sábado, 19 de novembro de 2022

O Milagre (The Wonder, 2022)

 
O Milagre (The Wonder, 2022). Dir: Sebastián Lelio. Netflix. Em 1862, uma enfermeira e uma freira são chamadas para observar uma menina que não come há quatro meses. "Por que chamaram uma freira?", pergunta a enfermeira. "Bem vinda à Irlanda".

Não sabia nada sobre "O Milagre", filme que estreou esses dias na Netflix e traz a grande Florence Pugh ("Não se preocupe, querida") como uma enfermeira inglesa chamada Lib Wright. Ela é contratada pelo comitê de uma pequena vila irlandesa para observar uma garota chamada Anna (Kíla Lord Cassidy). A menina é considerada milagrosa pela vila por, supostamente, conseguir viver sem se alimentar. "Imagino que ela esteja de cama", diz a enfermeira. Só que não é este o caso; a menina parece saudável e disposta. Ela mora com a família em uma casa afastada. Florence Pugh, atriz cuja carreira está em ascensão, está ótima como uma mulher prática e cética, mas que carrega uma perda pessoal. Ela não acredita em milagres e acha que a menina está sendo alimentada às escondidas. "Eu me alimento de maná do céu", diz a garota, que é religiosa fervorosa. A família também acredita em um milagre. O médico (Toby Jones) tem teorias pseudocientíficas sobre "magnetismo" ou "alimentação pela luz". Só um jornalista (Tom Burke) compartilha o ceticismo da enfermeira, mas mesmo ela parece começar a acreditar na garota.

Não vou dar spoilers sobre a trama, mas este é um filme que discute os conceitos de "verdade", "fé" e da importância de se contar histórias. O início de "O Milagre" se passa em um set de filmagens que mostra os cenários do filme que estamos para assistir. Uma narradora diz que "os personagens desta história acreditam nela firmemente". Assim, há uma verdade por trás da história de Anna (que é bastante emocionante), mas as pessoas vão acreditar no que quiserem acreditar. "O Milagre" acaba nos mostrando como um comitê de homens, na Irlanda que havia acabado de passar por uma fome histórica, ficou observando uma garota ficar sem comer por semanas.

A fotografia de Ari Wegner (de "Ataque dos Cães"), é belíssima, assim como a estranha trilha sonora de Matthew Herbert. Filmão. Tá na Netflix.

Nenhum comentário: