Mostrando postagens com marcador mel gibson. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mel gibson. Mostrar todas as postagens

domingo, 22 de outubro de 2023

O Som da Liberdade (Sound of Freedom, 2023)

O Som da Liberdade (Sound of Freedom, 2023). Dir: Alejandro Monteverde. O filme vem cercado de tantas polêmicas que fica difícil julgá-lo por seus próprios méritos (ou falta deles). Produção de baixo orçamento, financiado por uma penca de produtores executivos (um deles é Mel Gibson) e por milhares de apoiadores (que estão nos créditos finais), "Som da Liberdade" surpreendeu ao bater pesos pesados de Hollywood nas bilheterias americanas, rendendo mais de 200 milhões de dólares (para um orçamento de menos de 15 milhões).

A trama tenta te pegar pela emoção. O assunto, pesado, é o tráfico sexual de crianças, e Jim Caviezel (que interpretou Jesus em pessoa no "Paixão de Cristo" de Gibson) é um agente americano que pede demissão para tentar resgatar crianças na Colômbia. O ritmo é bem lento e o roteiro é cheio de monólogos falando o óbvio ("traficar crianças é ruim"). Caviezel, com seu cabelo loiro e olhos claros, está quase sempre quieto, à beira das lágrimas. Sua esposa é interpretada por Mira Sorvino, que mal fala dez frases o filme todo, a típica esposa fiel e silenciosa do herói americano.

Como filme, "Som da Liberdade" é um thriller lento e não muito inspirado. Há algumas boas cenas interpretadas por Bill Camp (sempre bom coadjuvante) e o garoto que interpreta uma das crianças raptadas (Lucás Ávila) é bastante bom. De resto, é bem quadradinho. Há uma cena de resgate bem difícil de acreditar e tão rápida que parece que ficou faltando alguma coisa na edição. A "polêmica" ficou por conta das manifestações políticas de Jim Caviezel e pela associação com teorias da conspiração que inflamaram a briga esquerda x direita nos EUA (e no resto do mundo). Como cinema, é filme para passar no Supercine.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, 2016)

O sangue tem um papel muito importante em "Até o Último Homem", o primeiro filme dirigido por Mel Gibson em dez anos. Quando Desmond Doss (Andrew Garfield) conhece a mulher que vai ser sua futura esposa, ele está coberto do sangue de um rapaz que havia sofrido um acidente. Ela é enfermeira e ele se apaixona imediatamente; para ficar um pouco mais de tempo com ela, diz que veio doar sangue. No primeiro encontro dos dois, no cinema, ele pergunta qual a diferença entre uma veia e uma artéria.

Mel Gibson, super astro de filmes de ação dos anos 1980 ("Mad Max", "Máquina Mortífera") e diretor vencedor do Oscar nos anos 1990 ("Coração Valente") ficou na "geladeira" em Hollywood por vários anos por conta de declarações racistas e anti semitas. O antigo galã de filmes de ação revelou um lado religioso até então desconhecido no blockbuster "A Paixão de Cristo" (2004) em que a morte de Jesus foi mostrada da forma mais sangrenta da história do cinema. Em 2006, lá estava o sangue presente em abundância nos sacrifícios humanos de "Apocalypto". Gibson retorna como grande diretor em um belo filme de guerra, naturalmente coberto de sangue, que conta a história real de Desmond Doss (Garfield), um Adventista do Sétimo Dia que, na 2ª Guerra Mundial, se recusou a tocar em armas. É o tema perfeito para o retorno de Mel Gibson, um filme que mistura religião, sacrifício e muita, muita violência.

Desde "O Resgate do Soldado Ryan" (Steven Spielberg, 1998) que a guerra não era mostrada de forma tão gráfica. Ao contrário do filme de Spielberg, Gibson não mergulha imediatamente na carnificina. O filme passa um bom tempo mostrando a vida de Doss antes da guerra, na Virgínia, em que as belas paisagens campestres contrastavam com a violência doméstica causada pelo pai bêbado (Hugo Weaving, em boa interpretação). Há também um bom período passado no treinamento no quartel e na luta ético/jurídica que Desmond enfrentou por causa de sua decisão de não só se recusar a matar, mas em sequer tocar em uma arma. Um bom grupo de coadjuvantes (liderado por Vince Vaughn e Sam Worthington) interpreta os companheiros de farda de Desmond e, a princípio, concordamos com eles que a atitude de Desmond parece uma maluquice. O bom roteiro e principalmente a interpretação de Andrew Garfield, porem, acabam por convencer a todo mundo que talvez exista lugar no campo de batalha para alguém que, ao invés de matar, quer salvar vidas (Desmond havia se alistado como médico, embora não fique muito claro o nível de conhecimento exigido para o trabalho, já que o filme o mostra como um auto-didata esforçado).

A carnificina começa quando os soldados desembarcam em Okinawa, Japão, e enfrentam um inimigo violento e obstinado. Gibson não desvia a câmera ao mostrar centenas de soldados sendo baleados, mutilados, atravessados por baionetas ou explodidos por granadas. Há um bocado de cenas mostrando vísceras e membros humanos espalhados pelo campo de batalha. Curiosamente, a origem sulista e o modo simples de Desmond Doss me lembrou de Forrest Gump. A sequência passada na Guerra do Vietnam, quando Gump volta continuamente para o campo de batalha para buscar companheiros feridos, aliás, parece uma sinopse do terceiro ato de "Até o Último Homem". A diferença é que Gump era um "idiota" que agia (ou melhor, reagia) ao mundo de forma inocente e sem conhecer as consequências de seus atos, enquanto que Doss sabe o inferno em que está se metendo cada vez que retorna para buscar mais um ferido.

"Até o Último Homem" foi indicado a seis Oscars, incluindo "Melhor Filme", "Melhor Diretor" (Gibson) e "Melhor Ator" (Garfield). 

João Solimeo

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

"Os Mercenários 3", veja o teaser

Sylvester Stallone e um impressionante grupo de atores do cinema "macho" voltam ano que vem no terceiro filme da franquia "Os Mercenários". O episódio vai trazer atores do calibre de Harrison Ford, Mel Gibson e Antonio Banderas, além de Wesley Snipes, Jet Li, Jason Statham, Arnold Swarzenegger, Dolph Lundgren e muitos outros. Haja testosterona.

O teaser, curto e simples, mostra o elenco ao som da trilha de "A Ponte do Rio Kwai", clássico de David Lean de 1957.

Câmera Escura

Confira.

domingo, 9 de junho de 2013

Depois da Terra

Mil anos depois que a Terra foi abandonada, os últimos seres humanos estão vivendo na colônia de Nova Prime. A Humanidade teve de abandonar o lar original depois de ter exaurido todos os recursos naturais. A vida em Nova Prime tambén não é fácil, já que uma raça alienígena começou a atacar os seres humanos com animais assassinos geneticamente fabricados chamados "Ursa" que, apesar de serem cegos à luz, podem sentir a presença de feromônios do medo no ar. Só um soldado incapaz de sentir medo poderia se tornar um "fantasma" e não ser visto pela "Ursa". Ele é o general Cypher Raige (Will Smith, "Eu sou a Lenda", "Eu, Robô"), um "Ranger" exemplar, mas péssimo pai. Seu filho Kitai (Jaden Smith, "Karate Kid"), sofre com a indiferença paterna e com o trauma de ter visto a irmã ser morta por uma "Ursa". O destino faz com que um dia, em uma viagem interplanetária, a nave em que pai e filho se encontram sofra um acidente, caindo no esquecido planeta Terra, mil anos depois de ter sido abandonado.

sábado, 26 de maio de 2012

Plano de Fuga

O que aconteceu com Mel Gibson? O ator foi um dos maiores astros dos anos 80, quando fez filmes de ação de boa qualidade como Mad Max  (George Miller, 1979), e a série Máquina Mortífera (Richard Donner, 1987), e bons dramas como "O ano em que vivemos em perigo" (Peter Weir, 1982) e "O Motim" (Roger Donaldson, 1984). Nos anos 90, interpretou o "Hamlet" na versão de Franco Zeffirelli e chegou a ganhar um Oscar como melhor diretor pelo épico "Coração Valente" (1995). Também como diretor, ousou com uma versão falada em aramaico no ultraviolento "A Paixão de Cristo" (2004), que levou milhões de católicos ao cinema. Foi então que Gibson soltou algumas declarações à imprensa que foram interpretadas como antissemitas. Também foi acusado de bater na esposa, foi preso por dirigir embriagado e cometeu uma série de delitos e deslizes que causaram o afastamento do seu público e o ostracismo em Hollywood. Seu último filme, o drama "Um Novo Despertar" (dirigido e estrelado por Jodie Foster em 2011) foi um desastre nas bilheterias.

Chegamos então a "Plano de Fuga" ("Get the Gringo"), filme de ação que Gibson atuou, produziu e é co-escritor do roteiro. Impossível assistir ao filme sem fazer uma ligação com a vida pessoal do astro. O filme é cru, gravado com uma fotografia digital suja e passado em um México visto pelos olhos racistas de um americano. Mel Gibson parece dizer ao mundo que não liga para as críticas negativas ou aos rumores que dizem que ele sofre de um transtorno bipolar não tratado. Tudo isso seria irrelevante se o filme fosse bom, o que não é o caso. Ele já começa com uma cena clichê de perseguição em que Gibson e um comparsa estão fugindo de policiais na fronteira com o México. Os bandidos estão usando máscaras de palhaço (outro clichê) e, em uma louca tentativa de escapar, Gibson voa com o carro através do muro de proteção que divide EUA e México, aterrissando nas mãos de um grupo de policiais mexicanos corruptos. Ele então vai parar em uma prisão de Tihuana chamada "El Pueblito", uma mistura de penitenciária com favela, em que os presos dividem espaço com as esposas e filhos, além de dezenas de traficantes comandados pelo chefão Ravi (Daniel Giménez Cacho). A ação do início é substituída por um período enfadonho em que, na falta de uma técnica cinematográfica eficiente, o personagem de Gibson tem que narrar em off tudo o que passa por sua cabeça. Ele é um "gringo" que, com seus olhos azuis e pose arrogante, consegue passar despercebido a ponto de atear fogo no ponto de drogas do presídio para roubar uns trocados.

E há a trama que envolve um garoto (Kevin Hernandez, em boa interpretação) de dez anos que se aproxima de Gibson e forma uma parceria, levando o politicamente incorreto  a um novo nível. O garoto bebe, fuma, fala palavrões, é filho de uma prostituta e tem planos de matar Ravi, o chefão, porque seu tipo sanguíneo raro é compatível com o dele. Ravi teria matado o pai do garoto por causa de seu fígado, e estaria mantendo o garoto vivo para o mesmo fim. "Plano de Fuga" poderia ter sido uma comédia "trash" interessante com este roteiro e é uma pena que Gibson a tenha interpretado como se fosse sério. O filme não foi lançado nos cinemas nos Estados Unidos, sendo vendido diretamente ao espectador por um sistema de "video on demand", que ainda está sendo testado, e depois irá direto para Blu-Ray e DVD. Sem dúvida vai encontrar púbico entre os fãs de filmes B de ação e violência, mas a estrela de Mel Gibson, provavelmente, vai continuar em baixa. Visto no Kinoplex Campinas.

sábado, 28 de maio de 2011

Um Novo Despertar

Fosse este um filme bizarramente genial de Charlie Kaufman ou uma comédia dos irmãos Farrelly (estrelada por Jim Carey) talvez o resultado tivesse sido melhor. Mas "Um Novo Despertar", apesar da premissa aparentemente radical, é tão quadrado quanto seu título brasileiro. O filme é estrelado e dirigido por Jodie Foster e traz no papel principal ninguém menos que Mel Gibson, que um dia já foi garantia de bilheteria; ultimamente, por conta de uma série de declarações e atitudes infelizes, o ator e diretor tem estrelado mais páginas policiais e de fofocas do que em obras cinematográficas.

Gibson é Walter Black, dono de uma empresa de brinquedos que está sofrendo de depressão. Passa os dias em um estupor constante que aliena a esposa Meredith (Foster) e os filhos Porter (Anton Yelchin, de Star Trek) e Henry (Riley Thomas Stewart). Um dia a esposa finalmente o coloca para fora de casa e Black decide se matar em um quarto barato de hotel. Ele é salvo no último minuto por uma voz estranha que, aparentemente, vem de um boneco de castor que Black havia colocado no braço, minutos antes, bêbado. O castor "fala" através de Gibson, que usa um falso sotaque britânico que me lembrou uma imitação de Michael Caine. Salvo da morte pelo castor, Walter Black volta para casa e, com a facilidade e didatismo típicos de um filme "família" americano, consegue conquistar o filho mais novo e a esposa, a quem diz que o castor é uma terapia nova implementada por seu psiquiatra.

A premissa não é ruim. A mente humana é inventiva e lida com problemas psíquicos de diversas formas. Mel Gibson, além de bom ator, já interpretou diversos "malucos" anteriormente, do policial Riggs na série Máquina Mortífera e o publicitário de "Do que as mulheres gostam" até o príncipe da Dinamarca, Hamlet, em filme de Franco Zefirelli. A idéia de um homem depressivo que só consegue se comunicar através de um boneco não é ruim, o problema é que o filme não consegue fugir do típico drama familiar americano. O personagem de Gibson, sempre falando pelo castor, faz uma reunião com os funcionários de sua empresa de brinquedos e lhes propõe uma reformulação geral. Em poucas semanas, milagrosamente, a companhia está vendendo milhões de dólares de um kit de madeira para crianças chamado, claro, de "O Castor".

Há uma subtrama, até mais interessante do que a principal, envolvendo o filho mais velho de Walter, Porter, e Nora (Jennifer Lawrence, de "Inverno da Alma") uma garota que é a primeira da sala. Ela quer pagar Porter para que ele escreva um discurso de formatura para ela. O rapaz (em outra "sacada" psicológica do roteiro) é bom em se fazer passar por outras pessoas e costuma cobrar para fazer os trabalhos dos companheiros de classe. Esta subtrama lembra um pouco "Beleza Americana"; até a mãe de Nora é interpretada pela mesma atriz que fazia a mãe fria e distante do rapaz no filme de Sam Mendes, Allison Janney.

O final chega até mais longe do que se poderia esperar de um filme como este, mas não resolve os problemas da produção. Há erros flagrantes de continuidade no roteiro e a trilha sonora de Marcelos Zarvos é melosa e soporífica. Dispensável.