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domingo, 24 de julho de 2022

Agente Oculto (The Gray Man, 2022)

 
Agente Oculto (The Gray Man, 2022). Dir: Joe e Anthony Russo. Netflix. Este é supostamente o filme mais caro produzido pela Netflix, coisa de 200 milhões de dólares. O elenco é bom, Ryan Gosling, Ana de Armas, Chris Evans, Alfre Woodard, Billy Bob Thornton... até nosso Wagner Moura aparece em uma sequência. Se gastaram 200 milhões de dólares mesmo não sei, só sei que o resultado parece muito mais barato. Este é daqueles filmes em que, de dez em dez minutos, aparece um título na tela dizendo coisas como "Bangkok", "Langley", "Praga", "Croácia", e assim por diante, dando a impressão de ser mais um filme de turismo do que de espionagem. A direção é dos irmãos Russo, responsáveis por vários filmes da Marvel como "Capitão América: Guerra Civil" e os últimos dos "Vingadores". O problema é que, naqueles filmes, eles eram só uma pequena engrenagem em um grande universo da Marvel, controlado a mão de ferro pelo produtor Kevin Feige. Sozinhos, eles não são grande coisa.


Então "Agente Oculto" é ruim? Não exatamente, o elenco é bom e carismático o suficiente para manter a atenção e há algumas boas cenas de ação mas, no geral, é aquela correria de sempre. Há vários daqueles clichês como uma luta no compartimento de carga de um avião militar, em pleno voo, resultando em explosões e queda de pressão da aeronave. Há também a obrigatória sequência em um trem, com direito a ver Ryan Gosling correndo em cima dos vagões e saltando para uma Ferrari em movimento. Ana de Armas, que recentemente esteve em um filme de James Bond, faz o que pode aqui em uma versão B deste tipo de filme. Há diversos planos feitos por um drone que voa a toda velocidade, circulando em volta dos atores ou cenas de explosões. A trama? Bom, não importa muito, é só algo que acontece entre uma cena de ação e outra. A Netflix tem enfrentado perdas constantes no número de assinantes e está apelando para fiscalizar (e cobrar) compartilhamento de senhas e até estuda colocar propagandas na programação. Poderia, talvez, parar de gastar 200 milhões de dólares em filmes clichês como este. Tá na Netflix.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Juiz

"O Juiz" é um drama; é também um filme sobre família, sobre divórcio, sobre voltar para casa, sobre amores antigos e sobre o atrito entre pais e filhos. Como se não bastasse, é também um suspense e um filme de tribunal. Tudo isso se desenrola de forma nem sempre harmoniosa em longos 141 minutos, mas o elenco é bom, a parte técnica é competente e o filme tem tão boas intenções que, no fim das contas, o saldo é positivo.

Hank Palmer (Robert Downey Jr, excelente) é um advogado bem sucedido e antiético. Ele está defendendo um crápula qualquer na cidade grande quando recebe um telefonema. Sua mãe faleceu e ele tem que abandonar tudo e partir para a cidade natal. Antes dele partir, porém, ficamos sabendo que ele tem uma filha que o ama muito e uma esposa de quem está se divorciando.

Palmer volta então para Carlinville, Indiana, onde o funeral da sua mãe o espera. Mas ele parece mais preocupado com o fato de que vai reencontrar o pai, o venerável Juiz Palmer (Robert Duvall, em interpretação que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de coadjuvante) do que com a morte da mãe. Os dois não se falam há anos por causa de problemas no passado. Hank tem um irmão mais velho, Glenn (Vincent D´Onofrio) e outro mais novo, Dale (Jeremy Strong), que tem deficiência intelectual e está sempre com uma câmera de Super-8 nas mãos. (leia mais abaixo)


Até este ponto imaginamos que vamos ver um típico filme de reunião de família. Hank passeia pela cidade natal, encontra uma ex-namorada (Vera Farmiga, de "Amor sem Escalas") e, com o corpo da mãe ainda quente, entra em discussões com o pai. É então que, em uma reviravolta, o filme familiar se transforma em um filme policial. Um ciclista é encontrado morto atropelado na estrada. Ele havia sido julgado pelo Juiz Palmer há mais de vinte anos em um caso complicado que terminou em assassinato. A polícia vai investigar e encontra o carro do Juiz todo amassado e com manchas de sangue. Entra então o filme de tribunal, em que tanto Hank quanto o pai têm que engolir o orgulho e trabalhar juntos para convencer o juri de que o Juiz não é culpado.

"O Juiz" é dirigido por David Dobkin com roteiro de Nick Schenk e Bill Dubuke. O filme tem uma aparência incrível, cortesia da direção de fotografia de Janusz Kaminski, tradicional colaborador de Steven Spielberg. Kaminski adora raios de luz que criam sombras dentro do tribunal, iluminam o rosto dos atores ou são lançados pelo projetor de Super-8 de Dale. A interpretação de todo o elenco é impecável; é bom ver Robert Downey Jr fora do uniforme do "Homem de Ferro" de vez em quando. Billy Bob Thornton faz uma participação como o advogado de acusação e vários coadjuvantes são conhecidos por quem é fã de cinema.

Pena que o roteiro queira abraçar o mundo. Há subtramas demais (inclusive um caso de paternidade que pode significar um incesto por parte de Hank) e momentos claramente construídos para tirar uma lágrima do espectador. É um mau filme? Longe disso. Basta não ter pressa, apreciar as interpretações e não levar a trama criminal muito a sério.

João Solimeo
Câmera Escura