terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ted

Era uma vez um garotinho que não tinha amigos. Até  que, em uma noite de Natal, ele ganhou um ursinho de pelúcia chamado Ted; o garoto desejou que  ele fosse vivo de verdade e seu amigo pelo resto da vida. Como era noite de Natal, seu desejo foi realizado e os dois viveram felizes para sempre. Ou não.

"Ted" é criação de Seth MacFarlane, da série "Uma Família da Pesada" (Family Guy), e o filme é como um conto de fadas estrelado pelas novas versões de Beavis e Butthead. O garotinho cresceu para se transformar em John Benett (Mark Wahlberg), um adulto irresponsável de 35 anos que ainda se diverte com Ted, seu ursinho, mas em brincadeiras bem diferentes dos tempos de criança. Os dois passam grande parte do tempo no sofá experimentando drogas e vendo televisão. Ted continua fofo, mas a voz engrossou e ele se tornou um drogado que solta uma frase chula atrás da outra. Por mais improvável que pareça, um cara como John tem um emprego em uma locadora de carros e uma bela namorada, Lori (Mila Kunis), com quem está junto há quatro anos. Lori trabalha em uma empresa grande, onde todos os dias tem que aguentar as "cantadas" de um chefe que tem nome de cachorro, Rex (Joel McHale). Ele é irritante, mas é rico, ambicioso e muito mais adulto do que John. Apesar de amar muito o namorado, Lori gostaria que ele deixasse o ursinho de lado e se tornasse, finalmente, "gente grande".

Não deixa de ser interessante que, no mundo politicamente correto de hoje, um filme como "Ted" tenha sido feito. Há situações engraçadas geradas pelo absurdo de ver um ursinho de pelúcia agindo como um canalha completo, viciado em drogas e mulheres. Quando se esperaria ver, em um filme de um grande estúdio americano, uma cena de sexo entre um boneco e uma loirona? A voz de Ted é feita pelo próprio MacFarlane, que também escreve, produz e dirige o filme. Claro que é tudo uma grande bobagem e há algumas sequências em que se percebe que o filme está apenas girando em círculos. Sam J. Jones, o ator de "Flash Gordon", filme ultra brega produzido em 1980, aparece como ele mesmo em uma festa promovida no apartamento de Ted. Jones tira sarro de si e do personagem, mas a sequência é longa e é só mais uma desculpa para mostrar outras cenas com drogas e nudez. O relacionamento entre John e Lori passa por todos os clichês esperados e é de se admirar o fato de que Mila Kunis, aparentemente, leva o papel a sério. Já Wahlberg, com 41 anos, não convence muito como um "garotão" de 35. As cenas de drogas e o tema "adulto" da produção levaram a censura brasileira a classificar o filme para maiores de 16 anos, o que não impediu um caso pitoresco, tipicamente brasileiro, de um deputado querer proibir "Ted" de ser exibido em território nacional. Sim, o filme não é para crianças e os cinemas que permitirem a entrada de menores de 16 anos na sala (como fez o deputado, que levou o filho de 11 anos ao cinema, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo) deveriam ser punidos. Quando for lançado em DVD, espera-se que a embalagem deixe bem claro que o conteúdo não é adequado para crianças. Quanto aos adultos, "Ted" rende algumas risadas e nada mais. Visto no Kinoplex, Campinas.


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