sábado, 5 de novembro de 2011

Um Conto Chinês

Há algo de Magnólia (1999), filme de Paul Thomas Anderson, no roteiro de Um Conto Chinês (escrito e dirigido por Sebastián Borensztein). O filme começa de forma absurda, mostrando um casal chinês em uma linda paisagem; eles estão em um barco no meio de um lago cinematográfico e o rapaz está para pedir a moça em casamento quando, de repente...uma vaca cai do céu e destrói o barco. Lembrou-se de Magnólia?

Corta para Buenos Aires, para a loja de ferragens de Roberto (o onipresente Ricardo Darín). Ele é um solteirão que leva sua vida seguindo uma série de rituais, do modo como toma o café-da-manhã à hora que vai dormir (sempre no minuto exato). Na loja, ele chega a contar quantos parafusos o fornecedor enviou e, quando não bate exatamente com o que diz o pacote, liga para reclamar. Sua vida regrada começa a mudar com a chegada de Mari (Muriel Santa Ana), uma mulher que está claramente apaixonada por ele, apesar da frieza de Roberto. Mas a rotina dele muda pra valer no dia em que o chinês Jun (Ignario Huang) é jogado de um táxi aos pés de Roberto. Jun havia sido roubado pelo taxista e não fala uma palavra de espanhol. A única referência que ele tem é um endereço tatuado no braço. Roberto o leva até o local mas não há ninguém da família de Jun por lá. Roberto a princípio larga o chinês em um ponto de ônibus, debaixo de chuva, mas acaba voltando e o levando para casa.

A convivência entre os dois se torna um exercício de paciência para Roberto, que tem sua rotina atrapalhada pelo hóspede chinês. Jun começa a fazer pequenos serviços em troca de poder ficar na casa, mas até quando essa situação vai durar? As autoridades não são de grande ajuda e a língua é um obstáculo e tanto. Em cenas engraçadas, eles usam até um entregador de comida para traduzir o que Jun está falando. Roberto continua com seu modo difícil de ser e Jun acaba encontrando ajuda em Mari, que continua tentando conquistar o coração de Roberto. O filme é esteticamente bonito, com cenografia precisa e bom trabalho de fotografia. Lugares poucos vistos de Buenos Aires no cinema, como o bairro chinês, ganham destaque. Ricardo Darín continua uma série de bons filmes e é, de novo, corpo e alma deste. A influência de Magnólia continua em uma mania de Roberto, que é colecionar histórias estranhas que recorta das páginas dos jornais. O final do filme vai mostrar como o mundo é cheio de coincidências estranhas.  Em cartaz no Topázio Cinemas.


Um comentário:

Carolina Cristina disse...

Filme fantástico!!! Me vi no personagem do Ricardo Darín!!! Hahahahahaha....