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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os Infiéis

Um desperdício de talento generalizado pode ser visto neste "Os Infiéis", estrelado pelo astro de "O Artista", Jean Dujardin, e por Gilles Lellouche. Os dois interpretam amigos de meia idade, maduros, bem-sucedidos financeiramente, casados e com filhos, mas com um "vício" incontrolável, a infidelidade. Em uma série de episódios curtos, Dujardin e Lellouche batem na mesma tecla machista e anacrônica de que os homens foram feitos para "procriar e copular" (frase do filme) e que as esposas devem se manter fiéis donas de casa. Tem-se a sensação de se estar assistindo a um "E ai, comeu?" falado em francês, mas ainda pior.

Os episódios são dirigidos por oito diretores diferentes, inclusive pela dupla principal de atores. O filme abre e fecha com a história de Fred e Gregg, dois amigos de Paris que fazem tudo juntos, inclusive transar no mesmo quarto com garotas que "pegaram" na balada. Os dois enganam as esposas e vão para mais uma série de orgias em Las Vegas, onde a amizade deles se transforma em outra das piadas sem graça do filme. O diretor de "O Artista", Michel Hazanavicious, dirige Dujardin em um episódio em que ele tenta, sem sucesso, transar com alguém em um hotel, durante uma conferência. Eric Lartigau dirige Gilles Lellouche na história de um dentista que trai a esposa com uma adolescente muitos anos mais nova (e paga o preço por isso). Há também episódios que são apenas "cenas" curtas, uma envolvendo um homem que vai parar no hospital "atracado" com uma mulher e outra que mostra uma cena de sadomasoquismo que termina mal.

Há apenas dois episódios, um dramático e outro cômico, que têm algum mérito. Na história dirigida por Emmanuelle Bercot, uma esposa (Alexandra Lamy), com a pulga atrás da orelha, começa uma daquelas conversas aparentemente leves e divertidas com o marido, provocando-o a contar se teve algum caso extra-conjugal. O marido (Dujardin) sabe que aquilo não vai terminar bem e tenta fugir do assunto o máximo que pode. Quando a verdade (tanto do marido quanto da esposa) acaba vindo à tona , os ânimos se alteram e é o momento mais dramático do filme. É o único momento em que o assunto "infidelidade" é tratado com certa seriedade e realismo. O outro episódio digno de nota mostra uma reunião dos "infiéis anônimos", em que vários maridos pegos em flagrante estão em uma sessão de terapia coletiva conduzida por uma mulher (a ótima Sandrine Kiberlain, de "As Mulheres do Sexto Andar", "Mademoiselle Chambon", etc). Dirigido por Alexandre Courtès, o episódio é divertido, bem escrito e o melhor resolvido. O resto, infelizmente, não passa de uma série de generalizações simplistas sobre homens, mulheres e a infidelidade. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.

domingo, 9 de maio de 2010

O Preço da Traição

Ok, vamos por partes. Uma ginecologista bem sucedida profissionalmente, mas passando pela crise da meia idade, Catherine (Juliane Moore, magnificamente madura) suspeita que seu marido David (Lian Neeson), um professor de música, a esteja traindo. Ele é charmoso, tem muitas alunas jovens e interessadas e, aos olhos da esposa, flerta com todas as mulheres com quem encontra. No dia do aniversário do marido, ele não aparece na festa surpresa que a esposa lhe preparou porque perdeu o vôo de Nova York para Toronto, onde o casal mora com o filho adolescente. Ou será que ele perdeu o vôo porque teve um caso com uma de suas alunas? Desesperada e insegura, Moore resolve descobrir se o marido a está traindo ou não.

É então que entra Chloe (Amanda Seyfried, também em cartaz com "Querido John"). Ela é uma garota de programa que, por coincidências criadas pelo roteiro, se torna disponível para um jogo perigoso criado por Catherine. Ela a contrata para se aproximar do marido para testar a fidelidade dele (o título brasileiro, "O preço da traição", poderia ser trocado por outro igualmente bobo, como "Teste de fidelidade"). Aparentemente Catherine consegue o que quer. Chloe começa a lhe contar os encontros com o marido, com detalhes cada vez mais íntimos, o que provoca reações estranhas em Catherine. Estaria ela excitada com o que está escutando? Será que a idéia de ser traída pelo marido é uma forma dela ter alguma coisa "íntima" com ele, nem que seja pelas histórias contadas por uma garota de programa? Os diálogos supostamente "quentes" lembram "Closer", de Mike Nichols, outro filme em que a expressão "sexo oral" ganha outra conotação, literal, por tratar do sexo como algo mais intelectual do que físico.

O início promissor dá lugar a uma trama que, infelizmente, vai se tornando cada vez mais inverossímil e, a bem da verdade, pouco inteligente. O que estaria acontecendo? Seria a proposta de Catherine a Chloe uma vontade velada de, na verdade, fazer sexo com ela? Estaria o marido realmente a traindo? Será que Chloe é quem ela diz ser? O filme, do diretor Atom Egoyan, poderia ter tratado todas estas questões de forma muito mais interessante, sem ter que partir para uma resolução clichê. De um estudo psicológico adulto, o filme muda para um thriller convencional, no estilo de "Atração Fatal". Filmado no Canadá, em formato televisivo, "O Preço da Traição" talvez seja melhor visto em uma noite de sábado, em DVD. Como cinema, é decepcionante.