segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Richard Wright (1943-2008)


Peço licença para abrir um parêntese musical e falar sobre a morte deste grande músico, Richard Wright, fundador e tecladista do Pink Floyd. Nascido em Londres em 25 de julho de 1943, Richard Wright, junto com Roger Waters (baixo), Nick Mason (bateria) e Syd Barrett (vocal e guitarra, substituído depois por David Gilmour), fundou o grupo Pink Floyd nos anos 1960, em plena psicodelia londrina. Wright não era nenhum virtuoso no teclado como Rick Wakeman (do Yes) ou Keith Emmerson (do Emmerson, Lake & Palmer), mas seus teclados foram fundamentais na criação de um tipo de som que, para fugir do rótulo genérico "progressivo", foi chamado de "floydiano". Este som consistia em longas escalas e improvisações de Wright que serviam de base para o resto da banda decolar. Seu teclado celestial foi fundamental em músicas como "A Saucerful of Secrets" (1968) ou "Careful with that Axe, Eugene" (1969). "Echoes", do disco "Meddle" (1971), é freqüentemente considerada pelos fãs a melhor música do quarteto Waters/Gilmour/Wright/Mason, e começa com uma simples nota do piano de Wright. Quase vinte e três minutos depois (nos tempos em que o lado do vinil forçava a música a acabar) era com os teclados de Wright que "Echoes" terminava. Para se ter uma idéia visual e sonora de como isso funcionava, recomendo o DVD "Pink Floyd Live at Pompeii", do diretor Adrian Maben, que documentou a banda tocando "ao vivo" para uma platéia de fantasmas na cidade destruída de Pompéia.



Em 1973, o Pink Floyd lançou sua obra prima, o disco "Dark Side of the Moon", um dos três discos mais vendidos na história. Muito se fala das letras (fantásticas) de Roger Waters, mas a presença de Wright, principalmente em conjunto vocal e musical com David Gilmour, é fundamental para o sucesso do disco, particularmente em "Time". Duas composições suas, "The Great Gig in the Sky" (com os vocais instrumentais de Clare Torry) e "Us and Them", fazem parte da alma do álbum. No disco seguinte, "Wish you were here" (1975), seus teclados são novamente fundamentais para a longa "Shine on you crazy diamond", homenagem a Syd Barrett.

Em 1979, após o disco "Animals" (de 1977, última vez que os quatro membros clássicos do grupo gravaram um disco juntos), vem o projeto pessoal de Roger Waters, "The Wall", sobre a separação que ele sentia entre a banda e a platéia. As gravações, por causa do perfeccionismo de Waters, foram difíceis para Wright, que não passava por um bom período e não concordava com a visão de Waters sobre a banda. Isso levou ao seu afastamento do Pink Floyd, embora ele tenha participado da turnê do "The Wall" como músico convidado.

Nos anos 1980, Waters deixou a banda e David Gilmour resolveu retomar os rumos musicais do grupo, chamando Wright de volta. Segue-se o disco "A Momentary Lapse of Reason" (1987) em que, a bem da verdade, Wright teve pouca participação nas gravações. Mas ele estava de volta ao grupo como tecladista na turnê que se seguiu ("The Delicate Sound of Thunder"), e sua presença foi fundamental para o som do grupo. O mesmo se deu no álbum seguinte (o último de estúdio do Pink Floyd), "The Division Bell" (1994), seguida da turnê "PULSE". Richard Wright lançou dois discos solo, o simpático "Wet Dream" (1978) e o pesado e conceitual "Broken China" (1996), que trata da depressão da sua esposa. Deste último destaco a faixa "Breakthrough", que conta com vocais de Sinead O´Connor.

Dos anos 1990 para cá, sua ligação com David Gilmour se estreitou cada vez mais. Os dois compuseram juntos a maioria das faixas do álbum "The Division Bell" e, já neste século, Wright foi colaborador freqüente nos projetos de Gilmour, como no disco solo "On an Island" (2006). Wright saiu em turnê com Gilmour e, segundo este diz em seu site, Wright sempre se surpreendia com a reação calorosa dos fãs. Os dois podem ser vistos juntos nos DVDs "David Gilmour in Concert" (2002) e "Remember that Night" (2007).

O site oficial do Pink Floyd publicou uma nota simples dizendo que a família de Wright lamenta informar que ele faleceu após uma “breve luta contra o câncer”. David Gilmour, em seu site oficial, diz que Wright era insubstituível, que o amava e vai sentir muito sua falta. Assim como, certamente, todos os fãs do Pink Floyd e de Richard Wright.


3 comentários:

Bianca Pissardo disse...

estou aqui para prestigiar seu blog, e qdo entro tem logo um texto/biografia do Richard Wright/Pink Floyd.
Uau!

Nada melhor que boa música e cinema.

parabens pelo blog, Jão!

bjao!
Bia

João Solimeo disse...

Opa, brigado, Bia. De fato, boa música e bom cinema são imbatíveis. Pena da morte do Wright, me pegou de surpresa.

Bjão!

Anônimo disse...

Bom, infelizmente Pink Floyd ao vivo, nunca mais...