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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

ATENÇÃO: Spoilers

O terceiro e último capítulo da trilogia "O Hobbit" traz um Peter Jackson cansado e, aparentemente, apressado em terminar o trabalho iniciado em "Uma Jornada Inesperada" (2012). "A Batalha dos Cinco Exércitos" começa exatamente onde "A Desolação de Smaug" (2013) terminou, com o ataque do gigantesco dragão Smaug a Escaroth, povoado humano aos pés da "Montanha Solitária". Smaug é derrotado rapidamente pelo arqueiro Bard (Luke Evans), que consegue atingir o único ponto fraco na armadura da gigantesca criatura, terminando também com a melhor sequência de todo filme. Como ainda estamos no seu início, imagine o tamanho do problema que Jackson e seus roteiristas tinham nas mãos para transformar as  menos de 100 páginas finais da obra de J.R.R. Tolkien em um filme de mais de duas horas e vinte de duração.

"A Batalha dos Cinco Exércitos" é tão frio e burocrático quanto os antecessores foram longos e exagerados. Com Smaug fora de cena, o roteiro fica sem nenhum grande dilema a ser resolvido, a não ser que você se preocupe com o destino de personagens sem muito brilho como Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage) ou acredite no romance (inexistente no livro) platônico entre o anão Kili (Aidan Turner) e a elfa Tauriel (Evangeline Lilly). Não há um Anel do Poder a ser destruído, como no final da trilogia original de Tolkien, ou personagens realmente interessantes como Aragorn (Vigo Mortensen), Frodo (Elijah Wood) ou Gollun (Andy Serkis). Os únicos personagens ainda dignos de nota são Bilbo (interpretado muito bem por Martin Freeman) e Galdalf (Ian McKellen), mas os dois estão mais para espectadores do que para protagonistas neste capítulo final.

Assim, investe-se em uma exploração psicológica da "doença do ouro" que acometeu Thorin, obcecado em encontrar a "Pedra Arken" e em defender montanhas de ouro do ataque de vários exércitos compostos por humanos, elfos, orcs e outras criaturas, todas marchando em uma grande paisagem em computação gráfica. Armitage, como Thorin, se vê obrigado a fazer expressões faciais de "louco", além de um momento bastante vergonhoso em que ele tem a voz modificada para se parecer com o dragão Smaug, acompanhada de movimentos corporais e tudo. (leia mais abaixo)


Falando em momento vergonhoso (e em desperdiçar um vilão cedo demais), Galadriel (Cate Blanchett), Enrold (Hugo Weaving) e Saruman (Christopher Lee) têm uma cena apressada em que enfrentam Sauron, que é banido por Blanchett em uma exagerada cena de efeitos especiais (com direito a Galadriel transformada em uma espécie de entidade com voz distorcida por computador, reprisando cena da trilogia original). Nenhum dos personagens aparece novamente e fica no ar a pergunta: se Gandalf testemunhou o retorno de Sauron, por que é que ele parece ignorante deste fato no início de "O Senhor dos Anéis"?

O resto do filme, como sugere o título, não passa de uma longa série de cenas de batalha. Ao contrário dos filmes anteriores, ao menos neste a violência tem consequências sérias, resultando até na morte de alguns personagens importantes. O filme (e a Trilogia) terminam, porém, sem muita emoção ou brilho.

Uma questão técnica: Peter Jackson rodou os filmes da trilogia "O Hobbit" em um novo sistema chamado HFR (High Frame Rate) que grava a 48 quadros por segundo (ao contrário dos 24 quadros por segundo tradicionais do cinema). A técnica daria um visual mais "fluido" à imagem, mais "realista", lembrando videogames. A cópia que assisti estava em 3D e, aparentemente, com o framerate de 48 quadros por segundo, o que me causou enorme estranheza. Não parece cinema, parece TV de alta definição. A imagem, mais clara e nítida, se parece mais com o que estamos acostumados a ver em documentários, novelas e vídeos de making ofs do que de filmes de cinema. Foi o primeiro filme desta trilogia que vi com este sistema, mas não estou só em minha estranheza com a imagem, como mostra este artigo de 2012. Se puder escolher, eu recomendaria ver o filme no sistema normal, e não em HFR.

João Solimeo
Câmera Escura

quinta-feira, 5 de junho de 2014

X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido

O novo filme dos "X-Men" tem um pouquinho de tudo: um futuro distópico e sombrio que lembra "O Exterminador do Futuro" e a série "Matrix"; viagens no tempo para tentar mudar a História; robôs gigantes em batalhas apocalípticas e muitas referências à cultura pop, como uma TV exibindo um episódio da série clássica "Jornada nas Estrelas" ou um mutante usando uma camiseta do Pink Floyd. É recomendável que o espectador faça uma retrospectiva da série "X-Men" e os filmes do Wolverine antes de entrar no cinema, com o risco de se perder tentando lembrar como é que o Professor Xavier (o grande ator britânico Patrick Stewart, quando velho, e James McAvoy quando novo) está vivo ou em que estágio de evolução estão as garras de Logan (Hugh Jackman, cada vez mais musculoso).

"X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" traz de volta à  série o diretor Bryan Singer, que fez os primeiros dois filmes e saiu para fazer uma versão de Superman que foi desprezada pelos fãs ("Superman: O Retorno", 2006). "X-Men 3: O Confronto Final", dirigido por Brett Ratner, também não agradou muito, o que não impediu que a franquia continuasse lucrativa. "Dias de um Futuro Esquecido" é, ao mesmo tempo, empolgante e uma bagunça, juntando o elenco da série original com os atores novos vistos em "X-Men: Primeira Classe" (2011). A premissa: em um futuro indeterminado, humanos e mutantes se tornaram escravos dos Sentinelas, robôs gigantes que foram criados originalmente para destruir os mutantes, mas acabaram atacando toda a humanidade. O Professor Xavier (Patrick Stewart) se une ao vilão Magneto (Ian McKellen, de "O Hobbit") e, com a ajuda de uma mutante interpretada por Ellen Page, envia a mente de Wolverine para o ano de 1973; a missão dele é impedir que Mística (Jennifer Lawrence, de "Trapaça") mate o futuro criador dos sentinelas, Trask, interpretado por Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de "Game of Thrones". Se você se lembrou da trama de "O Exterminador do Futuro", não foi o único. (leia mais abaixo)


Singer se diverte em recriar o início dos anos 1970, com sua moda cafona, músicas de "paz e amor", Richard Nixon, a Guerra do Vietnã, etc. O jovem Magneto (Michael Fassbender, de "12 Anos de Escravidão", "Shame"), acredite se quiser, está preso no subsolo do Pentágono por supostamente ter matado o presidente John Kennedy (de que outra maneira se poderia explicar aquela bala em ziguezague que matou o presidente?). Esta mistura entre fatos históricos e ficção funcionam melhor neste filme do que em "Primeira Classe", que lidava com a Guerra Fria e a crise dos mísseis em Cuba. Hugh Jackman, o único elo de ligação entre passado e futuro, tem que tentar lidar com um desiludido Charles Xavier (McAvoy), viciado em uma droga que permite que ele volte a andar, mas fique sem os poderes telepáticos. Fassbender está muito bem (como sempre) no papel do megalomaníaco Magneto, capaz de levantar até um estádio de beisebol com seus poderes.

O mote da viagem no tempo quase sempre gera boas histórias. É fascinante imaginar se seria possível mudar o passado ou a própria história (ou a História). O problema são os paradoxos temporais (um homem poderia voltar no tempo e impedir seu nascimento? Se sim, quem voltou ao passado para fazê-lo?), mas este filme não está tão preocupado com eles. O que fica claro é que Bryan Singer usou do artifício das mudanças temporais para, de forma não muito sutil, dizer que "X-Men 3" não aconteceu (o que é boa notícia para a maioria dos fãs). Não chega a ser um reboot, mas "Dias de um Futuro Esquecido", assim como os "Star Trek" de J.J. Abrams, cria uma linha do tempo alternativa em que tudo é possível (inclusive dizer que todos os outros filmes da série, exceto "Primeira Classe", não aconteceram). Há boas sequências que fazem um diálogo entre as duas épocas (como um ataque dos Sentinelas); outras, como o ataque no início do filme, são editadas de forma confusa. "Dias de um Futuro Esquecido" foi bem recebido nas bilheterias, o que significa que a série tem futuro garantido no cinema.

Câmera Escura

domingo, 15 de dezembro de 2013

O Hobbit: A Desolação de Smaug

Um ano depois de "O Hobbit: Uma Jornada Inesperada", o diretor Peter Jackson (e legiões de produtores, artistas de efeitos especiais, atores, figurantes, etc) coloca nas telas "O Hobbit: A Desolação de Smaug", capítulo dois da trilogia re-imaginada por Jackson a partir do singelo livro escrito por J.R.R. Tolkien lá nos idos do século XX.

O filme ainda é muito longo, mas é fato de que o ritmo é mais rápido do que o anterior. Bilbo Baggins (Martin Freeman, divertido), o mago Gandalf (Ian McKellen) e 13 anões continuam a jornada pela Terra Média em direção da Montanha Solitária, antigo reino dos anões. O lugar foi tomado pelo cruel e gigantesco dragão Smaug (na voz GRAVE de Benedict Cumberbatch, de "Além da Escuridão: Star Trek"), e os anões querem retomar seu lugar de direito. Eles são liderados por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage), e a impressão que se tem é que Peter Jackson está tentando dar a Thorin semelhanças com Aragorn (Viggo Mortensen) que, na trilogia do "Senhor dos Anéis", também era o filho de um rei deposto, tentando retomar seu lugar. Só que não é tão fácil humanizar (ou enobrecer) personagens tão caricatos quanto os 13 anões criados por Tolkien (lembrando que o trabalho original era um livro infantil). Os aventureiros entram na Floresta Sombria, enfrentam um grupo de aranhas gigantes e acabam prisioneiros dos Elfos liderados pelo Rei Thranduil (Lee Pace), pai de Légolas (Orlando Bloom), que não aparece no livro original mas foi trazido de volta por Jackson para esta aventura. Bloom está doze anos mais velho do que nos filmes anteriores e, apesar da idade (e peso) maiores serem aparentes, seu personagem ainda faz a alegria dos fãs. Na sequência mais acelerada do filme, em que Bilbo e os anões fogem em uma corredeira dentro de barris,  Légolas mata dezenas de orcs enquanto salta de barril em barril, pulando por cima de galhos e realizando outras acrobacias de arco e flecha em punho. Os orcs, falando nisso, são os típicos vilões feios e descartáveis que podem ser mortos pelos heróis sem problemas de consciência.


O ponto alto, claro, é o confronto com o enorme dragão Smaug, uma fera de tamanho descomunal, que "causa terremotos quando se move e tufões quando agita as asas". Mas é um dragão que fala com o inglês impecável de Benedict Cumberbatch e os diálogos irônicos de Tolkien, e é realmente divertido ver o pequeno Bilbo tentando salvar a própria vida através da lábia. O filme é visualmente espetacular e há sequências de ação suficientes para agradar qualquer fã. Paralelo à trama do livro original, Peter Jackson e seus roteiristas vão tentando criar pontes com a trilogia original do "Senhor dos Anéis", o que não deixa de ser ambicioso, apesar de soar forçado em diversos momentos. A trama termina no meio a uma cena de ação, deixando o público em suspense para a conclusão da saga, daqui um ano. Com altos e baixos, "A Desolação de Smaug" é melhor do que o anterior, embora poderia ser melhor ainda se Jackson não tivesse tanto apego com as horas e horas de material filmado. Mesmo comercialmente falando, um filme entre uma hora e meia e duas horas renderia muito mais. Faz falta alguém com poder para pegar o filme e cortar, tranquilamente, uns quarenta, cinquenta minutos (material que poderia se tornar "extra" no DVD) de cenas desnecessárias.

Câmera Escura

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lançado o primeiro trailer de "X-Men: Dias de um futuro esquecido"



O diretor Bryan Singer volta à franquia "X-Men" em um filme que vai juntar os mesmos personagens em duas épocas diferentes. Veteranos como Patrick Stewart (Xavier) e Ian McKellen (Magneto) vão dividir a tela com suas versões mais novas vistas em "X-Men: Primeira Classe", James McAvoy e Michael Fassbender. A ponte de ligação será o "imortal" Wolverine, vivido novamente por Hugh Jackman.

O filme tem estréia programada para Maio de 2014 e promete ser épico.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Hobbit: Uma Jornada Inesperada

Escrito pelo britânico J.R.R. Tolkien na década de 1930, "O Hobbit" era um livro infanto-juvenil leve, divertido e rico em detalhes, que contava a história de Bilbo Baggins (ou Bilbo Bolseiro), que acompanhava o mago Galdalf e 13 anões em uma aventura pela Terra Média. O grupo queria recuperar o ouro roubado pelo dragão Smaug e, no meio do caminho, Bilbo enfrentava uma série de aventuras; em uma delas, ele encontra no chão de uma caverna um grande anel de ouro que lhe dá o poder da invisibilidade. O livro foi um grande sucesso e Tolkien passou a vida escrevendo sobre a Terra Média e as aventuras em torno do anel encontrado por Bilbo. No século XXI, o neozelandês Peter Jackson embarcou na tarefa de transformar os três livros da série "O Senhor dos Anéis" em longos filmes que revolucionaram os efeitos especiais e puseram a Nova Zelândia no mapa cinematográfico mundial. O público respondeu com bilhões de dólares  nas bilheterias e, inevitavelmente, sabia-se que Jackson voltaria à Terra Média com sua versão de  "O Hobbit".

Só que o sucesso, assim como o Anel, é um aliado perigoso. Ao invés de fazer "O Hobbit" como um só filme de três horas, Jackson dividiu o livrinho em três partes, que prometem arrecadar o máximo de bilheteria possível para a New Line Cinema e os estúdios envolvidos na "franquia" de Tolkien. Com carta branca e precisando esticar ao máximo o roteiro (coisa que Jackson já faz normalmente), o roteirista/diretor traz a Terra Média de volta à telona em um filme com longas duas horas e cinquenta minutos de duração, um exagero. Não que "O Hobbit" seja uma experiência ruim de se assistir (apesar de ser voltado para um público dedicado). Jackson está à vontade com a mitologia criada por Tolkien e é um prazer rever Ian McKellen como o mago Gandalf. Também estão de volta, em pequenas aparições, Elijah Wood como Frodo e Ian Holm como o velho Bilbo. Interpretando o hobbit 60 anos mais novo está Martin Freeman, que faz um trabalho muito bom. Um numeroso elenco interpreta os 13 anões que, junto com Gandalf e Bilbo, partem para a "Montanha Solitária" para tentar recuperar o tesouro. Faz falta a presença sóbria de Viggo Mortensen, que interpretava Aragorn na trilogia anterior, mas o grupo de anões é divertido. A grande Cate Blanchett retorna como a Rainha dos Elfos, Galadriel, e sua beleza é um colírio como a única figura feminina em quase três horas de filme. Hugo Weaving também retorna como o sábio elfo Elrond, assim como Christopher Lee como Saruman.

O problema, repito, é a redundância do roteiro, claramente ganhando tempo para esticar a trama. Há longas sequências de flashbacks que explicam cada detalhe do passado dos personagens, assim como cenas intermináveis, como o jantar que acontece na casa de Bilbo antes da partida para a aventura. Outra questão é o uso excessivo dos efeitos digitais para criar centenas de vilões virtuais nas cenas de batalhas. Jackson se perde na sequência em que Gandalf e os anões fogem do interior da montanha dos orcs e há uma violência inconsequente (nenhum dos heróis chega sequer a se ferir). Há, porém, boas sequências, como a que mostra uma luta titânica entre gigantes de pedra, do tamanho de montanhas, que batalham sob a chuva. E o personagem Gollun, extraordinária criatura digital "interpretada" por Andy Serkis, continua o melhor ator da série. A trilha de Howard Shore repete quase todos os temas da trilogia original. A fotografia tem problemas; Jackson fez o filme em digital, em 3D e em um novo formato que grava a 48 quadros por segundo (contra os tradicionais 24 quadros por segundo do cinema), supostamente buscando uma qualidade melhor. O resultado é uma imagem ligeiramente embaçada e irreal, ao menos na cópia vista.

É um filme recomendável? Os fãs de "O Senhor dos Anéis", que não são poucos, certamente vão adorar. Outras centenas de espectadores vão assistir por impulso. Aos que não gostam de cinema de fantasia ou não têm paciência para ver anões correndo por quase três horas, melhor evitar. Visto no Kinoplex, em Campinas.