segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma Manhã Gloriosa

Há muitos anos existe um debate entre o que é entretenimento e o que é notícia. Nos Estados Unidos até se criou o termo "infotainment", ou "infoentretenimento", que englobaria aqueles programas matinais como o icônico "Today Show", da rede NBC, que mistura as notícias da manhã com receitas de bolo e matérias sobre obesidade. Como vivemos em plena era da publicidade, infelizmente o jornalismo clássico tem perdido terreno para o sensacionalismo e os programas apelativos. "Uma Manhã Gloriosa" trata destes assuntos, ironicamente, de forma leve e divertida, embora seria injusto exigir algo mais profundo de um produto que é, descaradamente, entretenimento.

Rachel McAdams, mais adorável do que nunca, é Becky Fuller, uma produtora de TV workaholic que assume a produção executiva do programa "Daybreak", da fictícia emissora IBS, em Nova York. "Daybreak" está com péssima audiência e a emissora está pensando em cancelá-lo, mas Becky, com uma dedicação patológica, começa a fazer mudanças. A mais drástica é demitir o âncora do programa e, em seu lugar, colocar o lendário (e ranzinza) jornalista Mike Pomeroy (Harrison Ford, assumindo a idade). Pomeroy representa o jornalista clássico, hard news, e só se interessa pela verdade e por sua inabalável integridade. Baseado em Mike Wallace (do programa 60 Minutes), Pomeroy aceita o trabalho pelo dinheiro, mas se recusa e entrar no "clima" do programa matutino. Becky, além dos problemas de audiência, precisa também controlar a briga de egos entre Pomeroy e a outra apresentadora do "Daybreak", Collen (Diane Keaton), que já foi Miss Arizona.

Dirigido por Roger Michell, "Uma Manhã Gloriosa" parece um sitcom bem produzido e está mais para filmes como "O Diabo Veste Prada" do que para clássicos sobre jornalismo como "Todos os Homens do Presidente" (Alan J. Pakula, 1976) ou mesmo filmes mais leves como "Broadcast News" (de James L. Brooks, 1987). Mas o carisma do elenco, principalmente de Rachel McAdams, mantém "Uma Manhã Gloriosa" razoavelmente interessante. As mudanças que a produtora tem que fazer para aumentar a audiência mostram como nossa sociedade está mais interessada em coisas bizarras do que em notícias sérias. Um dos repórteres mais antigos do programa, por exemplo, começa a fazer "matérias" que mostram sua reação desesperada ao andar em uma montanha russa ou saltar de paraquedas. Mas Mike Pomeroy acaba mostrando, mais para o final, que ainda há lugar para o jornalismo sério. Mesmo que venha entre uma matéria sobre vidas passadas e uma receita de omelete.


Um comentário:

Fernando Vasconcelos disse...

Tu gosta muito da Rachel McAdams, que é moça pra casar, concordo, kkk mas nesse filme ela está meio irritante, não? Ei, não tinha visto esse novo visual do blog. Tá bem melhor :)