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"Foi apenas um Sonho" é o título brasileiro bobo e óbvio para "Revolutionary Road", o mais recente filme de Sam Mendes. Ele fecha o que podemos chamar de "trilogia do desespero" da classe média americana, formada pelos filmes "Beleza Americana" (do próprio Sam Mendes, de 1999) e "Pecados Íntimos" (de Todd Field, 2006), também estrelado por Kate Winslet. Mas não fecha com chave de ouro. Há algo de muito frio e calculado no filme de Mendes que transforma mais em um exercício de observação do que de empatia.
Após a festa de aniversário, April surpreende o marido com uma proposta: por que eles não vendem a casa, empacotam tudo e vão morar em Paris? Ela sabe que ele não é feliz no emprego e gostaria que ele tivesse tempo livre para poder "descobrir sua vocação". Como eles iriam sobreviver? O salário dela como secretária em uma agência do governo seria suficiente para sustentar a família, visto que o custo de vida de Paris (em 1955) era barato. A princípio Frank acha que ela não está sendo prática, mas acaba aceitando a idéia. De repente, a idéia de Paris e de largar tudo dá nova vida ao casal. Eles ficam mais próximos e surpreendem os vizinhos e colegas de trabalho com o anúncio de mudança de vida. No trabalho, quase que sem querer, Frank faz uma sugestão à matriz que é considerada revolucionária e, ironicamente, recebe uma proposta de promoção e aumento de salário. "Imagino a cara que eles fizeram quando você disse que está abandonando a empresa", brinca April.
Claro que a idéia de Paris funciona mais como uma fantasia do que como algo concreto. E o filme funciona ao expor os preconceitos da época, principalmente quando se comenta que seria a esposa a sustentar a família. Há também um personagem interessante interpretado por Michael Shannon, que faz um antigo interno de um hospital psiquiátrico. Ele visita os Wheelers acompanhado da mãe (Kathy Bates), que foi a corretora que lhes vendeu a casa, e do pai. Ao saber dos planos de se mudar para Paris, o rapaz parece ser o único a entender o casal. Só que Frank não está mais tão certo de sua decisão. A proposta de promoção e aumento de salário é tentadora. Eles não poderiam ser felizes nos Estados Unidos mesmo? Para complicar, April descobre que está grávida de 10 semanas e começa a imaginar se não seria melhor abortar.
"Foi apenas um sonho" funciona melhor em sua primeira metade. O filme decai mais para o final. O roteiro é por demais teatral e direto, principalmente nas constantes brigas do casal, com muitos diálogos didáticos e expositivos. As crianças aparecem e desaparecem conforme a necessidade do roteiro, e "babás" são citadas a todo momento, mas nunca são vistas. Mas é um filme bem feito e bem interpretado, principalmente por Kate Winslet. Ela e DiCaprio repetem o par romântico de "Titanic", pouco mais de dez anos depois. Com o perdão do trocadilho, "Foi apenas um sonho" é bom, mas frio como um iceberg.
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