sábado, 4 de junho de 2011

X-Men: Primeira Classe

A série de filmes "X-Men" começou em 2000 em filme dirigido por Bryan Singer. A produção já mostrava que os estúdios Marvel estavam falando sério ao transpor o universo de mutantes dos quadrinhos para o cinema. O elenco, em especial, chamava a atenção. Patrick Stewart (que já havia sido o capitão Jean-Luc Piccard na série Star Trek: A Nova Geração) interpretava o mentor dos mutantes "do bem", Charles Xavier, e Ian McKellen era Magneto, o chefe dos mutantes "do mal". Hugh Jackman era o carismático Wolverine e atores e atrizes como Famke Janssem, Halle Berry, James Marsden, Brian Cox, entre outros, completavam o time. "X-Men 2" (2003) era melhor que o primeiro e avançava na metáfora de racismo e homofobia que os mutantes claramente representavam. A série ainda contou com "X-Men 3" (dirigido por Brett Ratner), que era mais do mesmo, e com um filme feito sobre Wolverine (2009), que era particularmente ruim.

"X-Men: Primeira Classe" embarca na nova fórmula descoberta por Hollywood para explorar suas "franquias", as "prequels". Ao contrário de uma "sequel" (continuação), a "prequel" é um filme que mostra eventos anteriores às histórias originais. Pelo lado bom, é uma forma de mostrar a origem dos personagens e, quando bem feito, de melhor aprofundá-los. Pelo lado ruim (como foi o caso de "Wolverine"), pode ser apenas um caça-níqueis que se aproveita dos filmes originais para se promover, além de um elenco novo, e mais barato, para o estúdio explorar. "Primeira Classe" está em um estágio intermediário entre estas duas possibilidades. Apesar de se propor a mostrar a origem dos "X-Men" como um todo, o filme está claramente focado no personagem de Erik Lehnsherr, o Magneto, interpretado pelo alemão Michael Fassbender. Sua história é contada desde 1943, quando Erik era um garoto judeu que é separado da mãe pelos nazistas. A cena, aliás, já havia sido mostrada em flashbacks dos filmes anteriores, mas a situação é estendida. O pequeno Erik, quando está com raiva, mostra ser capaz de atrair e mover objetos de metal, o que atrai a atenção de Sebastian Shaw, um nazista interpretado por Kevin Bacon. A cena em que Shaw mata a mãe de Erik retrata bem os problemas de "Primeira Classe". A boa carga emocional é atrapalhada por erros ridículos (a fúria de Erik destrói todo um laboratório, mas não quebra paredes de vidro, por exemplo). Esta combinação de seriedade com amadorismo permeia todo o filme (dirigido por Matthew Vaughn, de "Kick-Ass").

Da II Guerra Mundial, a trama pula para os anos 60 e para a "Crise dos Mísseis" entre a antiga União Soviética e os Estados Unidos. Shaw, que se tornou um vilão mais ao estilo de James Bond, quer destruir todos os humanos "normais" em uma guerra nuclear entre as duas superpotências. Charles Xavier (o bom James McAvoy) é um estudioso de genética da Universidade de Oxford que é contratado pela CIA para combater os comunistas e, de quebra, encontrar e recrutar a nova raça de mutantes que está surgindo no planeta. "Primeira Classe" é muito bom quando foca na relação complicada entre Xavier e Magneto. Os dois têm inteligência acima da média e vários pontos em comum, mas são separados pela grande mágoa e sede de vingança carregadas por Erik. O filme é ruim, quase patético, no recrutamento e seleção dos outros mutantes, todos jovens, e na infeliz composição do vilão criado por Kevin Bacon; Sebastian Shaw (que, com o auxílio de outro mutante poderia ir de um ponto a outro do planeta) passa grande parte do filme navegando em um submarino que, vale repetir, parece vir diretamente de um filme de James Bond, com grandes salas decoradas e garotas mutantes em trajes mínimos. A "vida real", representada pela Crise dos Mísseis, Cuba, o Presidente Kennedy, etc, é misturada com a trama dos mutantes com resultados que variam, novamente, do ótimo ao patético, culminando com uma batalha final espetacular e absurda (que conta com a presença do ator Michael Ironside em uma ponta).

"X-Men: Primeira Classe", apesar de interessante, é bastante irregular. As inevitáveis continuações, talvez, acertem o passo.


2 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

Talvez aquelas paredes de vidro dos nazistas sejam à prova de tiros e quebra... e Magneto só mexe com metal eh eh Quer dizer, é fácil justificar um erro besta assim. Mas se o vilão fosse de um lugar pro outro num PLIM! a gente não teria o submarino! kkkkk Quanto aos mutantes teen que parecem tirados de um High School Musical, eu entendo que essa primeira geração de x-mutantes é resultado de algum efeito obscuro de experimento atômico nuclear no planeta Terra eh eh e só tnha mutantes novinhos mesmo (tentaram rejuvenescer Wolverine, deu muito certo não, mas é só uma ceninha!). Que mais? Bem, eu não me incomodo muito com verossimilhança num filme desses. O que importa é que Fassbender e McAvoy sáo biscoito fino e a historinha é divertida :) E Rose Byrne, vixe maria, é uma lindeza só. Abraçao!

João Solimeo disse...

Pois é, hehe, não dá para ficar prestando atenção muito à verossimilhança, mas a cena do vidro achei bem ruim; podiam ser à prova de balas, mas o batente da porta é de madeira, hehe, e Kevin Bacon a empurra como se não houvesse acontecido nada. E porque Erik não aproveitou para matá-lo naquela hora? E como eles se separaram? Porque foi tão fácil para Erik achar os outros nazistas e não o Kevin Bacon, e bla bla bla, rs.
O elenco é realmente bom e as melhores partes são entre McAvoy e Fassbender. Kevin Bacon nunca foi grande ator, e achei patético neste.