segunda-feira, 7 de maio de 2012

Paraísos Artificiais

O premiado diretor Marcos Prado, do documentário "Estamira" e produtor dos filmes de José Padilha (Ônibus 174, Tropa de Elite) estréia na ficção com "Paraísos Artificiais", um filme cheio de boas intenções, mas artificial como o título. Filmado em dois países (tem cenas em Amsterdã e no nordeste brasileiro) com bela direção de fotografia de Lula Carvalho e o atrativo de muita nudez e sexo, o filme se vende como um retrato da "Geração Y", sem limites ou pudores com relação a sexo e drogas. O problema é que tenta parecer mais complexo do que realmente é através de uma montagem não linear que começa no presente, no Rio de Janeiro, volta dois anos no passado, para Amsterdã e depois mais dois anos, até uma festa rave em uma praia do nordeste.

Uma das tramas, a que acompanha a saída de Fernando (Luca Bianchi) da prisão e sua volta para casa, é extremamente parecida com a de "A Outra História Americana" ("American History X", de Tony Kaye, 1998). No filme americano, o personagem de Edward Norton é solto da prisão, para onde havia sido sentenciado após cometer um crime racial, e retorna para casa, onde o irmão mais novo (Edward Furlong) está seguindo o mesmo caminho. Em "Paraísos Artificiais", Fernando também volta para um lar desestruturado pela sua prisão e encontra seu irmão mais novo, Felipe (César Cardareiro), envolvido com drogas. Felipe havia sido preso por tentar trazer drogas de Amsterdã, onde se encontra com a DJ Érika (Nathalia Dill), com quem tem um tórrido romance. O filme tem aproximadamente uma longa cena de sexo a cada dez ou quinze minutos, em uma tentativa, como declarou o diretor em entrevistas, de ser "contra a caretice do cinema nacional". As cenas, de fato, contém planos detalhados da bela nudez de Nathalia Dill (e, depois, da namorada dela, Lara, interpretada por Lívia de Bueno), mas é tudo estilizado, em câmera lenta, como em videoclipes.

Outros flashbacks contam a história passada dois anos antes, no nordeste, em que os mesmos personagens encontravam-se em uma mega festa rave. Há diálogos que soam extremamente falsos, como os que Érika tem com o velho hippie Mark (Roney Vilella), que fala apenas frases prontas sobre as drogas ou papos "cabeça" sobre autoconhecimento. Lara, a namorada de Érika, repete a cada cinco minutos sobre como o "set" da DJ vai ser espetacular; quando a garota entra na pista todos começam a vibrar, como se centenas de jovens chapados com "balinhas" conseguissem distinguir entre uma música eletrônica "bate estaca" e a seguinte. Há, claro, espaço para mais cenas de sexo entre Nathalia Dill e Lívia de Bueno e, depois, entre as duas e Luca Bianchi.

O resultado é um filme vazio, que pode empolgar fãs de música eletrônica e gerar interesse por causa das drogas e do sexo. É bem realizado visualmente e no design de som e, dentro de suas limitações, passa seu recado. Quanto a gerar discussões sobre o uso de drogas ou lançar um olhar sobre o comportamento dos jovens, é superficial. Visto no Kinoplex, em Campinas.



4 comentários:

Suelyn Magalhães disse...

Concordo completamente com o que disse do filme. Fraco, sem conteúdo, limitadíssimo e com uma Natália Dill terrivelmente noiada. Destaque para a atriz que faz a namorada dela, que não sei o nome ainda.
Só uma coisa o filme que citou seria "A outra história americana" e não Uma nova histórica americana. Que por sinal, é excelente e um dos melhores filmes que já vi do Norton! Ah e no começo do post você escreve fição, e não "ficção"...erros de digitação... faço isso no blog tb rss
Abraços!

João Solimeo disse...

Obrigado pelos comentários. E você tem razão, já corrigi os erros. Abraço!

Carol disse...

Gostei do filme que assisti. Achei bacana a temática ser diferente do sertão ou da violência... O filme consegue cumprir com que propõe. Não acho também que seja um ótimo filme, mas vale a pena assistir.
Aqui tem um videocast que comenta bastante o filme.
http://www.youtube.com/watch?v=4rM_MpgoJjY&list=UUNah9sI9R7zPABibsHeoBVw&index=2&feature=plcp

Isadora disse...

"Felipe havia sido preso por tentar trazer drogas de Amsterdã" Fernando foi preso*