Mostrando postagens com marcador tolkien. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tolkien. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de dezembro de 2013

O Hobbit: A Desolação de Smaug

Um ano depois de "O Hobbit: Uma Jornada Inesperada", o diretor Peter Jackson (e legiões de produtores, artistas de efeitos especiais, atores, figurantes, etc) coloca nas telas "O Hobbit: A Desolação de Smaug", capítulo dois da trilogia re-imaginada por Jackson a partir do singelo livro escrito por J.R.R. Tolkien lá nos idos do século XX.

O filme ainda é muito longo, mas é fato de que o ritmo é mais rápido do que o anterior. Bilbo Baggins (Martin Freeman, divertido), o mago Gandalf (Ian McKellen) e 13 anões continuam a jornada pela Terra Média em direção da Montanha Solitária, antigo reino dos anões. O lugar foi tomado pelo cruel e gigantesco dragão Smaug (na voz GRAVE de Benedict Cumberbatch, de "Além da Escuridão: Star Trek"), e os anões querem retomar seu lugar de direito. Eles são liderados por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage), e a impressão que se tem é que Peter Jackson está tentando dar a Thorin semelhanças com Aragorn (Viggo Mortensen) que, na trilogia do "Senhor dos Anéis", também era o filho de um rei deposto, tentando retomar seu lugar. Só que não é tão fácil humanizar (ou enobrecer) personagens tão caricatos quanto os 13 anões criados por Tolkien (lembrando que o trabalho original era um livro infantil). Os aventureiros entram na Floresta Sombria, enfrentam um grupo de aranhas gigantes e acabam prisioneiros dos Elfos liderados pelo Rei Thranduil (Lee Pace), pai de Légolas (Orlando Bloom), que não aparece no livro original mas foi trazido de volta por Jackson para esta aventura. Bloom está doze anos mais velho do que nos filmes anteriores e, apesar da idade (e peso) maiores serem aparentes, seu personagem ainda faz a alegria dos fãs. Na sequência mais acelerada do filme, em que Bilbo e os anões fogem em uma corredeira dentro de barris,  Légolas mata dezenas de orcs enquanto salta de barril em barril, pulando por cima de galhos e realizando outras acrobacias de arco e flecha em punho. Os orcs, falando nisso, são os típicos vilões feios e descartáveis que podem ser mortos pelos heróis sem problemas de consciência.


O ponto alto, claro, é o confronto com o enorme dragão Smaug, uma fera de tamanho descomunal, que "causa terremotos quando se move e tufões quando agita as asas". Mas é um dragão que fala com o inglês impecável de Benedict Cumberbatch e os diálogos irônicos de Tolkien, e é realmente divertido ver o pequeno Bilbo tentando salvar a própria vida através da lábia. O filme é visualmente espetacular e há sequências de ação suficientes para agradar qualquer fã. Paralelo à trama do livro original, Peter Jackson e seus roteiristas vão tentando criar pontes com a trilogia original do "Senhor dos Anéis", o que não deixa de ser ambicioso, apesar de soar forçado em diversos momentos. A trama termina no meio a uma cena de ação, deixando o público em suspense para a conclusão da saga, daqui um ano. Com altos e baixos, "A Desolação de Smaug" é melhor do que o anterior, embora poderia ser melhor ainda se Jackson não tivesse tanto apego com as horas e horas de material filmado. Mesmo comercialmente falando, um filme entre uma hora e meia e duas horas renderia muito mais. Faz falta alguém com poder para pegar o filme e cortar, tranquilamente, uns quarenta, cinquenta minutos (material que poderia se tornar "extra" no DVD) de cenas desnecessárias.

Câmera Escura

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Hobbit: Uma Jornada Inesperada

Escrito pelo britânico J.R.R. Tolkien na década de 1930, "O Hobbit" era um livro infanto-juvenil leve, divertido e rico em detalhes, que contava a história de Bilbo Baggins (ou Bilbo Bolseiro), que acompanhava o mago Galdalf e 13 anões em uma aventura pela Terra Média. O grupo queria recuperar o ouro roubado pelo dragão Smaug e, no meio do caminho, Bilbo enfrentava uma série de aventuras; em uma delas, ele encontra no chão de uma caverna um grande anel de ouro que lhe dá o poder da invisibilidade. O livro foi um grande sucesso e Tolkien passou a vida escrevendo sobre a Terra Média e as aventuras em torno do anel encontrado por Bilbo. No século XXI, o neozelandês Peter Jackson embarcou na tarefa de transformar os três livros da série "O Senhor dos Anéis" em longos filmes que revolucionaram os efeitos especiais e puseram a Nova Zelândia no mapa cinematográfico mundial. O público respondeu com bilhões de dólares  nas bilheterias e, inevitavelmente, sabia-se que Jackson voltaria à Terra Média com sua versão de  "O Hobbit".

Só que o sucesso, assim como o Anel, é um aliado perigoso. Ao invés de fazer "O Hobbit" como um só filme de três horas, Jackson dividiu o livrinho em três partes, que prometem arrecadar o máximo de bilheteria possível para a New Line Cinema e os estúdios envolvidos na "franquia" de Tolkien. Com carta branca e precisando esticar ao máximo o roteiro (coisa que Jackson já faz normalmente), o roteirista/diretor traz a Terra Média de volta à telona em um filme com longas duas horas e cinquenta minutos de duração, um exagero. Não que "O Hobbit" seja uma experiência ruim de se assistir (apesar de ser voltado para um público dedicado). Jackson está à vontade com a mitologia criada por Tolkien e é um prazer rever Ian McKellen como o mago Gandalf. Também estão de volta, em pequenas aparições, Elijah Wood como Frodo e Ian Holm como o velho Bilbo. Interpretando o hobbit 60 anos mais novo está Martin Freeman, que faz um trabalho muito bom. Um numeroso elenco interpreta os 13 anões que, junto com Gandalf e Bilbo, partem para a "Montanha Solitária" para tentar recuperar o tesouro. Faz falta a presença sóbria de Viggo Mortensen, que interpretava Aragorn na trilogia anterior, mas o grupo de anões é divertido. A grande Cate Blanchett retorna como a Rainha dos Elfos, Galadriel, e sua beleza é um colírio como a única figura feminina em quase três horas de filme. Hugo Weaving também retorna como o sábio elfo Elrond, assim como Christopher Lee como Saruman.

O problema, repito, é a redundância do roteiro, claramente ganhando tempo para esticar a trama. Há longas sequências de flashbacks que explicam cada detalhe do passado dos personagens, assim como cenas intermináveis, como o jantar que acontece na casa de Bilbo antes da partida para a aventura. Outra questão é o uso excessivo dos efeitos digitais para criar centenas de vilões virtuais nas cenas de batalhas. Jackson se perde na sequência em que Gandalf e os anões fogem do interior da montanha dos orcs e há uma violência inconsequente (nenhum dos heróis chega sequer a se ferir). Há, porém, boas sequências, como a que mostra uma luta titânica entre gigantes de pedra, do tamanho de montanhas, que batalham sob a chuva. E o personagem Gollun, extraordinária criatura digital "interpretada" por Andy Serkis, continua o melhor ator da série. A trilha de Howard Shore repete quase todos os temas da trilogia original. A fotografia tem problemas; Jackson fez o filme em digital, em 3D e em um novo formato que grava a 48 quadros por segundo (contra os tradicionais 24 quadros por segundo do cinema), supostamente buscando uma qualidade melhor. O resultado é uma imagem ligeiramente embaçada e irreal, ao menos na cópia vista.

É um filme recomendável? Os fãs de "O Senhor dos Anéis", que não são poucos, certamente vão adorar. Outras centenas de espectadores vão assistir por impulso. Aos que não gostam de cinema de fantasia ou não têm paciência para ver anões correndo por quase três horas, melhor evitar. Visto no Kinoplex, em Campinas.