Mostrando postagens com marcador shailene woodley. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador shailene woodley. Mostrar todas as postagens

domingo, 6 de agosto de 2023

A Vida Depois (The Fallout, 2021).

A Vida Depois (The Fallout, 2021). Dir: Megan Park. HBO Max. Filme bonito e muito sensível sobre um assunto bastante comum nos últimos anos (infelizmente). Duas adolescentes estão no banheiro de uma escola de ensino médios dos EUA quando escutam tiros vindos do corredor. As duas se escondem em um box e a câmera nunca sai delas; ouvimos os tiros continuando no corredor, os gritos de desespero e, minutos depois, a polícia, tudo do ponto de vista das garotas (e de um rapaz, que entra no meio do tiroteio).
É mais um dia nas escolas dos Estados Unidos, mas este filme foca nos sobreviventes e como eles enfrentam as semanas seguintes. Jenna Ortega (famosa por "Wandinha") está excelente como uma das garotas, Vada. Ela é esperta, natural e completamente a vontade na pele da adolescente (Ortega já tinha quase 20 anos quando fez o filme, mas a personagem dela tem 16 e, francamente, ela parece ter uns 13). A outra garota da cena inicial é completamente diferente de Vada; Mia (Maddie Ziegler) é alta, bonita e uma "influencer" com milhares de seguidores no Instagram. Enquanto Vada tem família, com pai, mãe e uma irmã mais nova para lhe darem suporte (embora eles não saibam exatamente como agir), Mia parece popular mas é solitária e mora em uma casa grande, cheia de objetos de arte, mas os pais estão sempre viajando pela Europa (e não voltam nem depois do tiroteio).

Vada e Mia acabam engatando uma amizade gerada pelo trauma e pela necessidade de apoio. Há cenas inocentes delas vendo TV e dançando juntas, mas há também álcool e drogas envolvidas (e confesso que é meio estranho ver Ortega, com o rosto de uma criança, fazendo essas coisas). A personagem dela tenta lidar com o trauma como pode, inclusive ficando confusa sobre seus sentimentos tanto por Mia quanto por Quinton (Niles Fitch), um garoto que também sobreviveu ao ataque. Shailene Woodley (da série "Divergente"), que até um tempo atrás fazia papéis de adolescente, faz uma participação aqui como uma psicóloga. Um bom filme, bem interpretado e dirigido com sensibilidade. Disponível na HBO Max. 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Divergente

"Divergente" tem duas horas e vinte minutos de duração, tempo mais do que o suficiente para expor as premissas e desenvolvê-las. Então por que é que tudo tem que ser explicado à exaustão? Será que o público adolescente é assim tão incapaz de entender o que está se passando na tela sem que um narrador fique explicando tudo? Fora o fato de que o filme é baseado em mais uma franquia de livros juvenis, à exemplo de "Jogos Vorazes", o que torna estas explicações redundantes para a maioria da platéia.

Em um futuro não muito distante, Chicago foi devastada pela guerra e está separada do mundo exterior por um muro alto. A sociedade, para sobreviver, se dividiu em cinco facções, Erudição, Amizade, Abnegação, Audácia e Franqueza. Cada uma destas facções preza uma virtude e se dedica a uma atividade, como agricultura, judiciário, serviços sociais, defesa, etc. As crianças nascidas dentro de cada facção passam, aos 16 anos, por um teste que vai determinar se elas continuam na facção da família ou se mudam para outra (Grifinóia, Sonserina... opa, franquia errada). Beatrice Prior (Shailene Woodley, de "Os Descendentes") nasceu na Abnegação, mas seus olhos brilham quando ela vê os musculosos, vibrantes e alegres membros da Audácia correndo na rua. Sinceramente, é meio difícil imaginar qualquer adolescente que não gostaria de fazer parte da Audácia, levando uma vida de aventuras, ao invés de plantar batatas com o pessoal da Amizade. De qualquer forma, depois do teste os jovens ainda passam por uma cerimônia de Escolha, onde os escolhidos de cada facção vão lutar nos Jogos Vorazes...ou melhor...cada adolescente, independente do resultado do teste, escolhe a facção em que deseja passar o resto da vida. Mesmo em um mundo em que todas as pessoas que você conhece moram em uma única cidade e todos se beneficiariam de um contato maior, as leis deste mundo distópico ditam que os adolescentes fiquem privados da companhia da família e amigos para sempre, caso resolvam mudar de facção. (leia mais abaixo)



Beatrice, claro, é diferente dos outros, e seu teste mostra que ela é uma "Divergente", uma pessoa que não se encaixa perfeitamente em nenhuma das facções. Ou seja, ela é uma adolescente normal, mas neste mundo ser "divergente" pode ser um problema, já que os membros da Erudição vêem com maus olhos qualquer um que tenha um comportamento diferente. Ela escolhe a turma da Audácia, muda o nome para "Tris", e tem que lidar com os abusos do cruel líder da facção, Eric (Jai Courtney), e a atenção do misterioso e atraente "Quatro" (Theo James).

O filme é baseado na obra da escritora Veronica Roth e é o primeiro de uma nova série cinematográfica adolescente. A direção é de Neil Burger, que tem no currículo o interessante "O Ilusionista" (2006), mas que aqui se limita ao básico. "Divergente" tem um visual inventivo e efeitos especiais corretos. Os jovens atores, em especial Shailene Woodley, não fazem feio e têm algum carisma. A trilha sonora é tão genérica que os créditos dizem apenas que ela foi "supervisionada" por Hans Zimmer. O ritmo é desnecessariamente lento, resultado da necessidade do roteiro de explicar tudo dezenas de vezes. Kate Winslet faz uma participação especial (gravada em uma semana) em que ela se limita a andar pelo cenário com uma expressão fria e um sinal de "vilão" flutuando sobre a cabeça. Tudo resulta em um confronto final confuso e mal conduzido por Burger e equipe. Woodley tem uma boa cena de perda em que consegue expressar alguma emoção, mas logo tudo é engolido pela correria e explosões previsíveis. Como é uma obra em aberto, o final é genérico, com mais narrações e perguntas a serem respondidas nos próximos filmes, o que enfraquece ainda mais o roteiro. Onde é que estão os bons filmes com começo, meio e fim?

Câmera Escura

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Os Descendentes

Dirigido e co-escrito por Alexander Payne (do simpático "Sideways", de 2004), "Os Descendentes" é uma boa comédia dramática que narra a vida de um homem de meia idade, Matt King (George Clooney), que está com uma série de problemas para resolver. A esposa Elisabeth (Patricia Hastie) sofreu um acidente de barco e está em coma no hospital há mais de vinte dias; os médicos acreditam que ela não vai sobreviver. As filhas Scottie (Amara Miller), de 10 anos e Alexandra (Shailene Woodley), de 17 anos, se comportam mal na escola, são desbocadas e não suportam o pai "quadrado", com quem não conviveram enquanto cresciam. Eles moram no arquipélago do Hawaí e Matt precisa resolver o que fazer com uma grande área de terra que a família (ele e vários primos) possui em local privilegiado. Há grupos interessados no terreno e as ofertas chegam a meio bilhão de dólares. Os primos de Matt estão interessados no dinheiro, mas uma questão jurídica dá a ele o poder de decisão. Só que ele não é uma pessoa decidida; a esposa era uma mulher aventureira, interessada em esportes radicais e adrenalina. Matt trabalha por princípios, é advogado e não queria que as filhas vivessem em berço de ouro. Mas o acidente com a esposa mudou tudo; ele agora tem que administrar a casa e as filhas adolescentes. Para piorar, a filha mais velha revela um segredo: Matt estava sendo traído pela esposa. Como lidar com a raiva de se descobrir um homem traído e a esposa está em coma? George Clooney está muito bem, interpretando Matt como um homem indeciso e magoado.

Baseado no livro de Kaui Hart Hemmings, o filme mostra um lado desconhecido da vida no Hawaí. Apesar do cenário paradisíaco, pessoas reais vivem lá, com problemas e alegrias como em qualquer outro lugar do mundo. As ilhas têm uma história antiga, costumes e até uma língua própria. Os moradores têm um modo peculiar de viver. É interessante acompanhar a narração do personagem de Clooney enquanto fala dos antepassados com respeito e da esposa com uma mistura de amor e ódio. Elisabeth era uma mulher vibrante, mas não era nenhuma santa. A descoberta da traição leva Matt a tentar descobrir quem era o amante dela, e ele e a família partem para procurá-lo. É uma forma bizarra de enfrentar tanto a traição quanto a morte iminente da esposa. A filha mais velha, que foi quem descobriu o caso da mãe, também está interessada em confrontar o amante dela, e a jovem atriz Shailene Woodley está muito bem. O filme ainda conta com a participação de ótimos atores coadjuvantes como Robert Forster, que interpreta o sogro de Matt, e Beau Bridges (irmão de Jeff) como um dos vários primos interessados na venda das terras.

"Os Descendentes" estréia no Brasil em 27 de janeiro e chega como vencedor do Globo de Ouro como "Melhor Filme Dramático" e com cinco indicações ao Oscar (Filme, Direção, Ator, Roteiro Adaptado e Edição). Um bom filme, que trata sobre o tema da morte com sensibilidade, sem fugir do assunto. Os que ficam precisam reaprender a viver. Visto em pré-estréia no Topázio Cinemas.