quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Não! Não Olhe! (Nope, 2022)

Não! Não Olhe! (Nope, 2022). Dir: Jordan Peele. "Nope" é o terceiro (e estranho) filme de Jordan Peele (dos também estranhos e fascinantes "Corra!" e "Nós"). Difícil de classificar, "Nope" é oficialmente ficção-científica com toques de terror; é também uma comédia de humor negro que homenageia/parodia filmes como "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (e "Guerra dos Mundos"), de Steven Spielberg, ou mesmo "Sinais", de Shyamalan.


Peele, desde o começo, brinca com a própria história do cinema, mostrando a famosa sequência de fotos de um cavalo cavalgando feita por Eadweard Muybridge em 1877; pois bem, quase 150 anos depois, "Nope" trata de uma família especializada em treinar cavalos para filmes e séries de TV. Daniel Kaluuya é OJ Haywood, um cara de poucas palavras que, com a irmã (Keke Palmer), tenta manter os cavalos em um rancho na Califórnia. Só que coisas bem estranhas começam a acontecer na região. Objetos começam a cair do céu. Formas estranhas são vistas atrás das nuvens. Cavalos (e pessoas) desaparecem em pleno ar. Auxiliados por um rapaz de uma loja de materiais elétricos (Brandon Perea), eles instalam várias câmeras por todo rancho, tentando gravar a "coisa" que está por trás de tudo isso.

Eu (como sempre) tentei ficar o mais longe possível de trailers e detalhes da produção, embora tivesse uma vaga ideia de se tratar de algo extraterrestre (assisti a um trailer agora, depois do filme, e mostram simplesmente TUDO). Há, como disse, grandes influências de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", principalmente na deslumbrante direção de fotografia de Hoyte van Hoytema (de vários filmes de Nolan), feita em Kodak 65mm. Há uma bizarra história paralela envolvendo o personagem de Steven Yeun (Minari, The Walking Dead) que, a princípio, pode parecer não ter nada a ver com o tema principal, mas envolve TV, cinema, espetáculo e, sim, um predador.

No fim das contas, "Nope" é muito mais sobre cinema do que sobre supostos extraterrestres. Note como o objetivo dos protagonistas nem é derrotar um inimigo, mas capturar sua imagem. Há até uma auto ironia no fato de que eles chamam um grande diretor de fotografia estrangeiro (Michael Wincott) para tentar filmar (em IMAX), uma cena boa do dito cujo. Fascinante. Nos cinemas.

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