segunda-feira, 23 de junho de 2008

Agente 86

Apesar de haver várias críticas ruins à versão cinematográfica da série de TV "Agente 86", o filme é bastante satisfatório. "Get Smart" foi criada em 1965 por Mel Brooks e Buck Henry, e era uma paródia dos filmes de James Bond. Estrelada por Dom Adams (agente 86), Barbara Feldon (agente 99) e Edward Platt (o Chefe), a série continha algumas das melhores piadas da história da televisão, era bem escrita, não apelativa e gostosa de se ver. Nessa fase pouco criativa pela qual passa o cinema americano (tomado por continuações, refilmagens e versões de sucessos da TV), era de se esperar que Maxwell Smart acabaria chegando à telona mais cedo ou mais tarde. Boatos a respeito deste filme circulavam há anos e a idéia, a bem da verdade, não me atraia muito. A chance de estragarem o charme da antiga série eram grandes e havia um grande problema: quem iria substituir Dom Adams como o Agente 86? Em 1998 Jim Carrey foi anunciado para o papel, mas o filme não foi adiante. Agora, dez anos depois, ele finalmente sai da gaveta com Steve Carell (de "O Virgem de 40 Anos" e "Todo Poderoso").

Carell consegue ser muito engraçado, apesar da cara aparentemente séria e "certinha" o tempo todo. Ele foi boa escolha porque Dom Adams também levava seu personagem a sério, e é isso que causava as maiores gargalhadas. Vários dos elementos da série original estão no longa metragem; nem todos funcionam direito. O "cone do silêncio", por exemplo, rendia as melhores risadas da série por nunca fazer o que devia. O original era feito de plástico e descia sobre as cabeças dos atores, que não conseguiam escutar o que o outro estava falando. No filme, o cone do silêncio recebeu um "upgrade" digital desnecessário e não tem tanta graça. Estamos em pleno século XXI e a Guerra Fria faz parte do passado, mas a organização criminosa KAOS ainda existe, assim como sua contrapartida, o CONTROLE. O filme reproduz a tradicional abertura da série, em que Maxwell Smart passa por um longo corredor cheio de portas que se abrem e fecham, até o elevador escondido na cabine telefônica. Maxwell Smart ainda não é um agente, mas um analista que prepara relatórios de inteligência enormes, que ninguém lê. O Chefe é interpretado por Alan Arkin, e a Agente 99 por Anne Hathaway. Quando todos os agentes do CONTROLE estão na mira da KAOS, Smart é promovido e enviado com 99 para a Europa, para tentar desmantelar uma operação que pretende ameaçar o mundo com armas nucleares.

Steve Carell faz um Agente 86 mais inteligente que o criado por Dom Adams. Apesar de bastante atrapalhado, suas análises costumam estar certas e o filme mostra que o CONTROLE não conseguiria sobreviver sem Smart. Achei curiosa essa escolha do roteiro em mostrar um Agente 86 mais "eficiente" do que o original. Apesar disso, há vários momentos hilariantes de humor físico em que as trapalhadas de Smart provocam gargalhadas na platéia, como quando ele tenta se soltar de algemas usando dardos de um canivete suíço, ou um engraçado duelo de dança com 99 em um baile.

Mais para o final o filme tende a se arrastar um pouco. Há uma curiosa homenagem a "O homem que sabia demais", de Hitchcock, no modo como os vilões pretendem detonar sua bomba em um concerto em Los Angeles. O elenco conta também com a presença de Dwayne Johnson (ex "The Rock"), bastante engraçado, e Terence Stamp como o vilão Sigfried.

Abertura da série original:


trailer do filme atual:


Um comentário:

Anônimo disse...

vou assistir com certeza. Vejo até hoje (no 56) a série e é muito legal. Tenho saudades daquela época.