Sylvester Stallone e um impressionante grupo de atores do cinema "macho" voltam ano que vem no terceiro filme da franquia "Os Mercenários". O episódio vai trazer atores do calibre de Harrison Ford, Mel Gibson e Antonio Banderas, além de Wesley Snipes, Jet Li, Jason Statham, Arnold Swarzenegger, Dolph Lundgren e muitos outros. Haja testosterona.
O teaser, curto e simples, mostra o elenco ao som da trilha de "A Ponte do Rio Kwai", clássico de David Lean de 1957.
Em uma cena de "Rambo II", de 1985, Sylvester Stallone está em um barco com uma agente vietnamita. Ela lhe pergunta o porque dele ter sido enviado para lá. Ele responde que ele é "expendable" (dispensável, desnecessário). Vinte e cinco anos depois, Stallone está de volta em um filme chamado "The Expendables" (chamado aqui de "Os Mercenários"), que é um curioso exemplo de filme anacrônico, espécie de homenagem aos filmes "macho" dos anos 1980. Stallone recentemente trouxe de volta os personagens que fizeram sua carreira, como Rocky e o próprio Rambo. Desta vez é como se ele tivesse resolvido fazer o filme "macho" por excelência, reunindo em uma só produção praticamente todos os atores de ação de hoje e de ontem. Só faltaram Jean-Claude Van Damme, Steven Seagal e Chuck Norris. Há mais testosterona (embora um tanto envelhecida) na tela de "Os Mercenários" do que em um Maracanã lotado.
Stallone também trouxe de volta um olhar xenófobo e etnocêntrico com relação a tudo que não é americano e não seja falado em inglês. No mundo preto e branco que vivíamos na Era Reagan de Rambo, não havia lugar para o meio termo. Bush Jr e o 11 de setembro recuperaram um pouco deste olhar.
"Os Mercenários" tem Sylvester Stallone como produtor, ator, roteirista e diretor, fazendo dele um dos casos mais estranhos de "cinema autoral" de todos os tempos. A seu lado temos astros da pancadaria como Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgreen, Steve Austin e Randy Couture, além de Mickey Rourke e Eric Roberts. E há uma cena que seria bem mais interessante se o trailer não a tivesse mostrado tanto, que junta na mesma tela Sylvester Stallone, Arnold Swarzenegger e Bruce Willis. Stallone e Swarzenegger eram "rivais" do cinema brucutu com seus Rambos, Comando, Conan, Rocky e Exterminador. Bruce Willis foi lançado ao estrelato com a série "Duro de Matar", também retomada recentemente.
Em meio a todo este "renascimento" oitentista fica difícil imaginar um roteiro que fosse de alguma forma original, e o que Stallone apresenta em "Os Mercenários" é rigorosamente clichê. Os mercenários do título são contratados por um homem misterioso (Bruce Willis) para derrubar (em outras palavras, matar) um ditador de uma ilha na América Central. O grupo de Stallone vai até a ilha e ele é recebido por uma bela mulher local, interpretada pela brasileira Giselle Itié. Tanto o ditador quando seus homens são patéticos, abusando da população local e servindo de capacho para um ex-agente da CIA interpretado por Eric Roberts.
E não há muito mais o que falar do roteiro. Há as perseguições, cenas de luta e tiroteio esperadas. Em alguns momentos se tenta explorar o carisma do elenco (sendo que Statham e Jet Li são os que se saem melhor). Mickey Rourke faz uma espécie de figura paterna, o homem sábio a quem Stallone recorre quando precisa filosofar sobre a vida. É na oficina de tatuagem de Rourke, aliás, que todos se reúnem para agir como "homens", falar alto, exibir os músculos e brincar com facas. Várias sequências foram filmadas no Brasil e, recentemente, Stallone cometeu uma gafe ao querer elogiar o país; muitos, sofrendo de complexo de vira-lata, ficaram ofendidos, prometendo boicotar o filme. A julgar pela sala lotada, isso foi esquecido.