sábado, 27 de setembro de 2008

Morre Paul Newman

O cinema perde um de seus grandes astros, o ator Paul Newman (1925-2008), que faleceu de câncer sexta-feira, 26 de setembro. Conhecido pelos seus olhos azuis, o ator começou seguindo a linha de atuação "metódica" desenvolvida pelo Actor´s Studio, famosa escola de interpretação de onde saíram Marlon Brando, James Dean, Al Pacino e dezenas de outros. Newman era do tipo clássico do herói americano, rebelde, sarcástico, solitário. Mas alguns de seus maiores sucessos vieram com os dois filmes que fez com o colega Robert Redford. Em 1969 fez o western "Butch Cassidy and the Sundance Kid", retratando de forma romanceada a vida de dois assaltantes de trem. Das cenas famosas há a luta resolvida rapidamente por Newman com outro membro da gangue, um salto de um precipício para um rio e o famoso final, quando a dupla é emboscada em uma cidade da Bolívia. Em 1973 se juntou novamente com Redford e o diretor George Roy Hill e fez "Golpe de Mestre" (The Sting), que levou o Oscar de Melhor Filme. É dos melhores filmes de gângster do cinema e Newman faz o líder de um grupo que pretende dar um golpe em um gângster rival (vivido por Robert Shaw). Em tom nostálgico, o filme tinha bela direção de arte, a música de piano de Scott Joplin e um final surpreendente. No ano seguinte se juntou a um grande elenco para fazer "Inferno na Torre" (Towering Inferno, 1974), um dos vários filmes de desastre que se fez nos anos 1970. O filme contava com nomes como Steve McQueen, Fred Astaire, William Holden, Faye Dunaway no grande elenco.

Newman foi indicado ao Oscar de Melhor Ator diversas vezes, mas só levou em 1986 com "A Cor do Dinheiro", de Martin Scorsese. Newman interpretava Eddie Felson, papel que já havia vivido antes, em 1961, no filme "Desafio à Corrupção". Em "A Cor do Dinheiro", Newman é um vendedor de bebidas de segunda classe que fica impressionado com um jovem jogador de sinuca vivido por Tom Cruise. Ele se oferece para empresariar o jovem e sai Estados Unidos afora com Cruise e sua bela namorada (Mary Elisabeth Mastrantonio). Paul Newman havia completado 60 anos e era considerado um ator em decadência quando o filme saiu. O Oscar colocou o ator de volta no mercado e ainda gerou grandes interpretações como em "A Roda da Fortuna" (The Hudsucker Proxy,1994, dos irmãos Coen), ou "Estrada para a Perdição" (Road to Perdition, 2002, Sam Mendes). Uma de suas melhores interpretações, em minha opinião, foi em "O Veredito" (The Veredict, 1982, de Sydney Lumet), em que interpreta um advogado decadente e alcoólatra que é contratado para defender uma paciente vítiva de erro médico. Com elenco formado por atores como o grande James Mason e Charlotte Rampling, Neswman está estraordinário e vale o filme.

Casado com a atriz Joanne Woodward por mais de 40 anos, Newman também se interessava por corridas de carro (teve uma equipe de fórmula Indy) e tinha importante trabalho filantrópico, com uma linha de alimentos com seu nome cuja venda era revertida totalmente à obras de caridade. Ator que conseguiu prevalecer por várias fases do cinema, que trabalhou com grandes diretores como Alfred Hitchcock, Sidney Lumet, Robert Altman e Martin Scorsese, além de inúmeros outros, Newman fará falta por sua brilhante interpretação e por seu trabalho humanitário. Descanse em paz.

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