segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Os Escolhidos

Filmes de terror têm vários clichês. O mais irritante, provavelmente, seja aquele em que uma família se recuse a sair de casa quando algo muito estranho e perigoso está acontecendo. Eles não têm família? Amigos? Eles não têm...medo? Claro que se as pessoas agissem de forma racional em filmes deste tipo eles simplesmente deixariam de ser feitos; e há provavelmente certo prazer sádico na platéia em ver, na segurança do cinema, pessoas pagarem por seus erros estúpidos na tela.

"Os Escolhidos" está mais para a ficção-científica, embora utilize de todos os truques e sustos de um filme de terror. Um dos problemas deste filme é a total falta de originalidade. Substitua os fantasmas de "Poltergeist" (1982, oficialmente dirigido por Tobe Hooper, dirigido de fato por Steven Spielberg) por aliens, pegue os subúrbios americanos de "E.T." (1982, Spielberg novamente), com garotos andando de bicicleta e bandeiras americanas nas sacadas, misture com várias pitadas de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (1977, sim, de Steven Spielberg), adicione "Sinais" (2002, M. Night Shyamalan, inspirado por Spielberg) e qualquer episódio genérico de "Arquivo X" e você tem "Os Escolhidos".

O casal Daniel (Josh Hamilton) e Lacy (Keri Russell) Barrett estão a um passo de uma crise conjugal. Ele está desempregado e ela é uma corretora de imóveis que tenta vender uma casa (um elefante branco) sem sucesso. A falta de dinheiro começa a se fazer sentir no relacionamento, as pressões aumentam e as brigas se tornam frequentes. O casal tem dois filhos; Jesse (Dakota Goyo, o bom ator mirim de "Gigantes de Aço") está com 13 anos e demonstra os problemas da adolescência. Ele tem um amigo mais velho que não é flor que se cheire e uma paixão confusa (embora correspondida) por uma garota da vizinhança. (leia mais abaixo)


Os problemas começam quando Sam (Kadam Rockett), o filho mais novo do casal, começa a ter alguns pesadelos estranhos com um "ser" desconhecido. Seriam mesmo pesadelos? A mãe acorda durante a noite e encontra comida espalhada pelo chão. Em outra noite, alguém ou alguma coisa montou formas geométricas sobre a mesa da cozinha. Todas as fotos desaparecem dos porta retratos. Os alarmes da casa disparam de forma errática e a polícia está cética. Certamente um dos garotos está fazendo tudo isso?

Apesar da total falta de originalidade, é fato que o diretor/roteirista Scott Stewart, auxiliado por um bom elenco (Keri Russell está particularmente bem) consegue criar um suspense eficiente durante a longa exposição que estabelece a trama do filme. Há cenas bem feitas e os sustos são garantidos. O problema é que o filme começa com uma citação do escritor Arthur C. Clarke sobre extraterrestres (dizendo que tanto o fato deles existirem ou de estarmos sozinhos é assustador), então o espectador não tem que pensar muito sobre "quem" está causando os fatos estranhos experimentados pelos Barrett. E quando um "especialista" (vivido pelo ótimo J.K. Simmons, na melhor cena do filme) explica à família sobre "Greys" e outros tipos de "homenzinhos verdes", Stewart não sabe o que fazer com sua história. O final, apesar de uma tentativa do roteirista de criar uma "surpresa", não consegue salvar o filme. Melhor passar em uma locadora ou abrir a Netflix e assistir a todos os filmes que serviram de inspiração para este.

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