domingo, 6 de outubro de 2013

Obsessão

"Obsessão" é trash. Digo, quando o espectador imaginaria ver Nicole Kidman urinando em Zack Efron? Pois é, é neste nível de trash que estamos falando. Em 1969, um jornalista chamado Ward Jansen (Matthew McConaughey) volta para sua pequena cidade natal, na Flórida, para investigar um caso de assassinato. O suspeito é interpretado por John Cusack, que só poderia ser descrito como "nojento". Ele foi condenado à cadeira elétrica pela morte de um policial mas, sabe-se lá o porquê, o jornalista acredita na inocência dele.

O filme é escrito e dirigido por Lee Daniels (de "Preciosa"), com roteiro baseado em um livro de Pete Dexter. É passado no Sul dos Estados Unidos no final dos anos 1960, em uma época de luta pelos direitos humanos e contra o racismo, mas não fica muito claro o que isto tem a ver com a trama. Quando, no início, vemos McConaughey chegando à cidade de Lately, acompanhado de um repórter negro (David Oyelowo), lembramos de filmes como "Mississipi em Chamas" (1988), de Alan Parker, ou "Tempo de Matar" (1996), outro filme de McConaughey, em que ele interpretava um advogado responsável por defender Samuel L. Jackson. Mas "Obsessão" não é este tipo de filme. O racismo é visto o tempo todo, mas ninguém é inocente nesta história (muito menos o repórter negro). "Obsessão" não é um filme de mensagem (a não ser, talvez, a de que todo ser humano é podre). Nicole Kidman interpreta uma ninfomaníaca a quem o termo "vulgar" seria, talvez, um elogio. É daquelas mulheres que se apaixonam por presidiários (no caso, o personagem de John Cusack), com quem ela se corresponde sem nunca tê-lo conhecido. A cena em que os dois se encontram pela primeira vez, a propósito, faz a cruzada de pernas de Sharon Stone em "Instinto Selvagem" parecer uma história para crianças.


Tudo isto é filmado por Daniels com cores quentes e imagem granulada, e o filme cheira a suor, pântanos e jacarés. O propósito de chocar ou mesmo enojar a platéia é evidente e é uma pena que "Obsessão" sequer tente sair da linha trash. É de se imaginar como é que Lee Daniels conseguiu reunir um elenco destes para este filme (talvez o prestígio conseguido com "Preciosa"). Os atores, é verdade, devem ser elogiados pela ousadia. "Obsessão" não deixa de ser uma experiência curiosa mas, no final das contas, é apenas desagradável. Em cartaz no Topázio Cinemas, Campinas.

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