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domingo, 27 de outubro de 2013

Exposição STANLEY KUBRICK

Excepcional a exposição sobre o diretor Stanley Kubrick no MIS São Paulo. A mostra toma quase todo o museu e os organizadores criaram ambientes para todos os filmes do genial diretor. Fotos, scripts, câmeras, lentes e objetos reais dos filmes são apresentados de forma muito original em salas que recriam cenas das produções. Na ala dedicada a "O Iluminado", por exemplo, o visitante percorre corredores estreitos que simulam o "Overlook Hotel". Atrás de portas corrediças encontram-se objetos do filme, como os vestidos vestidos pelas garotas gêmeas, ou a máquina de escrever usada por Jack Nicholson. A sala dedicada a "Barry Lyndon" exibe a câmera Mitchell BNC modificada por Kubrick para poder usar uma lente especial, com abertura 0.7, capaz de filmar à luz de velas.

Mas a ala mais impressionante é a dedicada a "2001 - Uma Odisséia no Espaço". Uma grande sala simula o quarto de hotel em que David Bowman vai parar no final do filme, e um monolito negro, no meio da sala, exibe imagens da produção. Há uma maquete da "centrífuga", cenário fantástico idealizado por Kubrick para rodar as cenas no interior da espaçonave Discovery. Também podem ser vistas a roupa dos astronautas e até a "fantasia" de macaco usada por atores para simular os habitantes da Terra pré-histórica vista no começo de "2001". A exposição fica no MIS até janeiro de 2014, mas ainda assim a fila para entrar estava bem longa. Um dos motivos é que a organização deixa entrar só algumas pessoas de cada vez. Por um lado é bom, pois o visitante pode percorrer praticamente sozinho todo o local. Por outro lado, a espera fora do museu é longa. Programa obrigatório para fãs de Kubrick e cinema em geral.

MIS São Paulo
Av. Europa, 158 - Jardim Europa, São Paulo - SP, 01449-000
Telefone(11) 2117-4777

domingo, 13 de outubro de 2013

Gravidade

O diretor mexicano Alfonso Cuarón, que não laçava um filme no cinema desde o excepcional "Filhos da Esperança" (2006), volta à tela grande com um espetáculo audiovisual de tirar o fôlego. "Gravidade" segue a linha de bons filmes realizados sobre astronautas, de "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (1968), obra-prima de Stanley Kubrick, passando por filmes como "Os Eleitos" (1983), de Philip Kaufmann, ou "Apollo 13", de Ron Howard. Cuarón é um mestre em reger planos sequência que duram por vários minutos (quem não se lembra daquela sequência incrível passada dentro de um carro em "Filhos da Esperança") e, em "Gravidade", usa e abusa do cinema digital, criando sequências intermináveis que mesclam com perfeição efeitos especiais com interpretações de atores de carne e osso (Sandra Bullock e George Clooney).

O filme transcorre como uma longa sequência que se passa quase que em tempo real, mostrando desde o momento em que Bullock e Clooney ficam "náufragos" no espaço após o ônibus especial deles ser destruído por uma chuva de detritos espaciais, até um final apoteótico (e bastante metafórico), que não vamos revelar.

Assista à crítica em vídeo, abaixo, e deixe seus comentários.



Câmera Escura

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Rebobine, Por Favor

Esta é uma curiosa e nostálgica mistura de filmes de Frank Capra, "Alta Fidelidade", ficção-científica "B" e, para completar, uma pitada de "Cinema Paradiso". O diretor é Michel Gondry, responsável pelo ótimo "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", com Jim Carrey, do roteiro de Charlie Kauffmann. O próprio Gondry escreveu "Rebobine, por favor", e o filme parece se passar em algum universo paralelo. Digo, que locadora de filmes, nos dias de hoje, teria apenas fitas VHS em seu acervo? As fitas estão lá por duas razões.

Há uma razão simbólica, talvez até poética. O dono da locadora, o Sr. Fletcher (Danny Glover), é um homem que vive no passado, cheio de histórias para contar, principalmente sobre um obscuro músico de jazz chamado Fats Waller. A outra razão para as fitas existirem é dramática. Filmes em DVD não podem ser apagados, ao contrário das VHS, que podem sofrer alterações se influenciadas por um forte campo magnético. Jerry (o sempre entusiasmado Jack Black, de "Alta Fidelidade" e "Escola do Rock"), após tentar sabotar um gerador elétrico (que estaria "manipulando seu cérebro"), sofre uma grande descarga elétrica e se torna magnetizado. Ao entrar na loja, seu campo magnético apaga todo o acervo da locadora. Para despistar os clientes, ele e o atendente da locadora (Mos Def) resolvem regravar os filmes em versões "condensadas", no estilo faça você mesmo. Há cenas engraçadas dos dois tentando refazer "Os Caça-Fantasmas" usando uma velha câmera de video, efeitos especiais de terceira categoria e muita imaginação. O que eles não poderiam prever é que a versão se torna um sucesso, e logo a vizinhança começa a frequentar a locadora em busca de outras versões "condensadas". Com a ajuda de um garota, os três então começam a recriar desde filmes de ação como "A Hora do Rush 2" até clássicos como "2001 - Uma Odisséia no Espaço".

O filme é interessante mas, em minha opinião, o resultado não é tão bom e criativo quanto seu argumento. Creio que seria um filme melhor se assumisse de vez seu lado "trash" ao invés de tentar ser também nostálgico e dramático. Danny Glover, a bem da verdade, com suas histórias sobre o músico de jazz e recordações do passado, me pareceu estar no caminho de Jack Black e do tema real do filme, que é a criação cinematográfica amadora e o puro prazer de filmar. De qualquer modo, tudo acaba levando a um final um pouco açucarado que, como disse, me lembrou um pouco Cinema Paradiso (mesmo que em versão VHS). Mas é um filme simpático, com bom elenco que conta com participações de Mia Farrow e Sigourney Weaver.

ps: não teria sido realmente genial se eles convencessem a personagem de Sigourney Weaver a fazer um papel em "Os Caça-Fantasmas"?
ps2: Michel Gondry vai estar no Brasil e fará workshops em que os participantes poderão criar seus próprios filmes. Veja aqui.


domingo, 15 de junho de 2008

terça-feira, 18 de março de 2008

Adeus Arthur C. Clarke

Arthur Clarke estava com 90 anos. Nascido em Somerset, Inglaterra, em 1917, se tornaria um dos mais cultuados escritores de ficção científica, visionário e divulgador da ciência como um modo de ajudar a Humanidade. Seu trabalho mais famoso foi o roteiro (e o livro) que escreveu para o cineasta Stanley Kubrick chamado "2001, Uma Odisséia no Espaço" (leia minha interpretação para o filme aqui), mas, pessoalmente, creio que ele tenha escrito livros melhores. Este que aqui escreve passou boa parte da sua juventude (talvez mais do que o que seria "saudável") mergulhado nas palavras de Clarke e de seu "rival" Isaac Asimov.
Mais do que prever o futuro, Clarke criou e antecipou o futuro. Nos anos 50, quando o mundo ainda se recuperava da destruição causada pela II Guerra Mundial, Clarke usou de seu conhecimento científico e de sua vasta imaginação para visualizar uma rede de satélites que, girando sempre à mesma velocidade da rotação da Terra, serviriam como retransmissores de dados e de telefone. A área ao redor da Terra onde hoje ficam os satélites artificiais recebe o nome de "Cinturão Clarke". Seu livro de 1956, "A Cidade e as Estrelas", mostra uma sociedade que vive em um mundo cercado por coisas que, hoje, não parecem assim tão impossíveis: a juventude se diverte em jogos de realidade virtual, em que os jogadores podem assumir personagens e simular diversos mundos diferentes. Todo o conhecimento humano está a disposição a partir de um toque, e as pessoas podem "nascer de novo" a partir de corpos clonados. O livro foi escrito há 52 anos, mas já se podem reconhecer nele o video-game, a realidade virtual, a clonagem e a internet. "O Fim da Infância" (1965) já falava sobre a pílula anticoncepcional, o exame de paternidade a partir do DNA, a computação gráfica e os aviões particulares.
Mas nada disso importaria se, no fundo, Clarke não fosse capaz de conquistar o leitor com sua prosa imaginativa e seus personagens, geralmente sonhadores em busca de um mundo melhor. Alvin, de "A Cidade e as Estrelas", por exemplo, é um rapaz que nasce sem o medo que assola o resto dos seus semelhantes, o medo de espaços abertos e do que estaria fora da sua cidade natal, "Diaspar". Sua ânsia em conquistar novos horizontes tira a humanidade de seu comodismo tecnológico e abre espaço para novas conquistas.
Sua descrição dos mundos em que são passadas suas histórias são detalhadas e inspiradas, mesmo quando baseadas em dados puramente científicos. Sou capaz de jurar que já estive entre os grandes satélites de Júpiter (Io, Europa, Ganimedes e Calixto) pela maravilhosa descrição dada por Clarke em sua continuação para "2001", o livro "2010" (transformado em filme apenas razoável por Peter Hyans). Em "As Fontes do Paraíso" (1979), Clarke imagina um "elevador espacial" que seria composto por um gigantesco cabo que ligaria a Terra a um satélite artificial em órbita do planeta. Assim, para se ir ao espaço não seria mais necessário usar grandes e caros foguetes, bastando subir em um elevador que o levaria até a órbita terrestre.
Seu livro mais espetacular (e meu preferido) é "Encontro com Rama" (1973). Nele Clarke imaginou uma sonda alienígena em forma de um gigantesco cilindro que foi detectado entrando no Sistema Solar. Uma nave terrestre é enviada para investigar e descobre que o cilindro, de 40 quilômetros de extensão, é na verdade oco, e a tripulação resolve investigar. O mundo que Clarke criou dentro deste cilindro é fantasticamente imaginativo. A rotação do cilindro cria em seu interior uma gravidade artificial (assim como a água de um balde não cai quando você o gira depressa o suficiente). Há um "mar" de gelo dentro de uma fenda no interior do cilindro que, conforme "Rama" (como foi batizada a sonda) vai se aproximando do Sol e derrete, se transformando em água líquida. A água produz vapor e cria uma atmosfera respirável. Clarke cria assim um mundo artificial que pode viajar por milhares de anos para chegar a seu destino. Há boatos sobre um filme sobre "Rama" rondando Hollywood há quase uma década, mas nada de concreto ainda foi oficializado.
Clarke vinha batalhando há anos pelo uso pacífico do espaço e pelo final das guerras. Era também ferrenho opositor às religiões que causavam ignorância científica e fundamentalismo religioso. Nos últimos anos foi acometido por uma paralisia que o deixou em uma cadeira de rodas em sua casa em Colombo, Sri Lanka, para onde se mudou nos anos 60. Foi autor de dezenas de obras primas da ficção científica e de livros científicos, além de apresentador e criador de programas de televisão, foi consultor da NASA e serviu de inspiração para um sem número de invenções e novas idéias.
Mas uma das coisas mais impressionantes sobre Clarke era sua longevidade. Viveu por quase todo o século XX, viu nascer (e mesmo ajudou a criar) um sem número de maravilhas tecnológicas e continuou ativo depois de 8 décadas de vida. É com surpresa (e tristeza) que soube hoje de seu falecimento (e a ficha, na verdade, ainda não caiu). Ficam seus livros, suas idéias e seu legado.
Que sejamos inteligentes o suficiente para continuarmos sua história.

(ao lado: a "Star Child" imaginada por Clarke e Kubrick em "2001", o próximo estágio na evolução humana