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sábado, 4 de março de 2017

Logan (2017)

Há uma sequência em "Logan", o mais novo filme do Wolverine, que se passa em uma fazenda. É possível dividir o filme entre antes e depois desta sequência. A primeira é um filme excelente, adulto, muito bem escrito, dirigido e interpretado. Depois desta sequência é como se começasse outro "Logan", infelizmente inferior. Vamos por partes (como diria Wolverine)

Diz a lenda que "Logan" é o último filme estrelado por Hugh Jackman como Wolverine. Se for verdade (alguém acredita?) será uma pena, porque Jackman É Wolverine. O ator encarna o personagem desde o primeiro filme dos "X-Men", há longos 17 anos, mas você nunca o viu como neste filme. A direção é de James Mangold, competente artesão de filmes como "Cop Land", "Garota, Interrompida", "Identidade", "Os Indomáveis" e o bom filme anterior do herói, "Wolverine: Imortal" (2013). Mangold traz para "Logan" um tom adulto, grave e reflexivo. A violência (muita violência) é consequência natural de um personagem que tem garras afiadas nas mãos.

ATENÇÃO: AVISO DE SPOILERS DAQUI PARA FRENTE. NÃO LEIA CASO NÃO QUEIRA SABER DETALHES SOBRE A TRAMA.

O ano é 2029. Os X-Men são coisa do passado e os últimos sobreviventes daquela era são Logan e o Professor Xavier (o grande Patrick Stewart). Logan trabalha como motorista de limousine na fronteira com o México. O filme já mostra a que veio nas primeiras cenas, quando Logan faz em pedaços um infeliz grupo de ladrões que tentam levar seu carro. A violência é explícita como nunca antes mostrada em um filme de super heróis (a não ser, de forma cômica, em "Deadpool"). Logan está velho e aparenta estar doente. Do outro lado da fronteira ele mantém o Professor Xavier como prisioneiro, tomando pílulas que o impedem de usar os poderes mentais (um grande desastre, não explicado integralmente, teria sido causado pelo Professor no passado). Eles são auxiliados por um mutante chamado Caliban (o comediante Stephen Merchant, irreconhecível). O filme tem um visual tão árido e seco quanto a situação dos personagens. Não há nada de heroico na vida destes mutantes.

A situação de Logan se torna mais complicada com a entrada em cena de uma estranha garota mexicana chamada Laura (Dafne Keen), que está sendo perseguida por um grupo de mercenários liderados por Boyd Holbrook (da série Narcos). Há uma ótima sequência de violência quando um enorme grupo armado tenta capturar a garota e descobre que ela tem os mesmo poderes que o Wolverine. Após um banho de sangue, Logan, o professor Xavier e a garota correm pelas estradas do meio-oeste americano tentando fugir de uma multinacional que está criando novos mutantes para fins militares.

Mangold deixa explícitas suas referências do Western em uma cena em que o professor Xavier e a garota assistem ao clássico "Shane" ("Os Brutos Também Amam", 1953) na TV de um hotel. O tema se desenvolve na sequência que falei no começo deste texto, quando o trio vai parar em uma fazenda. A família que ali vive passa pelas mesmas dificuldades dos colonos do clássico de 1953, um rico dono de terras quer expulsa-los dali. As cenas passadas nesta fazenda dão um respiro bem vindo à correria das sequências anteriores (Patrick Stewart, como o Professor Xavier, está especialmente bem nessas cenas).

É então que, em minha opinião, o filme muda para pior. (REPITO, SPOILERS). Se até aqui ele havia sido, se não "realista", ao menos verossímil, o roteiro força a barra com a aparição de um "clone" de Wolverine (também interpretado por Jackman), criação de um tal Dr. Rice, interpretado por Richard E. Grant (bom ator, mas um tanto caricato). O núcleo "familiar" formado por Logan, Xavier e a garota é destruído bruscamente em uma sequência que culmina com a morte do Professor Xavier. Ou melhor, o pobre Professor Xavier, que merecia uma despedida melhor, é morto em meio a uma confusa sequência em que o clone mau de Wolverine despedaça um grupo de fazendeiros, luta com o Wolverine "do bem" e tenta sequestrar a garota. Com o fim do Professor Xavier, a garota (que não havia dito uma palavra até então) magicamente ganha não só a habilidade de falar, mas de falar em espanhol e inglês. Logan e Laura acabam indo se encontrar com um grupo de crianças mutantes (com quem não temos nenhuma empatia e, portanto, pouco ligamos para o que pode acontecer com elas). O filme termina em um embate violento entre Logan, o Wolverine "mau", dezenas de figurantes e as crianças. É um final tão confuso e clichê que pouco se parece com o filme adulto e inovador do início.

Apesar dos pesares, "Logan" ainda é superior à média dos filmes do gênero. Hugh Jackman encarna o personagem de corpo e alma e é uma pena se, de fato, este for seu último filme como Wolverine. O tom adulto, que não fica só na violência mas também nos diálogos, é bem vindo e mostra que mesmo em filmes de super heróis, ações têm consequências.

João Solimeo

quinta-feira, 5 de junho de 2014

X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido

O novo filme dos "X-Men" tem um pouquinho de tudo: um futuro distópico e sombrio que lembra "O Exterminador do Futuro" e a série "Matrix"; viagens no tempo para tentar mudar a História; robôs gigantes em batalhas apocalípticas e muitas referências à cultura pop, como uma TV exibindo um episódio da série clássica "Jornada nas Estrelas" ou um mutante usando uma camiseta do Pink Floyd. É recomendável que o espectador faça uma retrospectiva da série "X-Men" e os filmes do Wolverine antes de entrar no cinema, com o risco de se perder tentando lembrar como é que o Professor Xavier (o grande ator britânico Patrick Stewart, quando velho, e James McAvoy quando novo) está vivo ou em que estágio de evolução estão as garras de Logan (Hugh Jackman, cada vez mais musculoso).

"X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" traz de volta à  série o diretor Bryan Singer, que fez os primeiros dois filmes e saiu para fazer uma versão de Superman que foi desprezada pelos fãs ("Superman: O Retorno", 2006). "X-Men 3: O Confronto Final", dirigido por Brett Ratner, também não agradou muito, o que não impediu que a franquia continuasse lucrativa. "Dias de um Futuro Esquecido" é, ao mesmo tempo, empolgante e uma bagunça, juntando o elenco da série original com os atores novos vistos em "X-Men: Primeira Classe" (2011). A premissa: em um futuro indeterminado, humanos e mutantes se tornaram escravos dos Sentinelas, robôs gigantes que foram criados originalmente para destruir os mutantes, mas acabaram atacando toda a humanidade. O Professor Xavier (Patrick Stewart) se une ao vilão Magneto (Ian McKellen, de "O Hobbit") e, com a ajuda de uma mutante interpretada por Ellen Page, envia a mente de Wolverine para o ano de 1973; a missão dele é impedir que Mística (Jennifer Lawrence, de "Trapaça") mate o futuro criador dos sentinelas, Trask, interpretado por Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de "Game of Thrones". Se você se lembrou da trama de "O Exterminador do Futuro", não foi o único. (leia mais abaixo)


Singer se diverte em recriar o início dos anos 1970, com sua moda cafona, músicas de "paz e amor", Richard Nixon, a Guerra do Vietnã, etc. O jovem Magneto (Michael Fassbender, de "12 Anos de Escravidão", "Shame"), acredite se quiser, está preso no subsolo do Pentágono por supostamente ter matado o presidente John Kennedy (de que outra maneira se poderia explicar aquela bala em ziguezague que matou o presidente?). Esta mistura entre fatos históricos e ficção funcionam melhor neste filme do que em "Primeira Classe", que lidava com a Guerra Fria e a crise dos mísseis em Cuba. Hugh Jackman, o único elo de ligação entre passado e futuro, tem que tentar lidar com um desiludido Charles Xavier (McAvoy), viciado em uma droga que permite que ele volte a andar, mas fique sem os poderes telepáticos. Fassbender está muito bem (como sempre) no papel do megalomaníaco Magneto, capaz de levantar até um estádio de beisebol com seus poderes.

O mote da viagem no tempo quase sempre gera boas histórias. É fascinante imaginar se seria possível mudar o passado ou a própria história (ou a História). O problema são os paradoxos temporais (um homem poderia voltar no tempo e impedir seu nascimento? Se sim, quem voltou ao passado para fazê-lo?), mas este filme não está tão preocupado com eles. O que fica claro é que Bryan Singer usou do artifício das mudanças temporais para, de forma não muito sutil, dizer que "X-Men 3" não aconteceu (o que é boa notícia para a maioria dos fãs). Não chega a ser um reboot, mas "Dias de um Futuro Esquecido", assim como os "Star Trek" de J.J. Abrams, cria uma linha do tempo alternativa em que tudo é possível (inclusive dizer que todos os outros filmes da série, exceto "Primeira Classe", não aconteceram). Há boas sequências que fazem um diálogo entre as duas épocas (como um ataque dos Sentinelas); outras, como o ataque no início do filme, são editadas de forma confusa. "Dias de um Futuro Esquecido" foi bem recebido nas bilheterias, o que significa que a série tem futuro garantido no cinema.

Câmera Escura

sábado, 27 de julho de 2013

Wolverine: Imortal

Em minha crítica para "X-Men Origens: Wolverine" (2009), o péssimo filme solo do herói interpretado por Hugh Jackman, eu dizia que "não há como ter muita empatia com um personagem indestrutível, imortal e que ainda se esquece de tudo o que aconteceu." O filme afundou nas bilheterias  e os produtores resolveram se redimir do erro. Dirigido pelo competente James Mangold (de "Os Indomáveis", 2007), "Wolverine: Imortal" faz de tudo para humanizar Logan levando o personagem para o Japão, onde ele encontra um homem que lhe oferece a chance de se tornar mortal.

sábado, 4 de junho de 2011

X-Men: Primeira Classe

A série de filmes "X-Men" começou em 2000 em filme dirigido por Bryan Singer. A produção já mostrava que os estúdios Marvel estavam falando sério ao transpor o universo de mutantes dos quadrinhos para o cinema. O elenco, em especial, chamava a atenção. Patrick Stewart (que já havia sido o capitão Jean-Luc Piccard na série Star Trek: A Nova Geração) interpretava o mentor dos mutantes "do bem", Charles Xavier, e Ian McKellen era Magneto, o chefe dos mutantes "do mal". Hugh Jackman era o carismático Wolverine e atores e atrizes como Famke Janssem, Halle Berry, James Marsden, Brian Cox, entre outros, completavam o time. "X-Men 2" (2003) era melhor que o primeiro e avançava na metáfora de racismo e homofobia que os mutantes claramente representavam. A série ainda contou com "X-Men 3" (dirigido por Brett Ratner), que era mais do mesmo, e com um filme feito sobre Wolverine (2009), que era particularmente ruim.

"X-Men: Primeira Classe" embarca na nova fórmula descoberta por Hollywood para explorar suas "franquias", as "prequels". Ao contrário de uma "sequel" (continuação), a "prequel" é um filme que mostra eventos anteriores às histórias originais. Pelo lado bom, é uma forma de mostrar a origem dos personagens e, quando bem feito, de melhor aprofundá-los. Pelo lado ruim (como foi o caso de "Wolverine"), pode ser apenas um caça-níqueis que se aproveita dos filmes originais para se promover, além de um elenco novo, e mais barato, para o estúdio explorar. "Primeira Classe" está em um estágio intermediário entre estas duas possibilidades. Apesar de se propor a mostrar a origem dos "X-Men" como um todo, o filme está claramente focado no personagem de Erik Lehnsherr, o Magneto, interpretado pelo alemão Michael Fassbender. Sua história é contada desde 1943, quando Erik era um garoto judeu que é separado da mãe pelos nazistas. A cena, aliás, já havia sido mostrada em flashbacks dos filmes anteriores, mas a situação é estendida. O pequeno Erik, quando está com raiva, mostra ser capaz de atrair e mover objetos de metal, o que atrai a atenção de Sebastian Shaw, um nazista interpretado por Kevin Bacon. A cena em que Shaw mata a mãe de Erik retrata bem os problemas de "Primeira Classe". A boa carga emocional é atrapalhada por erros ridículos (a fúria de Erik destrói todo um laboratório, mas não quebra paredes de vidro, por exemplo). Esta combinação de seriedade com amadorismo permeia todo o filme (dirigido por Matthew Vaughn, de "Kick-Ass").

Da II Guerra Mundial, a trama pula para os anos 60 e para a "Crise dos Mísseis" entre a antiga União Soviética e os Estados Unidos. Shaw, que se tornou um vilão mais ao estilo de James Bond, quer destruir todos os humanos "normais" em uma guerra nuclear entre as duas superpotências. Charles Xavier (o bom James McAvoy) é um estudioso de genética da Universidade de Oxford que é contratado pela CIA para combater os comunistas e, de quebra, encontrar e recrutar a nova raça de mutantes que está surgindo no planeta. "Primeira Classe" é muito bom quando foca na relação complicada entre Xavier e Magneto. Os dois têm inteligência acima da média e vários pontos em comum, mas são separados pela grande mágoa e sede de vingança carregadas por Erik. O filme é ruim, quase patético, no recrutamento e seleção dos outros mutantes, todos jovens, e na infeliz composição do vilão criado por Kevin Bacon; Sebastian Shaw (que, com o auxílio de outro mutante poderia ir de um ponto a outro do planeta) passa grande parte do filme navegando em um submarino que, vale repetir, parece vir diretamente de um filme de James Bond, com grandes salas decoradas e garotas mutantes em trajes mínimos. A "vida real", representada pela Crise dos Mísseis, Cuba, o Presidente Kennedy, etc, é misturada com a trama dos mutantes com resultados que variam, novamente, do ótimo ao patético, culminando com uma batalha final espetacular e absurda (que conta com a presença do ator Michael Ironside em uma ponta).

"X-Men: Primeira Classe", apesar de interessante, é bastante irregular. As inevitáveis continuações, talvez, acertem o passo.


quinta-feira, 7 de maio de 2009

X-Men Origens: Wolverine

Com o sucesso dos longas metragens da série X-Men (dirigidos por Brian Singer e Brett Ratner), a Fox resolveu apostar em um filme baseado no mutante mais popular da saga, “Wolverine”, interpretado por Hugh Jackman. A trama é baseada em uma série de quadrinhos que explicava a origem de James Logan, um mutante com capacidade de se curar de todos os ferimentos e que tem garras retráteis que saem de seus punhos. Infelizmente, “X-Men Origens: Wolverine” é bem inferior aos filmes originais da série, e é fácil perceber porque.

“Wolverine” começa no século 19, no Canadá, quando os poderes de Logan aparecem pela primeira vez. Ele testemunha a morte do homem que julga ser seu pai e, em um ataque de fúria, lâminas de osso crescem de suas mãos e ele as usa para matar o assassino. Após o crime, ele foge do Canadá com seu meio irmão, “Dentes de Sabre” (Liev Schreiber), e eles vão para os Estados Unidos. Em uma ótima seqüência de abertura (a melhor cena do filme, diga-se de passagem), vemos como os dois passaram por uma série de guerras ao longo dos anos, como a Guerra de Secessão, as duas guerras mundiais e a Guerra do Vietnã. Descobrimos, assim, que além de indestrutíveis eles são também praticamente imortais, o que é um dos problemas do filme. O que fazer com um personagem imortal e indestrutível? Como sabemos que nada vai acontecer ao herói, como atrair o interesse e a empatia da platéia? Infelizmente, isso é feito com diversos clichês, como a inevitável namorada que vai ser morta e provocar a ira de Wolverine, o desejo de vingança, e assim por diante.

Outro problema é que os produtores, com medo de que uma censura alta pudesse prejudicar as bilheterias, insistiram para que o filme não fosse muito violento. O que provoca cenas francamente ridículas em que, após alguma luta em que deveria haver sangue e pedaços de corpos para todos os lados, vemos no máximo alguns hematomas e suor no rosto de Logan. Após a morte da namorada e sedento de vingança, ele aceita passar por um procedimento doloroso em que seus ossos são trocados por uma liga metálica indestrutível, o “Adamantium”, que veio do espaço em um meteoro. O processo na verdade é parte dos planos do Coronel Striker (Danny Huston), de construir a arma perfeita mas, como sabiamente diz um personagem, eles gastam um dinheirão para deixar Wolverine indestrutível só para passar o resto do filme tentando matá-lo? Esse tipo de “lógica” talvez funcione em uma HQ, mas não em um filme com pretensões sérias como este. E que saudade do elenco dos filmes anteriores, que contavam com atores do quilate de Ian McKellen, Patrick Stewart, Famke Janssen, Halle Berry, Anna Paquin, só para citar alguns. “Wolverine” está povoado de atores desconhecidos e fracos, interpretando uma série de mutantes igualmente desinteressantes.

Assim, “Wolverine” tenta se segurar só no carisma de Hugh Jackman para se manter de pé. Jackman é bom ator e está em casa interpretando Logan/Wolverine, mas só isso não garante o sucesso do filme, que inclusive apela para o físico do ator (que chega a aparecer nu em algumas cenas rápidas e sem camisa em várias, para agradar o lado feminino da platéia). Para finalizar (e se você não assistiu “Wolverine” sugiro que pare de ler por aqui, alerta de SPOILER), o final é extremamente decepcionante. Qual a razão de se fazer um filme que mostre o passado de um personagem se ele não vai aprender nada com ele? Sim, já sabíamos em X-Men que Logan não se lembrava do passado, mas isso só comprova que este filme não tinha razão de ser. Novamente, não há como ter muita empatia com um personagem indestrutível, imortal e que, depois de tudo, ainda se esquece de tudo o que aconteceu.