segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Pequeno Nicolau

"O Pequeno Nicolau" é vibrante, divertido e deliciosamente nostálgico. O filme remete a uma época em que as crianças brincavam na rua sem medo, não havia computadores em casa e a imaginação reinava solta. Nicolau (o ótimo Maxime Godart) é um garoto que não sabe o que vai ser quando crescer. Segundo ele, isso acontece porque ele adora sua vida como é hoje. Seu pai (o engraçado Kad Merad, de "A Riviera não é aqui") é um empregado esforçado que está tentando uma promoção no trabalho. Sua mãe (Valérie Lemercier) o adora e, segundo Nicolau, "sempre quis ser mãe" (sim, junto com a nostalgia o filme também remete a um tipo de sociedade machista do século passado, mas com boas intenções).

Um dia, na escola, a professora (Sandrine Kiberlain, de "Mademoiselle Chambon") conta à classe a história do Pequeno Polegar, que foi abandonado pelo pai na floresta. Um garoto da sala, Joachim (Virgile Tirard), conta outra história assustadora aos amigos: ele ganhou um irmãozinho; o bebê recebe toda atenção da casa e seus pais estão agindo de forma muito estranha e sendo amáveis um com o outro. Nicolau, com sua grande imaginação, acha que seus pais também vão ganhar um bebê e, assim como na história do Pequeno Polegar, vão levá-lo para a floresta e deixá-lo lá. Há uma cena muito engraçada em que, de fato, os pais vão até a floresta e Nicolau, precavido, se tranca dentro do carro.

O filme de Laurent Tirard é baseado nas histórias do quadrinista René Goscinny, criador das ótimas HQ de "Asterix, o Gaulês". Tirard conduz o filme com leveza e grande apuro técnico. Tudo funciona muito bem, como a direção de arte, fotografia e efeitos especiais invisíveis, que recriam a França dos anos cinquenta. O elenco infantil é impecável. Há os tipos que todo mundo já conheceu um dia, como o comilão da sala, o sabe-tudo "puxa-saco" da professora, o distraído, o riquinho e assim por diante. O roteiro é inteligente por mostrar a ingenuidade do mundo infantil não só no que tem de gentil, mas também no que tem de egoísta ou mesmo cruel. Nicolau, assustado com a idéia de ser abandonado pelos pais, começa a fazer planos cada vez mais malucos para se livrar do susposto irmãozinho. Ele e a turma planejam contratar um "gângster" para sequestrar o bebê. Mas como conseguir o dinheiro para pagá-lo?

"O Pequeno Nicolau" é uma opção inteligente para levar as criaças aos cinemas nas férias. Certifique-se de deixar claro que eles não vão ser abandonados na floresta depois.


3 comentários:

Carol disse...

Fui ver ontem tbm o filme, e adoreiii...

Bjs

Ana Paula Pereira disse...

Realmente um ótimo filme! Roteiro inteligente e cenas muito engraçadas.

João Solimeo disse...

De fato, o filme é muito gostoso de ver, engraçado e inteligente. Pena que já escutei de alguns comentários do tipo "ah, é filme francês?"