segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Meu irmão é filho único

"Meu irmão é filho único" é passado sob as cores quentes da Itália dos anos 1960. Quente também era a política da época, e as pessoas que a praticavam. Em uma pequena cidade chamada "Latina", uma família tradicional se vê às voltas com as vontades políticas de seus filhos, principalmente Manrico Benassi (Riccardo Scamascio), o mais velho, e Accio Benassi (Elio Germano), o mais novo. Accio, no começo do filme, está em um seminário estudando para ser padre. Mas uma visita do irmão mais velho, que lhe deixa uma foto de uma bela atriz de cinema, faz com que o adolescente tenha uma "crise de fé" (na verdade, repetidas masturbações noturnas) que o fazem abandonar a vida religiosa. Em pouco tempo o jovem Accio está metido com um vendedor de rua, Mario (Luca Zingaretti), que começa a lhe ensinar os princípios básicos do fascismo. O jovem fica fascinado com a figura do "Ducce" e se torna um fascista com carteirinha e tudo, para desgosto da família. O irmão mais velho se torna operário e comunista, e tem várias brigas políticas com Accio. Para complicar a situação, aparece a bela Francesca (Diane Fleri), a namorada de Manrico, que também é comunista e tem discussões com Accio, mas há sempre "algo" no ar quando os dois estão juntos.

Com direção de Daniele Luchetti, o filme é sempre muito colorido, exagerado e italiano. As mudanças ideológicas pelas quais Accio passa representam o modo passional com que os italianos lidam com a política. Accio entra de cabeça nas atividades dos fascistas, que consistiam basicamente em atrapalhar os comunistas e prestar honras a Mussolini. Mas aos poucos as atividades do grupo vão se tornando cada vez mais sérias e perigosas e Accio começa a ter dúvidas sobre o grupo. Fica patente que ele está apaixonado pela namorada do irmão, Francesca, e as discussões políticas entre os dois, no fundo, escondem uma vontade grande de estarem juntos. Accio abandona o grupo dos fascistas apenas para começar um caso com a esposa de seu ex-companheiro, Mario.

Tudo parece leve e inconseqüente, mas com o tempo as coisas ficam mais complicadas principalmente para o irmão mais velhos de Accio, Manrico, que aparentemente está envolvido em atentados terroristas promovidos pelos comunistas. Quanto a Accio, há uma cena em que o próprio comenta que as revoluções de 1968 varreram o mundo todo, menos a pequena cidade de Latina, onde ele se encontrava. Não demora muito, porém, que os problemas do irmão cheguem até ele, que tem que decidir se vai se envolver ou não.

Um filme vibrante e divertido, com uma energia que, por vezes, lembra os bons tempos do velho cinema italiano.

Um comentário:

Bianca Pissardo disse...

bom demais!
só não vou ler oq escreveu em Lemon Tree, pq quero assistí-lo sem nenhuma grande informação sobre o mesmo.
:-)