segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Uma Noite de Crime

Em 2022, os Estados Unidos estão vivendo dias com baixo desemprego e criminalidade graças a uma nova lei instituída pelos novos "Pais da Nação" (referência aos "Founding Fathers", os revolucionários do século 18 que libertaram o país do domínio britânico); a lei institui que, um dia por ano, todos os crimes são permitidos, incluindo assassinato. Na teoria, este dia de expurgo (tradução melhor para o título original, "The Purge") serviria para "limpar" o país da violência ao permitir que todo cidadão liberasse sua "besta interior", em um efeito catártico. Na prática, a lei permite uma limpeza social e racial uma vez por ano, uma vez que os mais atingidos são os pobres e indefesos.

Visto desta forma, a premissa de "Uma Noite de Crime" até promete um filme com alguma profundidade. Puro engano. Produzido por Jason Blum (da série "Atividade Paranormal") com baixíssimo orçamento (US$ 3 milhões de dólares), a trama é só uma justificativa para um "slasher" de terror B, daqueles em os personagens agem da forma menos inteligente possível para garantir os sustos da platéia. O elenco conta com Ethan Hawke, que adora fazer filmes de baixo orçamento e é amigo pessoal dos produtores, além de Lena Headey, a rainha Cercei Lannister de "Game of Thrones", no papel da esposa em perigo. Hawke interpreta James Sandin, o principal vendedor de uma empresa que instala equipamentos de segurança. Por causa da "noite do crime", ele enriquece rapidamente ao vender portas blindadas e sistemas de alarme avançados para toda a vizinhança onde mora. Para ele, tudo está correndo às mil maravilhas em sua família, composta por esposa dedicada e um casal de filhos adolescentes. Acontece que nesta "noite do crime" em especial algo dá errado; o filho de James, Charlie (Max Burkholder) fica com pena de um mendigo que vê pelas câmeras de segurança da casa e o deixa entrar para se proteger.


Alguns minutos depois a casa é cercada por um grupo de jovens vizinhos, todos ricos e educados, mas assassinos sanguinários que vieram reclamar seu direito de matar. Todos eles vem vestidos com seu "kit de filme de terror" particular, ou seja, com máscaras horrendas e facões pingando sangue. Eles conseguem cortar a luz da casa, a invadem, e então se desenrolam todos aqueles clichês que fazem a delícia dos fãs do gênero. Casa às escuras, a família resolve se separar (naquela lógica de filmes de terror) e ir cada um para um canto para enfrentar os invasores. Há várias cenas de corpos sendo atingidos por tiros de grosso calibre, machadadas, facadas, correrias no escuro e entes queridos salvos (ou não) no último instante. No fim das contas, um filme que tinha uma premissa interessante se desenrola como dúzias de outros filmes de suspense/terror que existem por aí. De qualquer forma, "The Purge" fez grande sucesso nas bilheterias americanas (e mais ainda mundo afora), recuperando várias vezes seu baixo orçamento, o que significa que continuações estão a caminho.

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