quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pai, Filhos & Etc

A CPFL Cultura exibiu nesta quarta feira, em 35mm em seu cinema "Café Filosófico" a comédia dramática "Pais, Filhos & Etc" (Père et fils, 2003), produção franco-canadense dirigida por Michel Boujenah. O filme conta a história de um velho pai, Léo (o ótimo Philippe Noiret), que tem três filhos crescidos. David (Charles Berling), o mais velho, é um empresário bem sucedido mas ocupado demais para cuidar da vida pessoal. Mal visita o pai e está brigado com seu irmão Max (Bruno Putzulu). Os dois se desentenderam e não se falam há cinco anos, para desgosto do pai. E há Simon (Pascal Elbé), que é praticamente um adulto que esqueceu de crescer. O velho sofre um mal estar e vai parar no hospital para exames de rotina, mas ele tem um plano. Quando seus dois filhos mais velhos vão visitá-lo (separadamente), ele conta a cada um deles a mesma mentira: ele estaria com uma grave doença de coração e iria passar por uma arriscada cirurgia em duas semanas. Seu último sonho seria viajar junto com os filhos para o Canadá, "para ver as baleias" (Léo havia acabado de assistir a um documentário sobre isso na TV). Ao mais novo, Simon, Léo diz apenas que a família está saindo de férias.

Assim, os quatro homens partem para o Canadá onde, aos poucos, a convivência forçada faz surgir tanto atritos quanto reconciliações. Philippe Noiret (o eterno projecionista Alfredo, de Cinema Paradiso, que morreu em 2006) está ótimo. Ele usa e abusa da suposta doença para manipular os filhos e tentar reaproximá-los, nem que seja passando uma noite na cadeia. O tema da proximidade da morte como forma de aproximar a família tem sido bastante usado no cinema, com alguns bons resultados. A trama de "Pais, Filhos & Etc" me lembrou um pouco do filme canadense "As Invasões Bárbaras", de Denys Arcand. Mas este é um filme mais leve, que se torna um "road movie" quando os quatro saem em uma viagem de carro atrás de uma suposta curandeira que poderia curar a "doença" de Léo.

O curioso é que quanto mais tempo os irmãos passam juntos, mais próximos eles se tornam, o que significa que o plano do velho está dando certo. O problema é que, na verdade, Léo não foi um pai tão exemplar conforme os filhos estavam crescendo, e em alguns momentos ele é confrontado por eles. O roteiro (de Edmond e Edouard Bensimon) é bom e cria situações interessantes mas, por vezes, é um pouco repetitivo (como nas várias vezes em que alguém descobre a mentira do velho e o enfrenta). E, perto do final, achei que o filme seria mais dramático (ou corajoso), mas o tom leve permanece até o final.

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