terça-feira, 28 de maio de 2013

Sem Proteção

É um prazer ver um filme feito por um veterano como  Robert Redford. Apesar de algumas cenas de ação, o filme se sustenta na direção clássica de Redford, baseada em diálogos, ritmo lento e, principalmente, grandes interpretações. O prestígio do diretor e antigo galã é tamanho que ele pode se dar ao luxo de ter "coadjuvantes" do porte de Susan Sarandon, Nick Nolte, Chris Cooper, Richard Jenkins, Stanley Tucci, Sam Elliott, Terrence Howard...é uma surpresa a cada nova cena.

A  trama trata de terrorismo, mas não do praticado pela Al Qaeda, mas de um grupo de americanos que, contrários à Guerra do Vietnam nos anos 1960, bombardeou alguns prédios e, durante um assalto a banco, teriam assassinado um segurança. Décadas mais tarde, uma ex-militante chamada Sharon Solarz (Susan Sarandon) resolve se entregar ao FBI, o que desencadeia uma investigação em busca dos antigos companheiros dela. Um jovem repórter do jornal Albany Sun-Times, Ben Shepard (Shia LaBeouf), seguindo uma pista, descobre que um pacato advogado chamado Jim Grant (Robert Redford) é, na verdade, Nick Sloan, um dos terroristas caçados há 30 anos pelo FBI. Nick deixa a filha pequena com o irmão (Chris Cooper) em Nova York e parte em busca de uma ex-namorada, Mimi Lurie (Julie Christie, bastante plastificada), que poderia provar a inocência dele.

O roteiro de Lem Dobbs (do cult "Cidade das Sombras") mantém várias tramas simultâneas em andamento.  Em uma, acompanhamos a investigação de LaBeouf que, quando não está fugindo de Transformers, é um ator competente. Outra linha segue a fuga de Redford pelo norte dos Estados Unidos à procura de Christie. Uma terceira segue o FBI, liderado por Terrence Howard, tentando capturar os terroristas. Redford, que sempre teve tendências "de esquerda" (para um americano, o que significa alguém moderado), tenta discutir  e até justificar as motivações do grupo dentro do contexto da Guerra do Vietnam, mas nada muito profundo. O charme do filme está nas relações entre os personagens e no modo seguro com que Redford dirige a produção. O título nacional é uma aberração (o que eles estavam pensando? Em alguma campanha pelo uso de preservativos?). O título original, "The Company you Keep", seria melhor traduzido pelo ditado "Diga-me com quem andas que te direi quem és". Qual é o limite entre as convicções ideológicas e a vida em sociedade? Princípios de 30 anos atrás ainda valem? Robert Redford apresenta a sua versão.


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