segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Milk - A Voz da Igualdade

Indicado ao Oscar de Melhor Filme e vencedor de Melhor Ator (uma surpresa, o favorito era Mickey Rourke por "O Lutador")) para Sean Penn, "Milk" é uma biografia bem feita dirigida por Gus Van Sant. Harvey Milk se mudou com o namorado para São Francisco no início dos anos 70. A cidade era mais acolhedora aos homossexuais, particularmente em um bairro chamado Castro, para onde chegavam gays de todo o país. Milk abriu uma loja de fotografia na Rua Castro e, aos poucos, foi crescendo politicamente. Gays andavam pelo bairro de forma mais livre que no resto do país, embora ainda fossem vítimas de violência por parte da polícia. Harvey Milk se candidatou por anos seguidos ao conselho da cidade, mas só conseguiu ser eleito quando as leis de voto distrital foram aprovadas. Em seu breve mandato conseguiu aprovar uma lei que impedia que homossexuais fossem demitidos sem justa causa de seus empregos e lutou bravamente contra uma cantora chamada Anita Bryant, que usava a fama para fazer discursos anti-homossexuais. Com a ajuda de um Senador, Bryant tentou aprovar uma lei chamada Proposição 6, que propunha que todos os professores homossexuais, e pessoas ligadas a eles, fossem demitidos. A tese do senador era que já que homossexuais não podem reproduzir eles usariam da posição de professor para "recrutar" novos gays. Não é preciso ser pró ou anti gay para perceber que não havia muita lógica por trás da idéia.

O filme usa muitas imagens de arquivo para recriar a São Francisco dos anos 70 e é bastante genuíno. Gus Van Sant, que é gay assumido, está à vontade com o material e faz o filme de forma sincera, sem endeusar Milk ou demonizar seus adversários. O elenco, encabeçado por um Sean Penn extraordinário, conta com Emile Hirsch, Diego Luna, James Franco e Josh Brolin, também indicado ao Oscar. Ele interpreta o personagem mais enigmático do filme, o conselheiro de São Francisco, Dan White. A relação entre Milk e White é complicada. Milk é convidado para o batismo do filho de White, uma cerimônia católica, e é o único conselheiro a aparecer. Os colegas de Milk pedem para que ele tenha cuidado com White, mas Milk acha que ele pode ser um gay enrustido e estar do lado deles. A História provou que não foi bem assim. O verdadeiro Dan White acabaria assassinando tanto Milk como o prefeito de São Francisco.

Minha única reclamação com a parte técnica é o formato em que o filme foi feito. "Milk" é extremamente televisivo, com a imagem "quadrada" ao invés do widescreen da tela do cinema (ou ao menos foi assim na sala em que assisti). No resto é uma boa produção, com música de Danny Elfman e fotografia de Harry Savides.



2 comentários:

Anônimo disse...

Quando o filme começou, pensei, que droga, lá vem filme politicamente correto e engajado. Mas qual não foi a surpresa por ser um trabalho razoavelmente lúcido não sobre a questão do homosexualismo, mas sim sobre o poder na política. Poder que sobe à cabeça de Milk, poder que ele se utiliza para massacrar aquele pelo qual nutri uma estranha relação. Gostei bastante do filme justamente por causa da relação entre White e Milk.
Não quero de modo nenhum justificar os assassinatos cometidos pelo segundo. Mas sem dúvida, se MILK tivesse sido um pouco mais complacente e misericordioso no momento de influenciar o prefeito a aceitar o pedido de readmissão do opnente a história poderia ter sido diferente.

Quanto ao roteiro, eu não gostei de uma coisa. Creio que o momento entre a renúncia e o pedido de retorno White poderia ter sido melhor trabalhado, não lembro bem, mas me parece que num momento ele manda a carta, nos ploanos seguintes ele já pede o retorno.

bem é isso...

vc assistiu ao Revolutionary Road???

João Solimeo disse...

Não sei como foi que aconteceu na vida real, mas senti que o filme quis mostrar que o pedido de demissão de White e seu arrependimento aconteceram praticamente na mesma hora. Você ficou com a impressão que o poder subiu à cabeça de Milk? Não sei... sem dúvida ele poderia ter tratado White de forma diferente, mas não acho que ele tenha agido de forma injusta.

Meu comentário sobre "Foi tudo um sonho" está mais abaixo no blog.

Abraço.