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segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Reino Escondido

"O Reino Escondido" é uma animação em 3D dirigida por Chris Wedge que, com o brasileiro Carlos Saldanha, foi responsável pela série "A Era do Gelo" e pela animação "Rio". O roteiro é de Wedge e de William Joyce, escritor de livros infantis e produtor de animações como "A Lenda dos Guardiões" e o curta metragem "The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore", vencedor do Oscar. O roteiro segue aquela trama ecologicamente correta sobre seres fantásticos que querem salvar a Natureza, na linha de "Ferngully" ou mesmo "Avatar". O filme sai do lugar comum graças a um visual caprichado e algumas boas sacadas.

M.C. (ou Maria Catarina) é uma garota de 17 anos que, após a morte da mãe, tenta retomar o contato com o pai, um "cientista maluco" que vive sozinho em uma casa na floresta. Ele tem centenas de câmeras espalhadas entre as árvores e sensores que tentam provar sua teoria de que a floresta é mantida por seres em miniatura. O que M.C. não sabe é que o pai está certo. Logo no início somos apresentados aos "Homens Folha", nobres guerreiros que, voando nas costas de pássaros, protegem a floresta do vilão Mandrake e seus seguidores. Há uma lenda que diz que, no Solstício da Primavera, a rainha Dara precisa escolher um botão de flor que vai manter a floresta viva; acontece que Mandrake ataca os "homens folha" e, após uma violenta batalha, consegue matar a rainha. O botão acaba caindo nas mãos de M.C., que estava na floresta naquele momento. Miniaturizada pela rainha, M.C. acaba se juntando aos "homens folha" na luta para salvar a floresta. Ao mesmo tempo, a garota tem que descobrir um modo de voltar ao seu tamanho natural e fazer as pazes com o pai.

Os cenários tridimensionais da floresta são bastante bonitos, em cenas que remetem um pouco ao cinema fantástico criado pelo japonês Hayao Miyazaki. O design dos "homens folha" também é muito bem feito, e há nobreza no modo de se portar de personagens como Ronin, o líder do exército da Rainha Dara. Há também, claro, as concessões esperadas em um filme infantil como este, como uma dupla de lesmas que fazem todos os  truques que a garotada (principalmente os meninos) acham engraçados. Há grande quantidade de sequências de ação, criadas para explorar ao máximo o efeito do 3D. O final dá a entender que a história vai continuar em outras sequências. "O Reino Escondido" pode não ser muito original, mas é bonito, bem feito e sem dúvida vai agradar a criançada. Visto no Topázio Cinemas.

domingo, 10 de abril de 2011

Rio

Brasileiro é um povo estranho. Quando o seriado "Os Simpsons" fez um episódio em que os personagens vinham ao Brasil destilar seu humor afiado, cheio de críticas, ouviu-se a ira "patriótica" de muitos. Agora, quando o brasileiro Carlos Saldanha, um dos diretores de animação mais bem sucedidos do mundo, resolveu usar seu poder nos estúdios "Blue Sky" (produtores da série "Era do Gelo") para fazer um filme passado em um Rio de Janeiro belo e alegre, escuta-se novamente o brado de que ele estaria mascarando os problemas da cidade maravilhosa. Nas duas situações, há muita bobagem e pouca crítica séria.

Sim, "Rio" é uma animação extremamente colorida e alegre que, pecado dos pecados, mostra um Rio de Janeiro lindo, com fauna exuberante e pessoas preocupadas só com o Carnaval. Como produto de entretenimento e filme infantil, "Rio" não tinha nenhuma obrigação de ser polêmico ou mesmo verossímil. Seria como criticar "A Era do Gelo" por não ser cientificamente correto. Por uma terrível coincidência, o filme foi lançado um dia depois do massacre causado por um homem fora de controle em uma escola do Rio de Janeiro, em que 12 crianças foram assassinadas. Uma pena que o Rio de verdade não seja mais parecido com o animado mas, repetindo, não se pode julgar Paris pelo visto em "Ratatouille".

Blu é uma arara azul muito rara que, ainda filhote, foi capturado por contrabandistas de animais exóticos e levado aos Estados Unidos. Ele se torna animal de estimação de Linda, uma moça tímida que o trata como se fosse da família. Mas um dia um cientista brasileiro chamado Tulio aparece e diz que Blu é o último macho da sua espécie, e deve ser levado ao Rio de Janeiro para se acasalar com Jade, a última fêmea. Blu é tão domesticado que sequer sabe voar; ao conhecer Jade, não entende o porquê dela querer escapar e voltar para a natureza. As duas araras acabam roubadas por um garoto que trabalha para contrabandistas de animais. Estes contrabandistas moram, sim, em uma favela que, se não mostra traficantes trocando tiros, é realista e visualmente interessante o suficiente para a animação.

A cidade do Rio, claro, é a principal personagem do filme. E os animadores a mostram com grande beleza e riqueza de detalhes. As cenas noturnas são particularmente bem feitas e, estilizada ou não, não deixa de ser interessante ver a paisagem brasileira na tela. Tudo culmina com um feito técnico impressionante, o desfile de uma escola de samba em pleno carnaval carioca. Há literalmente milhares de "figurantes" tridimensionais nesta sequência, embalados pela trilha sonora criada por Sergio Mendes. Saldanha, que é carioca e migrou para os Estados Unidos para aprender animação, sem dúvida se coloca um pouco no personagem de Blu, um expatriado que volta ao Rio de Janeiro e a vê mais com os olhos maravilhados de um turista do que com o realismo de um morador local. "Rio" não é nenhum clássico, mas é diversão leve e bem feita para crianças e adultos.