terça-feira, 17 de dezembro de 2013

42: A História de uma Lenda

Mesmo após lutar contra os nazistas na II Guerra Mundial ao lado dos brancos, os negros americanos, ao voltarem para casa, reencontraram os problemas de sempre; segregação, lugares separados em estádios, casas de espetáculo e até mesmo em banheiros. No baseball não era diferente e os negros podiam jogar apenas em uma liga própria. Até que, em 1947, o dono do Brooklyn Dodgers, Branch Hickey (um Harrison Ford bem diferente do comum) resolveu fazer uma aposta polêmica, trazendo para o time o jogador negro Jackie Robinson (Chadwick Boseman), que faria história usando a camisa "42".

Esta história é contada por Brian Helgeland, roteirista do ótimo "Sobre Meninos e Lobos", de Clint Eastwood e diretor do divertido "Coração de Cavaleiro", com Heath Ledger. "42" tem seus méritos, mas é bem comportado demais, parecendo um especial de TV. Harrison Ford surpreende ao deixar de ser "Harrison Ford" e assumir a idade, interpretando Branch Hickey como um velho idealista, obstinado e ranzinza (que lembra um pouco Carl Fredricksen, personagem do animado "Up - Altas Aventuras", da Pixar). No papel de Jackie Robinson, Chadwick Boseman faz o que pode com um roteiro um tanto simplista. O verdadeiro Robinson tem o status de lenda no baseball americano, a ponto da camisa número 42 ter sido aposentada no esporte, o que talvez justifique o modo "chapa branca" com que este filme foi feito. Mesmo mostrando episódios de racismo, "42" parece com medo de encarar os problemas que devem ter acontecido na época. A única cena mais forte se dá quando o técnico do time da Filadélfia, Ben Chapman (Alan Tudyk), resolve provocar Robinson gritando uma série de frases racistas durante um jogo. No resto do filme, porém, quase todo ato de racismo é acompanhado por uma cena em que um colega branco de Robinson lhe dá apoio imediato.


"42: A História de uma Lenda" ganharia muito se saísse do lugar comum. É tecnicamente competente, com boa fotografia do veterano Dom Burgess (de "Forest Gump", "O livro de Eli", "Homem-Aranha"), música de Mark Isham e interpretações sólidas. Mas falta ambição. Disponível em DVD (onde pode ser melhor apreciado).



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