
Um dia, porém, rebeldes radicais islâmicos matam imigrantes croatas e o terror se espalha pela região. A paz do mosteiro é quebrada abruptamente e os monges, acostumados a uma vida calma e tranquila, começam a questionar suas escolhas. O monge Christian, líder natural do grupo, se recusa a aceitar proteção militar do exército, o que causa polêmica entre seus colegas. Apesar da vida dedicada a Deus, eles são seres humanos e é natural que sintam medo de morrer. Deveriam permanecer no mosteiro ou fugir? Deveriam voltar para a França? Estas questões são debatidas democraticamente pelos monges ao redor de uma mesa. O elenco é tão bom que, aos poucos, o espectador começa a conhecer cada um deles. Lambert Wilson está impecável como o idealista Christian, apegado a suas crenças mas, ao mesmo tempo, aberto ao islamismo a ponto de citar o Alcorão a um líder terrorista quando, na noite de Natal, seu grupo invade o mosteiro. Michael Lonsdale também está bem como o velho médico que atende a todos, mesmo um rebelde islâmico ferido. Há também o monge Amédée (Jacques Herlin), o mais velho do grupo, que cativou o público com sua doçura.
Há duas cenas especiais: em uma, o monge Luc traz duas garrafas de vinho tinto e uma fita cassete com "O Lago dos Cisnes", de Tchaikovski, e emociona a todos em uma noite fria. Em outra cena, o monge Christian tenta abafar o estrondo de um helicóptero militar com seu canto gregoriano. O final, embora esperado, é trágico, mas é o que torna a vida dos monges ainda mais importante. Christian deveria ter partido com seu grupo e deixado a comunidade para trás? A quem ele deveria ter escutado, às autoridades argelinas que queriam que abandonasse o mosteiro ou aos líderes do vilarejo, que lhe pediram para ficar? Ao entregar a vida a Deus, ele já não havia feito sua escolha, ou havia alternativas? São questões que ficam após a sessão terminar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário