Sete
Minutos Depois da Meia Noite (A Monster Calls, 2016). Dir: J.A. Bayona.
Disponível na Netflix. Está classificado como "infantil", mas é um bom
drama com toques fantásticos que conta a história de Connor (Lewis
MacDougall, ótimo) um garoto que está passando por maus bocados; a mãe
(Felicity Jones) está com uma doença terminal, mas os médicos ainda estão
tentando alguns tratamentos.
Na escola,
Connor é surrado diariamente pelo valentão da sala. O pai, que mora nos
Estados Unidos, vem visitar e diz que não há lugar para ele nos EUA. A
avó (a grande Sigourney Weaver) é rígida, exigente e quer que Connor se
mude para a casa dela. Diante de tantos problemas, Connor se refugia
nos desenhos que faz à noite. É então que ele começa a ser visitado por
um enorme monstro que sai de uma árvore centenária que Connor vê da janela.
O monstro tem a voz de Lian Neeson e começa a contar algumas histórias
para Connor, lindamente ilustradas em belas sequências de animação. É
verdade que, às vezes, a mensagem do filme fica evidente demais e o
filme poderia ter sido mais sutil na fantasia, mas é extremamente bem
feito, triste e sério.
Ok, vamos por partes. Uma ginecologista bem sucedida profissionalmente, mas passando pela crise da meia idade, Catherine (Juliane Moore, magnificamente madura) suspeita que seu marido David (Lian Neeson), um professor de música, a esteja traindo. Ele é charmoso, tem muitas alunas jovens e interessadas e, aos olhos da esposa, flerta com todas as mulheres com quem encontra. No dia do aniversário do marido, ele não aparece na festa surpresa que a esposa lhe preparou porque perdeu o vôo de Nova York para Toronto, onde o casal mora com o filho adolescente. Ou será que ele perdeu o vôo porque teve um caso com uma de suas alunas? Desesperada e insegura, Moore resolve descobrir se o marido a está traindo ou não.
É então que entra Chloe (Amanda Seyfried, também em cartaz com "Querido John"). Ela é uma garota de programa que, por coincidências criadas pelo roteiro, se torna disponível para um jogo perigoso criado por Catherine. Ela a contrata para se aproximar do marido para testar a fidelidade dele (o título brasileiro, "O preço da traição", poderia ser trocado por outro igualmente bobo, como "Teste de fidelidade"). Aparentemente Catherine consegue o que quer. Chloe começa a lhe contar os encontros com o marido, com detalhes cada vez mais íntimos, o que provoca reações estranhas em Catherine. Estaria ela excitada com o que está escutando? Será que a idéia de ser traída pelo marido é uma forma dela ter alguma coisa "íntima" com ele, nem que seja pelas histórias contadas por uma garota de programa? Os diálogos supostamente "quentes" lembram "Closer", de Mike Nichols, outro filme em que a expressão "sexo oral" ganha outra conotação, literal, por tratar do sexo como algo mais intelectual do que físico.
O início promissor dá lugar a uma trama que, infelizmente, vai se tornando cada vez mais inverossímil e, a bem da verdade, pouco inteligente. O que estaria acontecendo? Seria a proposta de Catherine a Chloe uma vontade velada de, na verdade, fazer sexo com ela? Estaria o marido realmente a traindo? Será que Chloe é quem ela diz ser? O filme, do diretor Atom Egoyan, poderia ter tratado todas estas questões de forma muito mais interessante, sem ter que partir para uma resolução clichê. De um estudo psicológico adulto, o filme muda para um thriller convencional, no estilo de "Atração Fatal". Filmado no Canadá, em formato televisivo, "O Preço da Traição" talvez seja melhor visto em uma noite de sábado, em DVD. Como cinema, é decepcionante.