
John Malkovich é Osbourne Cox, um analista da CIA que, no início do filme, está sendo dispensado do trabalho. Um superior lhe diz que ele tem um problema com a bebida. "Vocè é mórmon! Para você todos têm problemas com a bebida!", retruca Cox. Ressentido e muito, muito bravo, Cox vai para casa e conta à eposa que se demitiu, e que pretende escrever um livro de "memórias". A esposa é Katie (Tilda Swinton... quem senão os irmãos Coen para imaginar um casal como John Malkovich e Tilda Swinton?), que está tendo um caso com Harry Pfarrer (George Clooney, se divertindo). Harry é supostamente um policial (nunca o vemos trabalhando) que, em 20 anos de serviço, nunca disparou uma arma. Ele é casado com uma escritora de livros infantis. Recapitulando: Cox (Malkovich) é casado com Katie (Swinton), que tem um caso com Harry (George Clooney), que é casado com uma escritora.
Em uma academia de ginástica, a instrutora Linda Litzke (Frances McDormand), está passando pela crise da meia idade. Ela quer se "reinventar" passando por uma série de cirurgia plásticas caras (que seu plano de saúde não cobre); ela tabém está tentando encontrar um companheiro em anúncios da internet. Ela trabalha com Chad (Brad Pitt), um personal trainer hiperativo que, um dia, está todo animado em frente ao computador: o faxineiro encontrou no vestiário um CD que, supostamente, contém informações sigilosas da CIA. Chad descobre que o dono do CD é um analista chamado Osbourne Cox (lembram-se?), e sugere a Linda que eles tentem trocar o CD por dinheiro.
Com esses personagens e ingredientes os Coen vão construindo um filme que, de início, nem é assim tão cômico mas que, aos poucos, vai se tornando cada vez mais absurdo e engraçado. Clooney e Tilda Swinton, vale notar, interpretaram juntos no drama "Conduta de Risco" (Michael Clayton, 2007), pelo qual Swinton ganhou o Oscar. Brad Pitt está muito engraçado, interpretando um rapaz não muito esperto e que acha que está dando um grande golpe ao chantagear um espião da CIA. E o que dizer de John Malkovich?
"Queime depois de ler" não é nenhuma obra prima, e está distante das tragicomédias anteriores dos Coen como "Barton Fink" e o estupendo "Fargo". Mas ainda é um filme acima da média.