terça-feira, 18 de julho de 2023

A Superfantástica História do Balão (2023)

A Superfantástica História do Balão (2023). Dir: Tatiana Issa. Star+. Documentário em três episódios sobre um fenômeno brasileiro dos anos 1980, o grupo infantil Balão Mágico. Os episódios partem de uma reunião atual dos quatro membros originais do grupo, todos adultos agora, acompanhados por depoimentos de empresários, amigos, familiares e fãs. O depoimento que achei mais curioso é do ator Lázaro Ramos, que está aqui somente na condição de fã mesmo; engraçado ver um ator famoso como ele falar sobre sua identificação com as crianças do grupo, principalmente com Jairzinho, que também era negro, e como os altos e baixos dos integrantes do Balão influenciaram sua vida.

A produção é de Tatiana Issa e Guto Barra, responsáveis pelo bom documentário sobre a morte da atriz Daniella Perez, disponível na HBO Max. O doc fala sobre o grande sucesso do grupo e não só das alegrias da fama, mas dos problemas causados por jornadas exaustivas, exploração de empresários e outras complicações. Dos quatro membros do Balão, o que parece mais traumatizado ainda é Vimerson Cavanillas, conhecido como "Tob". Ainda hoje ele chora ao recordar de um episódio ocorrido no programa da Globo, há 40 anos, quando não conseguia se lembrar do texto durante uma gravação. Jair Oliveira, o Jairzinho, é filho de Jair Rodrigues e, talvez, seja o mais bem sucedido e equilibrado hoje (a trilha sonora do documentário é dele). Mike foi sempre o "porra louca" do grupo, e não é para menos; o pai era o assaltante inglês Ronald Biggs, famoso por roubar um trem na Inglaterra e fugir para o Brasil, onde viveu exilado e vivendo da "fama" de ladrão. O filho ganhou um lugar no grupo quando o diretor da CBS o viu dando uma entrevista na televisão, criança. Simony nasceu de família de circo e já cantava no Raul Gil com três anos de idade. Há certo desconforto entre os quatro quando o assunto "dinheiro" é levantado. Fica implícito que a família de Simony embolsava mais dinheiro do que os outros. Depois que o Balão acabou, ela ainda apresentou programas infantis no SBT e causou escândalo quando, já mulher, apareceu nua na revista Playboy.

Entre os entrevistados, o que me pareceu mais "escroto" nas declarações foi o antigo diretor musical do grupo, que fala das crianças como um produto a ser embalado e vendido. O Balão Mágico, impulsionado pelo programa na Globo, vendeu mais de 5 milhões de discos e fez parcerias com Djavan, Roberto Carlos, Fábio Jr., entre outros. O programa acabou porque as crianças, naturalmente, cresceram (Tob, novamente, ficou traumatizado por ter sido o primeiro cortado do grupo). O programa deles na Globo acabou substituído pelo "Xou da Xuxa" quando a loira foi contratada pela emissora em 1986. O documentário tem bastante material de arquivo, entrevistas, fotos e vídeos da época. É também relativamente curto, com apenas três episódios. Disponível na Star+.  

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