sábado, 18 de fevereiro de 2012

O Homem que Mudou o Jogo

Filmes sobre esportes seguem sempre a mesma fórmula e são populares no cinema americano. Talvez porque sejam uma representação fácil (mas não necessariamente simplória) dos dramas humanos; lutar, treinar, perseverar, vencer, perder, dar a volta por cima. A sociedade americana adora um vencedor, e "O Homem que Mudou o Jogo", apesar de seguir esta fórmula, não foca necessariamente na vitória, mas em um processo, um modo novo de fazer as coisas. Baseado em um livro de 2003 de Michael Lewis, mostra a trajetória de um time pequeno de baseball que, em 2002, venceu 20 partidas em seguida, estabelecendo um novo recorde, depois de um começo de temporada desastroso. As regras do baseball, mesmo depois de todos os filmes americanos a respeito, ainda soam como grego para o espectador brasileiro, mas "O Homem que Mudou o Jogo" pode ser assistido da mesma forma que se assiste a um filme sobre hackers; os personagens estão falando em um código estranho, mas o que interessa é a história que está sendo contada. Não por acaso, um dos roteiristas do filme é Aaron Sorkin, de "A Rede Social", fazendo dupla de peso com o roteirista Steve Zaillian (de "Millenium, Os Homens que Não Amavam as Mulheres").

Brad Pitt é Billy Beane, o gerente geral do Oakland Athletics. Billy havia sido um jogador promissor nos anos 80, mas que não conseguiu se destacar. No início da temporada de 2002, o Athletics havia perdido três de seus principais jogadores e Billy precisava de um novo modo para gerenciar o time. Seus assessores e olheiros procuravam pelas soluções de sempre, mas Billy encontrou no jovem Peter Brand (Jonah Hill) o "algo a mais" que procurava. Brand havia se formado em economia em Yale e é o protótipo do nerd. Baseado nas teorias matemáticas de um homem chamado Bill James, Brand tem um modo diferente de escolher jogadores. Ao invés de procurar pelos astros do esporte, caros demais para as finanças do Oakland, Peter alega poder escolher combinações vencedoras formadas por jogadores menos talentosos e mais baratos. Billy Beane resolve apostar nas teorias do rapaz, causando alvoroço na imprensa e problemas com seus colegas de time, em particular o técnico Art Howe (Philip Seymour Hoffman).

A dupla Brad Pitt e Jonah Hill garante os melhores momentos do filme, com diálogos rápidos e inteligentes. Os dois estão concorrendo ao Oscar por sua performance, apesar de não serem necessariamente brilhantes. Pitt sempre foi bom ator e faz de Billy Beane um homem fechado, que apesar de amar o esporte tenta manter certa distância emocional dele. Durante os jogos, por exemplo, ele nunca está no estádio, preferindo ficar dirigindo a esmo ou se exercitando na academia. Um toque a mais de drama é acrescentado pela convivência com sua filha Casey, que fica preocupada quando os rumores sobre a possível demissão do pai circulam pela internet.

O filme é dirigido por Benett Miller (de "Capote") e não tem nada de novo. Mas é um drama esportivo bem construído, com boas interpretações e roteiro bem escrito.



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