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sexta-feira, 30 de junho de 2023

Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Indiana Jones and the Dial of Destiny, 2023)


Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Indiana Jones and the Dial of Destiny, 2023). Dir: James Mangold. ATENÇÃO: AVISO DE SPOILERS Não me lembro há quantos anos estão falando deste filme... mas são muitos. Meu filme favorito é "Caçadores da Arca Perdida" (1981) e gosto muito de "Indiana Jones e a Última Cruzada" (1989). Não sou muito fã de "O Templo da Perdição" (1984), embora tenha várias ótimas sequências “legítimas” de Indiana Jones. O quarto filme, "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" (2008) é... ok; tem partes boas, tem partes muito ruins. Todos estes foram dirigidos por Steven Spielberg e produzidos por George Lucas e, na real, a série deveria ter terminado com a cavalgada em direção ao pôr-do-sol do final de “A Última Cruzada”.

Bom, o tempo passou, a Disney comprou a Lucasfilm e um novo Indiana Jones chega agora aos cinemas. É bom? Hmmmm. A direção é de James Mangold, um cara bem competente, e Harrison Ford está de volta ao papel, com quase 80 anos. O começo do filme, passado no final da II Guerra Mundial, é bastante bom e seria tudo que a gente gostaria de ver em um filme de Indiana Jones. Com um detalhe que atrapalha um pouco: Harrison Ford foi rejuvenescido digitalmente, e é bastante estranho olhar para ele. O rosto dele está bem mais jovem e, no geral, está bom, mas o seu cérebro sabe que alguma coisa está errada. A cabeça às vezes é grande demais, o olhar é meio perdido. Mas é um bom começo de filme. O mestre John Williams (91 anos!) compôs a trilha e James Mangold faz o que pode para emular o estilo de direção de Steven Spielberg. E é sempre um prazer ver Indiana Jones esmurrando nazistas.

Pulamos então para 1969, o ano do pouso dos astronautas na Lua, e Indiana já é um senhor. Os colegas da faculdade em que ele leciona fazem uma festa de aposentadoria ao som de "Garota de Ipanema", de Tom Jobim. É então que uma figura do passado reaparece na vida de Indy, Helena (Phoebe Waller-Bridge), uma afilhada de Jones e filha de um amigo. Ela está procurando por uma "máquina" criada por Arquimedes que estaria em poder de Indy (ou metade de uma máquina). Ao mesmo tempo, os nazistas estão na cidade, também à procura do mesmo artefato. O líder deles é interpretado pelo grande Mads Mikkelsen.

É um começo promissor... parece haver uma ligação afetiva entre Indy e a moça; os nazistas são apropriadamente maus e ameaçadores. Phoebe Waller-Bridge (de "Fleabag") é boa atriz e um bom páreo para Indiana Jones, só que a personagem dela, ao invés de ser a companheira de Indy que imaginamos que ela seria, acaba se tornando uma estranha antagonista. Ela rouba a peça de Indy para tentar vender em um leilão no Marrocos, e há um bocado de conflito desnecessário entre ela e Indiana Jones. É estranho também que Indy carregue seu chapéu, camisa e chicote em uma malinha, como se fosse um uniforme de super-herói, que ele veste quando precisa "virar Indiana Jones". Há várias sequências em que se nota a falta que Spielberg faz (pouca gente sabe movimentar uma câmera como ele).

A tal "relíquia do destino" não me pareceu um objetivo tão interessante quanto os dos outros filmes e, sinceramente, nunca havia ouvido falar sobre ela. Embora tente emular os Indiana Jones anteriores, o filme tem falhas estranhas, como não começar usando o símbolo da Paramount no cenário; as icônicas cenas dos mapas não aparecem por metade do filme e, de repente, são usadas aleatoriamente. E apesar de todos os filmes terem um momento “sobrenatural” em que questões como fé e razão são questionadas, há uma cena no terceiro ato deste filme que, para mim, forçou demais a barra. Tá, Indiana Jones já presenciou nazistas serem destruídos pela Arca da Aliança, já conversou com um cavaleiro medieval “imortal” , já viu um cara ter o coração arrancado do peito e coisas do tipo... mas há uma sequência em “Relíquia do Destino” em que tudo é simplesmente absurdo demais (assim como o rosto em computação gráfica de Harrison Ford parece fora de lugar, a cena simplesmente não cola). Mas...ok, acho que depende da tolerância de cada espectador. 

Valeu a pena ver “Indiana Jones e a Relíquia do Destino”? Mais ou menos. É bom ver Harrison Ford vestido de Indy novamente? Sim... embora seja um pouco triste também. Heróis de verdade desaparecem no pôr-do-sol, como Spielberg queria ao final de “A Última Cruzada”. Lucas insistiu tanto que acabaram fazendo o “Indiana Jones vs Aliens” que ele sempre quis fazer em “Reino da Caveira de Cristal”. O pior pecado neste novo Indy é o fato de ser totalmente desnecessário, mas isso a gente já sabia desde que a ideia foi levantada. Harrison Ford, consciente da própria mortalidade, reviveu seus principais personagens nos últimos anos, seja Han Solo, Deckard ou, agora, Indiana Jones. É nostálgico e agridoce. Nos cinemas. 

sábado, 4 de março de 2017

Logan (2017)

Há uma sequência em "Logan", o mais novo filme do Wolverine, que se passa em uma fazenda. É possível dividir o filme entre antes e depois desta sequência. A primeira é um filme excelente, adulto, muito bem escrito, dirigido e interpretado. Depois desta sequência é como se começasse outro "Logan", infelizmente inferior. Vamos por partes (como diria Wolverine)

Diz a lenda que "Logan" é o último filme estrelado por Hugh Jackman como Wolverine. Se for verdade (alguém acredita?) será uma pena, porque Jackman É Wolverine. O ator encarna o personagem desde o primeiro filme dos "X-Men", há longos 17 anos, mas você nunca o viu como neste filme. A direção é de James Mangold, competente artesão de filmes como "Cop Land", "Garota, Interrompida", "Identidade", "Os Indomáveis" e o bom filme anterior do herói, "Wolverine: Imortal" (2013). Mangold traz para "Logan" um tom adulto, grave e reflexivo. A violência (muita violência) é consequência natural de um personagem que tem garras afiadas nas mãos.

ATENÇÃO: AVISO DE SPOILERS DAQUI PARA FRENTE. NÃO LEIA CASO NÃO QUEIRA SABER DETALHES SOBRE A TRAMA.

O ano é 2029. Os X-Men são coisa do passado e os últimos sobreviventes daquela era são Logan e o Professor Xavier (o grande Patrick Stewart). Logan trabalha como motorista de limousine na fronteira com o México. O filme já mostra a que veio nas primeiras cenas, quando Logan faz em pedaços um infeliz grupo de ladrões que tentam levar seu carro. A violência é explícita como nunca antes mostrada em um filme de super heróis (a não ser, de forma cômica, em "Deadpool"). Logan está velho e aparenta estar doente. Do outro lado da fronteira ele mantém o Professor Xavier como prisioneiro, tomando pílulas que o impedem de usar os poderes mentais (um grande desastre, não explicado integralmente, teria sido causado pelo Professor no passado). Eles são auxiliados por um mutante chamado Caliban (o comediante Stephen Merchant, irreconhecível). O filme tem um visual tão árido e seco quanto a situação dos personagens. Não há nada de heroico na vida destes mutantes.

A situação de Logan se torna mais complicada com a entrada em cena de uma estranha garota mexicana chamada Laura (Dafne Keen), que está sendo perseguida por um grupo de mercenários liderados por Boyd Holbrook (da série Narcos). Há uma ótima sequência de violência quando um enorme grupo armado tenta capturar a garota e descobre que ela tem os mesmo poderes que o Wolverine. Após um banho de sangue, Logan, o professor Xavier e a garota correm pelas estradas do meio-oeste americano tentando fugir de uma multinacional que está criando novos mutantes para fins militares.

Mangold deixa explícitas suas referências do Western em uma cena em que o professor Xavier e a garota assistem ao clássico "Shane" ("Os Brutos Também Amam", 1953) na TV de um hotel. O tema se desenvolve na sequência que falei no começo deste texto, quando o trio vai parar em uma fazenda. A família que ali vive passa pelas mesmas dificuldades dos colonos do clássico de 1953, um rico dono de terras quer expulsa-los dali. As cenas passadas nesta fazenda dão um respiro bem vindo à correria das sequências anteriores (Patrick Stewart, como o Professor Xavier, está especialmente bem nessas cenas).

É então que, em minha opinião, o filme muda para pior. (REPITO, SPOILERS). Se até aqui ele havia sido, se não "realista", ao menos verossímil, o roteiro força a barra com a aparição de um "clone" de Wolverine (também interpretado por Jackman), criação de um tal Dr. Rice, interpretado por Richard E. Grant (bom ator, mas um tanto caricato). O núcleo "familiar" formado por Logan, Xavier e a garota é destruído bruscamente em uma sequência que culmina com a morte do Professor Xavier. Ou melhor, o pobre Professor Xavier, que merecia uma despedida melhor, é morto em meio a uma confusa sequência em que o clone mau de Wolverine despedaça um grupo de fazendeiros, luta com o Wolverine "do bem" e tenta sequestrar a garota. Com o fim do Professor Xavier, a garota (que não havia dito uma palavra até então) magicamente ganha não só a habilidade de falar, mas de falar em espanhol e inglês. Logan e Laura acabam indo se encontrar com um grupo de crianças mutantes (com quem não temos nenhuma empatia e, portanto, pouco ligamos para o que pode acontecer com elas). O filme termina em um embate violento entre Logan, o Wolverine "mau", dezenas de figurantes e as crianças. É um final tão confuso e clichê que pouco se parece com o filme adulto e inovador do início.

Apesar dos pesares, "Logan" ainda é superior à média dos filmes do gênero. Hugh Jackman encarna o personagem de corpo e alma e é uma pena se, de fato, este for seu último filme como Wolverine. O tom adulto, que não fica só na violência mas também nos diálogos, é bem vindo e mostra que mesmo em filmes de super heróis, ações têm consequências.

João Solimeo

sábado, 27 de julho de 2013

Wolverine: Imortal

Em minha crítica para "X-Men Origens: Wolverine" (2009), o péssimo filme solo do herói interpretado por Hugh Jackman, eu dizia que "não há como ter muita empatia com um personagem indestrutível, imortal e que ainda se esquece de tudo o que aconteceu." O filme afundou nas bilheterias  e os produtores resolveram se redimir do erro. Dirigido pelo competente James Mangold (de "Os Indomáveis", 2007), "Wolverine: Imortal" faz de tudo para humanizar Logan levando o personagem para o Japão, onde ele encontra um homem que lhe oferece a chance de se tornar mortal.