domingo, 26 de fevereiro de 2017

Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)

Quais são os momentos que nos definem como seres humanos? Quando é que alguma coisa acontece que muda a direção de nossas vidas? Dividido em três partes, "Moonlight" acompanha tais momentos na vida de um rapaz chamado Chiron. O filme é escrito e dirigido com muita sensibilidade por Barry Jenkins e é o único que pode desafiar a supremacia de "La La Land" no próximo Oscar.

Chiron, quando criança, é vivido por Alex Hibbert. Ele é chamado de "Little" pelos companheiros de escola e é frequentemente perseguido por eles. Um dia, enquanto se esconde em uma casa abandonada, ele é encontrado por Juan (Mahershala Ali, no papel que vai lhe dar o Oscar), um traficante que gosta do garoto e o adota informalmente. A mãe de Chiron, Paula (Naomie Harris, em ótima interpretação) é viciada em drogas e é incapaz de cuidar direito do filho. O curioso é que Paula é viciada na droga fornecida por Juan e é nesse precário ambiente familiar que Chiron dá os primeiros passos na vida.

Quando adolescente, Chiron é vivido por Ashton Sanders e seus problemas só aumentaram. Quieto, tímido e sem lugar no mundo, Chiron é constantemente atacado por um colega da escola e não tem mais a figura de Juan para protegê-lo. A única pessoa que mostra interesse nele é Kevin (Jahrrel Jerome), com quem ele tem um momento revelador em uma praia de Miami. Paula, sua mãe, continua viciada em drogas e faz de tudo, inclusive favores sexuais, para consegui-la. Chiron tem que decidir se continua aceitando os abusos que sofre na escola ou se, pela primeira vez na vida, toma uma posição.

Na terceira parte conhecemos "Black", o nome pelo qual Chiron é conhecido como adulto. Ele é vivido por Trevante Rhodes e se transformou em um traficante muito parecido com Juan, sua principal influência na infância. Aparentemente forte e poderoso, Chiron ainda carrega os fantasmas da infância e juventude, que voltam à tona quando recebe um telefonema de Kevin, que não via há anos. Decidido a enfrentar os demônios do passado, Chiron volta à Miami, reencontra a mãe (agora em uma casa de repouso) e tem um encontro com Kevin (André Holland), que é cozinheiro de um restaurante. Tudo culmina em uma sequência que me deixou dividido. Todos nós sabemos o que vai acontecer e quais sentimentos existem entre Chiron e Kevin, mas este terceiro ato estica as cenas, mostradas quase que em tempo real, de forma exagerada. Ainda assim, a cena final é bastante poética e poderosa.

"Moonlight" é um filme de baixo orçamento ancorado em belas interpretações e em uma direção sensível. Ele tem momentos "cinema de arte", como quando Jenkins usa música clássica para acompanhar algumas cenas modernas ou na fotografia impressionista. Mahershala Ali tem um ótimo monólogo ao lado do pequeno Chiron, em frente ao mar, que vale o filme. "Moonlight" foi indicado a oito Oscars (Filme, Diretor, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Edição, Fotografia, Trilha Sonora e Roteiro Adaptado). Nas últimas semanas tem crescido um movimento que pode indicar que "Moonlight" tire o Oscar de Melhor Filme de "La La Land", até então imbatível. Veremos.

João Solimeo

Nenhum comentário: