo)


Singer se diverte em recriar o início dos anos 1970, com sua moda cafona, músicas de "paz e amor", Richard Nixon, a Guerra do Vietnã, etc. O jovem Magneto (Michael Fassbender, de "12 Anos de Escravidão", "Shame"), acredite se quiser, está preso no subsolo do Pentágono por supostamente ter matado o presidente John Kennedy (de que outra maneira se poderia explicar aquela bala em ziguezague que matou o presidente?). Esta mistura entre fatos históricos e ficção funcionam melhor neste filme do que em "Primeira Classe", que lidava com a Guerra Fria e a crise dos mísseis em Cuba. Hugh Jackman, o único elo de ligação entre passado e futuro, tem que tentar lidar com um desiludido Charles Xavier (McAvoy), viciado em uma droga que permite que ele volte a andar, mas fique sem os poderes telepáticos. Fassbender está muito bem (como sempre) no papel do megalomaníaco Magneto, capaz de levantar até um estádio de beisebol com seus poderes.

O mote da viagem no tempo quase sempre gera boas histórias. É fascinante imaginar se seria possível mudar o passado ou a própria história (ou a História). O problema são os paradoxos temporais (um homem poderia voltar no tempo e impedir seu nascimento? Se sim, quem voltou ao passado para fazê-lo?), mas este filme não está tão preocupado com eles. O que fica claro é que Bryan Singer usou do artifício das mudanças temporais para, de forma não muito sutil, dizer que "X-Men 3" não aconteceu (o que é boa notícia para a maioria dos fãs). Não chega a ser um reboot, mas "Dias de um Futuro Esquecido", assim como os "Star Trek" de J.J. Abrams, cria uma linha do tempo alternativa em que tudo é possível (inclusive dizer que todos os outros filmes da série, exceto "Primeira Classe", não aconteceram). Há boas sequências que fazem um diálogo entre as duas épocas (como um ataque dos Sentinelas); outras, como o ataque no início do filme, são editadas de forma confusa. "Dias de um Futuro Esquecido" foi bem recebido nas bilheterias, o que significa que a série tem futuro garantido no cinema.

Câmera Escura

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

12 Anos de Escravidão

"12 Anos de Escravidão" é implacável. São 134 minutos acompanhando o sofrimento de Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um músico negro de Nova York, nascido livre, que é sequestrado e vendido como mercadoria no estado escravagista de Louisiana, em 1841. Já foram feitos vários outros filmes sobre a escravidão nos Estados Unidos antes, como "Amistad" (Steven Spielberg, 1997), "Lincoln" (Spielberg, 2012) ou mesmo "Django Livre" (Quentin Tarantino, 2012). O tema da escravidão, naturalmente espinhoso e revoltante, se torna ainda mais forte por causa da história peculiar de Northup. Todo espectador acaba por se identificar com a história de um homem comum, com esposa e filhos, que de um dia para o outro acorda com os braços acorrentados e com a liberdade tomada.

O filme é dirigido pelo britânico Steve McQueen (do pesado "Shame"), com roteiro de John Ridley  (baseado na história real de Northup). McQueen gosta de planos longos e de deixar os atores conduzirem as cenas. Chiwetel Ejiofor está ótimo como Northup, mas a principal interpretação do filme é do alemão Michael Fassbender (que já trabalhou com McQueen antes em "Shame" e em "Hunger"). Fassbender interpreta Edwin Epps, um fazendeiro que acredita que a Bíblia lhe dá o direito de ter escravos. É grande o contraste entre ele e o primeiro "dono" de Northup, o gentil Sr. Ford (Benedict Cumberbatch, "Álbum de Família"). Northup defende Ford dizendo que ele é um senhor de escravos devido às circunstâncias mas, no fundo, o que o difere do sanguinário Sr. Epps? Os dois citam a Bíblia para os "empregados" e os tratam como mercadoria. Ford trata Northup um pouco melhor e até lhe salva a vida quando um dos capatazes (interpretado por Paul Dano, especialista em personagens asquerosos) tenta enforcá-lo. Quando Northup lhe explica que não é um escravo e que foi sequestrado, porém, Ford simplesmente diz que tem dívidas a pagar. "Você é um negro excepcional", diz Ford, "temo que nada de bom resultará disso". (leia mais abaixo)


"12 Anos de Escravidão" mostra como o espírito de um homem (e todo um povo, na verdade) pode ser quebrado. Os escravos estavam em maioria e possuíam armas como machados e outras ferramentas, mas como lutar contra o próprio medo? Northup aprende que, para sobreviver, deve ser o menos "excepcional" possível, tendo até mesmo que esconder que é culto e sabe ler e escrever. No caso das mulheres, a beleza podia ser uma vantagem e uma desvantagem. A escrava Patsey (a estreante Lupita Nyong´o, indicada ao Oscar) atrai os olhares do sanguinário mestre Epps, que tem asco dos próprios desejos. A situação também causa ciúmes à esposa de Epps (Sarah Paulson) e tudo culmina na cena mais forte do filme, um longo plano sequência em que Patsey é chicoteada quase até a morte.

A interminável temporada de prêmios, com suas festas, entrevistas coletivas e badalação acabam por tirar o foco do que realmente importa. Seria fácil dizer que o filme é só um produto de manipulação destinado a ganhar prêmios, e "12 Anos de Escravidão" é o principal candidato ao Oscar deste ano. Baixada a poeira, no entanto, fica um filme poderoso, embora difícil de se assistir.

Atualização: "12 Anos de Escravidão" ganhou os Oscars de Melhor Filme, Roteiro Adaptado (John Ridley) e Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong´o).

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lançado o primeiro trailer de "X-Men: Dias de um futuro esquecido"



O diretor Bryan Singer volta à franquia "X-Men" em um filme que vai juntar os mesmos personagens em duas épocas diferentes. Veteranos como Patrick Stewart (Xavier) e Ian McKellen (Magneto) vão dividir a tela com suas versões mais novas vistas em "X-Men: Primeira Classe", James McAvoy e Michael Fassbender. A ponte de ligação será o "imortal" Wolverine, vivido novamente por Hugh Jackman.

O filme tem estréia programada para Maio de 2014 e promete ser épico.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Toda Prova

Steven Soderbergh brinca com os gêneros ação e espionagem nesta obra mista; "A Toda Prova" tem explosões, artes marciais e uma heroína típicos de um filme de ação. Ao mesmo tempo, carrega as origens do cinema independente que Soderbergh tem nas veias e, por vezes, soa como uma bem feita paródia do diretor aos filmes da série "Bourne". A começar que o papel principal é da ex-lutadora de MMA Gia Carano. Ela é Mallory Kane, soldado contratada de uma firma particular americana que presta serviços ao governo (e também faz serviços sujos por conta própria). Mallory é bonita, atlética e incansável, capaz de correr atrás de um bandido por quarteirões ou vencer uma luta corpo a corpo com tropas de elite europeias. Após um serviço de resgate em Barcelona, Mallory é traída pelo seu chefe, Kenneth (Ewan McGregor), que a coloca em uma armadilha. Ela é enviada à Irlanda para fazer par com um agente britânico interpretado por Michael Fassbender, e descobre que havia sido usada em Barcelona para entregar um refém a um grupo rival (liderado pelo ator francês Mathieu Kassovitz). No quarto de hotel, Fassbender tenta matá-la. "Nunca pense nela como uma mulher", prevenira McGregor.

Pode-se notar nesta sinopse duas coisas: o elenco excepcional e a trama confusa. Soderbergh usa de seu prestígio para colocar em papéis coadjuvantes atores do calibre de Fassbender, Michael Douglas, Antonio Banderas, Bill Paxton, Kassovitz, entre outros. Eles servem também para ajudar na interpretação de Gia Carano, que apesar de bonita e lutar muito bem, não é grande atriz. Mas não é ruim, dentro das limitações do papel. A trama usa de todos os clichês de filmes de espionagem, como as locações internacionais (Barcelona, Dublin, Londres, Nova York) e as reviravoltas do gênero. Soderbergh, no entanto, coloca uma pitada de filme independente e autoral na obra, assim como fez com as série "Onze Homens e um Segredo". Ele assina não só a direção, mas a direção de fotografia e a edição (sob pseudônimos), coisa que fez até em filmes de grande orçamento como "Traffic" (2000), pelo qual ganhou o Oscar de melhor diretor. A sequencia passada em Barcelona, quando Mallory e equipe resgatam um refém, subverte os clichês na montagem e principalmente na trilha sonora de David Holmes.

O roteiro de Lem Dobbs tenta humanizar a personagem através da figura de seu pai (Bill Paxton) e em uma cena (vergonhosa, é verdade) em que Mallory chora a morte de um colega de trabalho. No resto do tempo, no entanto, Mallory Kane é implacável como Jason Bourne e distribui socos e chutes em cenas de luta muito bem coreografadas. "A Toda Prova" não traz nada de novo, mas entretém e é bem feito, e Soderbergh coloca seu toque pessoal na obra.


sexta-feira, 16 de março de 2012

Shame

Brandon Sullivan (Michael Fassbender) é um homem bem sucedido, bonito, bem empregado, que gosta de música clássica e mora em um bom apartamento em Nova York. Com estas qualidades, não lhe é difícil conquistar mulheres, que flertam com ele no metrô, no escritório ou nas baladas. Sua vida social, no entanto, está longe da ideal. Brandon é incapaz de sentimentos que não sejam carnais; seu computador, mesmo no trabalho, está cheio de vídeos pornográficos. Ao chegar em casa, assiste com desinteresse a mais vídeos na internet, farta deste tipo de oferta. Faz sexo com frequência, mas as parceiras são prostitutas ou mulheres que "pega" nas baladas, também desinteressadas em um relacionamento genuíno.

"Shame" é um retrato frio e impiedoso da sociedade do prazer. Sexo pode ser conseguido de forma tão fácil que só se torna interessante quando carrega uma grande dose de perversão ou exibicionismo. A busca pelo prazer físico se transforma em um verdadeiro culto ao orgasmo, que, como uma droga, perde o efeito rápido e precisa ser alcançado novamente o mais breve possível. O alemão Michael Fassbender (de "Bastardos Inglórios", "X-Men - Primeira Classe") se entrega a um papel arriscado e se expõe tanto física (há várias cenas em que aparece em nu frontal) quanto emocionalmente, e sua ausência nas indicações ao Oscar foi muito comentada. Brandon é um personagem tão frio e de pouca empatia com o público quanto o filme. Carey Mulligan (do ótimo "Drive") também aparece repaginada; frequentemente nua e desbocada, ela está distante dos papéis de "menininha" que costuma interpretar. Ela é Sissy, uma cantora que é irmã de Brandon e que aparece em seu apartamento sem avisar. A relação entre os dois é tão complicada quanto tudo que envolve Brandon. Há, ao mesmo tempo, tanta intimidade física (fica difícil vê-los como irmãos) quanto distância emocional. A couraça de Brandon é arranhada em apenas uma cena, quando a irmã canta uma versão lenta de "New York, New York" em um clube noturno. 

O diretor britânico Steve McQueen (nehuma relação com o famoso ator) usa de longos planos para criar tensão em algumas cenas importantes. Quando Brandon sai para jantar com uma colega do escritório, a cena é toda filmada em um único plano estático que se fecha lentamente sobre o casal, revelando o nervosismo dele com uma situação rara: ele tem sentimentos por esta moça. Quando os dois vão para a cama, novamente a câmera se mantém sem cortes por vários minutos, enquanto Brandon vai ficando cada vez mais desconfortável com as intimidades da garota. Nas cenas de sexo causal, no entanto, a edição se torna rápida e sufocante, e a câmera não tem pudores ao mostrar os corpos nus em cena. O que não significa, no entanto, que o filme tenha intenções pornográficas. O sexo em "Shame" não é excitante, muito pelo contrário. A expressão no rosto de Fassbender enquanto transa não é de deleite, mas de desespero. O filme recebeu a classificação NC-17 nos Estados Unidos, associada geralmente a filmes pornográficos (e que custam milhares de dólares à bilheteria) e censura 16 anos no Brasil. "Shame" incomoda ao por o dedo na ferida da sociedade do consumismo desenfreado. Obra difícil, mas fascinante. Visto como cortesia no Kinoplex Campinas.

Câmera Escura