domingo, 17 de maio de 2009

Katyn

Em setembro de 1939, a Polônia foi invadida pela Alemanha nazista, dando início à II Guerra Mundial. Na época, a União Soviética ainda não estava do lado Aliado, pois mantinha um pacto de não-agressão com a Alemanha. Só quando Hitler avançou Europa adentro que os soviéticos cortaram relações com a Alemanha. Em 1939, os poloneses se encontravam divididos entre os nazistas, que invadiram pelo oeste, e pelos soviéticos, que vieram pelo leste.

Na primeira cena do filme "Katyn", do veterano diretor polonês Andrzej Wajda (que está com 83 anos), vemos um grupo de refugiados poloneses sobre uma ponte, enfrentando a difícil decisão: fugir para o leste ou para o oeste? Uma delas é Anna (Maja Ostaszewska) que, com a filha Veronika, está à procura do marido, Andrzey (Artur Zmijewski), um oficial polonês prisioneiro dos soviéticos. Ele e outros oficiais são removidos para campos de prisioneiros na região de Smolensk, na União Soviética. Andrzei mantém um diário e envia várias cartas à esposa enquanto está preso. Entre quinze e vinte mil oficiais poloneses foram mantidos em campos soviéticos até que, misteriosamente, eles "desaparecem". As cartas pararam de chegar após abril de 1940, e milhares de corpos foram encontrados enterrados na floresta de Katyn. Os nazistas acusaram os soviéticos de um massacre; os russos, por sua vez, disseram que foram os nazistas os culpados.

O pai do diretor Andrzey Wajda era um dos oficiais mortos nesse massacre, no início da II Guerra Mundial. Wajda tem uma extensa carreira cinematográfica, que inclui filmes como "Danton" (1983), sobre a Revolução Francesa, com Gerárd Depardieu, e várias obras feitas sob a ocupação soviética na Polônia. Em "Katyn" ele filma com frieza e sobriedade, revelando aos poucos o drama das famílias polonesas que ficaram sem receber notícias de seus entes queridos por anos. Há cenas muito bonitas, como uma em que o exército polonês, trancafiado durante a véspera de Natal, se reúne para cantar com seu general. A câmera de Wajda sobe e a configuração dos prisioneiros entre os beliches do alojamento formam uma cruz. Pequenas histórias também são contadas, como a do oficial soviético que, usando de sua influência, consegue impedir que Anna e sua filha sejam presas pelo exército russo; há até lugar para um romance que dura apenas alguns minutos, quando uma garota salva um rebelde polonês da polícia soviética. Eles combinam de se encontrar no dia seguinte mas, em período de guerra, poucas promessas podiam ser cumpridas.

O filme não é linear e as cenas que descrevem o massacre foram deixadas para o final. Filmadas do ponto de vista dos soldados executados, elas são extremamente realistas e cruas, mostrando como cada soldado foi morto com um tiro na cabeça e jogado em uma vala comum pelos oficiais soviéticos. O massacre de Katyn foi motivo de debate por vários anos, sobre quem teria sido o verdadeiro autor. Tendo Hitler e um lado e Stalin do outro, fica realmente difícil imaginar quem foi pior para a Polônia. Wajda dá sua versão do massacre, baseada em estudos realizados no pós-guerra.



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