Guerra Civil (Civil War, 2024). Dir: Alex Garland. Depois de gerar polêmica por vários meses, antes mesmo de ser lançado, "Guerra Civil" continua dividindo opiniões. Há quem diga que o filme é muito parado e que não entrega a ação estilo "Marvel" prometida nos trailers (é por isso que evito trailers há anos). Há quem diga que o filme é "isentão"; Garland evita tomar partido e o filme é muito menos sobre os "porquês" e "comos" e mais sobre o lado humano e a estupidez da guerra.
Para os brasileiros, o filme traz o atrativo de ter Wagner Moura como uns dos protagonistas. Ele é Joel, um jornalista que, acompanhado de uma fotógrafa veterana, Lee (uma ótima Kirsten Dunst), tenta chegar a Washington, partindo de Nova York, em plena guerra civil americana. O roteiro não deixa o espectador totalmente "no escuro". Há referências a um terceiro mandato do presidente americano (Nick Offerman), à dissolução do FBI e bombardeios sobre civis americanos. Uma estranha aliança formada pela Califórnia e o Texas (hoje totalmente opostos em praticamente tudo) estaria à frente da guerra civil.
Garland filma tudo com calma e elegância. O filme foi feito com câmeras digitais fabricadas pela empresa de drones DJI e os planos são fluidos e eficientes. Garland evita aquela câmera tremida mesmo em meio a incríveis cenas de tiroteio. "Guerra Civil" é também um "road movie", aquela estrutura dramática episódica em que os personagens partem de um lugar, chegam a outro, passam por alguma aventura, partem para outro lugar e assim por diante.
Acompanhando Wagner Moura e Kirsten Dunst na van há um jornalista mais velho (Stephen McKinley Henderson) e uma fotógrafa bem nova (Cailee Spaeny), que parece uma criança (o Google me informa que ela tem 25 anos, mas parece ter uns 13, às vezes). O contraste entre o velho experiente e a garota é o estopim para várias cenas. Moura interpreta um daqueles repórteres de guerra viciados em adrenalina, sempre pronto para entrar em uma zona de combate. A personagem de Dunst já viu (e fotografou) tudo de pior na vida e sua sanidade está por um fio.
Dirigindo por estradas desertas e zonas de combate, eles acabam descobrindo que é nos pequenos lugares que o mal espreita. Ou, em uma cena surreal, também encontram uma cidadezinha que está "alheia" à carnificina ao redor, todos vivendo como se nada estivesse acontecendo. Quem quer ver cenas de ação tem que esperar até a parte final, impressionante, passada em Washington.
O filme foi produzido pela A24, produtora famosa por filmes de baixo orçamento (relativamente falando) e "filmes de arte". Este é, de longe, o filme mais caro produzido por eles e, apesar das cenas de ação que custaram milhões de dólares, o roteiro ainda se interessa mais pelos humanos que habitam a tela. O final é cínico e, talvez, um pouco apressado. Assisti em uma tela IMAX lindona com um som impressionante e creio que, hoje em dia, se for para sair de casa e ir ao cinema, o IMAX é o único que entrega uma boa experiência cinematográfica, mesmo em um filme mais lento como este.
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