segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Discurso do Rei

Histórias de superação quase sempre dão bons filmes. E que extraordinária história é contada em "O Discurso do Rei", dirigido por Tom Hooper e produzido pelos antigos donos da Miramax, os irmãos Bob e Harvey Weinstein.

São os anos 30, na Inglaterra. O Duke de York, Albert (Colin Firth), tem um problema que o acompanhou a vida inteira: ele é gago. No início do filme, ele tenta, sem sucesso, fazer um discurso em um evento esportivo. Ele não é o primeiro na linha de sucessão do rei George V (Michael Ganbom) mas, como príncipe, sua gagueira é um problema nestas ocasiões públicas. Após vários médicos falharem em curá-lo, sua esposa Elizabeth (Helena Bonhan Carter) encontra Lionel Logue (Geoffery Rush), um terapeuta australiano com um método particular de corrigir defeitos de fala. Para Lionel, o problema não é apenas físico, mas emocional. Mas como conseguir uma relação pessoal com um príncipe da Inglaterra?

Geoffrey Rush (um dos produtores do filme) interpreta Lionel como um homem extremamente seguro de si e que se torna o único "homem comum" a tratar o Duque de York de igual para igual. Ele insiste em chamá-lo de "Bertie" (diminutivo de Albert) e exige ser chamado pelo primeiro nome. Colin Firth, também excelente, interpreta um homem que foi a vida toda colocado para baixo pelo pai George e pelo irmão mais velho, David (Guy Pearce), que caçoava de seu defeito de fala. Aos poucos, Lionel consegue revelar os medos interiores do príncipe e mostrar que ele, na verdade, pode estar destinado a se tornar o futuro rei da Inglaterra. Ele não é o único a pensar assim. Após a morte de George V, David foi coroado com o rei Eduardo VIII, mas sua insistência em se casar com uma mulher divorciada causa desconforto na corte e na política britânica. Além disso, na Alemanha, Hitler está se revelando uma ameaça a toda Europa, e David não parece capaz de lidar com isso. O Duke de York, assim, acaba subindo ao trono como o rei George VI, às portas do início da II Guerra Mundial.

Todos estes nomes e fatos podem parecer confusos, mas o roteiro de David Seidler deixa tudo muito claro. O foco está na relação pessoal entre o terapeuta e seu paciente nobre que, de repente, tem que fazer seu primeiro pronunciamento à nação: a declaração de guerra à Alemanha nazista. Tecnicamente impecável, "O Discurso do Rei" tem bela fotografia de Danny Coen, que usa o foco para destacar seletivamente partes da imagem. A trilha original é de Alexander Desplat, mas se faz também bom uso de músicas clássicas de Mozart e Beethoven. O roteiro abre espaço para mostrar o relacionamento de Lionel com a esposa e os filhos, assim como os bastidores da família real britânica. Mas é nos diálogos (às vezes duelos verbais) entre Geoffrey Rush e Colin Firth que o filme tem seus melhores momentos.

"O Discurso do Rei" venceu (em 22 de janeiro) o Producer´s Guild Award; nos últimos três anos, o vencedor deste prêmio também levou o Oscar de Melhor Filme. Colin Firth ganhou o Globo de Ouro como melhor ator em drama. O filme se torna, assim, o principal concorrente de "A Rede Social" no próximo dia 27 de fevereiro, dia da entrega do Oscar.

Atualização: "O Discurso do Rei" foi o recordista de indicações ao Oscar deste ano, concorrendo a Melhor Filme, Diretor (Tom Hooper), Roteiro Original (David Seidler), Ator (Colin Firth), Atriz Coadjuvante (Helena Bonhan Carter), Ator Coadjuvante (Geoffrey Rush), Direção de Arte, Fotografia (Danny Coen), Figurino, Edição (Montagem), Trilha Sonora (Alexander Desplat) e Mixagem de Som.


3 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

Rapaz, tudo bem que eu já fico com pé atrás, por ser filmde de oscar, filme de época, filme de superação, filme de gago eh eh, mas mesmo que tu chame o filme de 'impecável', não vejo nada no teu comentário que de dê vontade de ver esse filme ou achar que merece ganhar Oscar.A credito que seja bom, simpático, 'filme com emnsagem', mas pra ser esquecido rápido. Será lembrado como 'aquele filme que ganhou o Oscar'...

João Solimeo disse...

"A Rede Social" é um filme mais vibrante, atual e relevante, e merece o Oscar de Melhor Filme de 2010. Mas tenho um "fraco" por esses filmes ingleses que lembram aquelas boas minisséries exibidas pela TV Cultura (São Paulo) nos bons tempos.

Bruno Gâmbar0 disse...

Meu primo já baixou na internet esse filme e disse que é muito bom. E olha que ele é beemmm crítico pra filmes!