domingo, 25 de julho de 2010

Mademoiselle Chambon

Ao fazer programa duplo no Cine Topázio, em Campinas, eis que deparo com a mesma atriz nos dois filmes. Após assitir ao ótimo e engraçado "O Pequeno Nicolau", mudei de sala para ver o drama "Mademoiselle Chambon". A atriz é Sandrine Kiberlain que, curiosamente, interpreta uma professora primária nos dois filmes. Mas enquanto "Nicolau" é um filme leve e engraçado, Mademoiselle Chambon é um sensível drama de amor. É notável a sutileza do diretor Stéphane Brizé ao contar a história do pedreiro Jean (Vincent Lindon) e da professora Véronique Chambon, que dá aulas para o filho de Jean. Ele é um trabalhador braçal, casado com Anne-Marie (Aure Atika) e pai de Jérémy (Arthur Le Houérou). Um dia a professora o convida para se apresentar à classe do filho para falar sobre seu trabalho. Apesar do pouco estudo e do trabalho duro, Jean se revela articulado e apaixonado pelo trabalho, o que atrai discretamente a atenção da solitária Mademoiselle Chambon. Ela lhe pede que vá consertar uma janela com problemas na casa dela, e o que se segue é uma das sequências de tensão amorosa e atração sexual mais bem feitas do cinema. Os dois estão sozinhos no apartamento, ela corrigindo provas no quarto enquanto ele está na sala fazendo o serviço. Percebe-se que os dois estão interessados, mas de maneira quase envergonhada, tímida. Ele é casado. Ela dá aulas para o filho dele. Eles sabem que estão "errados", sabem que é "impossível"; mas também sabem que, em uma outra realidade, os dois poderiam ser ideais um para o outro.

Jean é um homem íntegro, que não está interessado em trair a esposa. É também bom filho e toma conta do pai, que está doente. Mas há algo na professora que lhe atrai muito, e não é apenas uma coisa sexual. Em uma bela cena, ele lhe pede que toque alguma coisa no violino. Ela fica envergonhada e, a princípio, se recusa. Ele insiste. É bom ver um filme, hoje em dia, em que um homem e uma mulher não pulam direto para a cama. O amor que surge entre os dois é genuíno e, como toda paixão, sofrida. Para complicar, Jean descobre que a esposa está grávida. E agora? De seu lado, a solitária Chambon recebe uma oferta para ser efetivada na escola do filho de Jean. Será uma boa idéia? Não seria melhor partir enquanto ainda é tempo?

Mademoiselle Chambon é um filme de longos silêncios e olhares, em que o não dito fala mais do que muitas palavras. A dor da paixão não consumada é expressa na música clássica do compositor Elgar, em notas de violino. Ótimo filme.


4 comentários:

Amanda Cotrim disse...

poxa, joao, eu sei que nao voltarei aki no blog pra ver sua resposta, mas tem como vc me responder no meu orkut? Pergunta: aonde eu consigo esse filme? fiquei entusiasmada com a sinopse!
Abraços

Amanda Cotrim

Carol Pin disse...

Resolvi fazer a dobradinha que vc fez mais em dias seguidos, e confesso que me surpreendi com esse, o silencio compoe perfeitamente o filme...

João Solimeo disse...

Bom o filme né? Achei muito sutil, delicado. Grandes silêncios, contrapondo com a música do violino.

Ana Paula Pereira disse...

O violino está ótimo, mas o roteiro poderia ser bem melhor. Gostaria de uma "outra versão" com mais diálogos, mas acho que o silêncio casa bem com a situação vivida no filme. Silêncio também da esposa, que por fim percebe tudo e prefere se calar.